Review Motorola Edge 20 Lite: poderia ser muito bom, poderia…

Dentre os três modelos Premium anunciados pela Motorola da linha Edge 20, o Edge 20 Lite é o mais simples e barato, mas obviamente, sofreu alguns downgrades em relação aos irmãos mais caros. Mas será que a diferença de preço vale a pena?

Motorola Edge 20 Lite – Construção e acabamento

O primeiro corte que o Edge 20 Lite sofreu é referente a sua construção. Ao invés de metal na moldura como os irmãos (e vidro no Edge 20 Plus) , ele traz um corpo inteiro de plástico.

Mesmo assim ele mantém uma boa construção e aspecto de celular premium. Continua também a curvatura na traseira o que garante uma excelente pegada ao smartphone.

Na traseira também há três câmeras, porém somente a principal é a mesma com 108 MP. Como as outras são mais simples, o módulo quadrado é ligeiramente menor. Visualmente falando acaba ficando mais bonito.

Para alegria de todos, ele vem com conector P2 na parte de baixo e também sua entrada USB-C e seu alto-falante, ele não possui som estéreo, ou seja, é o único falante.

Assim como os outros modelos, o leitor de impressões digitais fica na lateral, mesmo a tela sendo de OLED, a Motorola preferiu não usar um leitor embutido como o antecessor. Na lateral também ficam os botões de volume, enquanto o outro lado há a gaveta hibrída do SIM Card e cartão micro SD e o botão dedicado ao Google Assistente.

No geral, o smartphone é confortável de pegar pois pesa apenas 185 gramas e é fino com 8.5 mm. Como a traseira é curvada, facilita ainda mais.

Tela de OLED não decepciona

Ele mantém uma tela premium dos irmãos de OLED com resolução Full HD+. O que diferencia é apenas a taxa de atualização que é de 90 Hz, ao invés de 120 Hz. Porém, como já disse em outros reviews, a diferença entre 60 Hz e 90 Hz é muito nítida, já entre 90 Hz e 120 Hz é quase imperceptível.

A tela tem preto profundo, excelente contraste e ótimo brilho, mesmo usando sob o Sol.

Outro ponto que notei é que, diferente do Motorola Edge 20 do ano passado, a temperatura da tela está mais para tons quentes, o que achei ótimo. No modelo do ano passado é nítido o tom azulado do branco.

Câmeras

O único aspecto dele que não sofreu nenhuma perda frente aos modelos mais caros da família, é a câmera principal de 108 MP da Samsung. A propósito, ele tem exatamente o mesmo conjunto de três câmeras do Moto G60, modelo bem mais barato que ele por sinal, e até de alguns topos de linha da Xiaomi.

Porém, as fotos são inferiores a do Moto G60 e outros modelos que usam esse sensor. Mesmo sendo um sensor topo de linha, as fotos ficam abaixo de outros smartphones com o mesmo sensor. Isso ocorre pelo fato do processador MediaTek não ter um processamento de imagem a altura da Qualcomm, como do Snapdragon 732G que equipa o irmão Moto G60.

Isso não quer dizer que as fotos sejam ruins, o problema é que deveria entregar mais pelo valor agregado do Motorola Edge 20 Lite. As fotos na tela ficam excelentes, porém quando salvas, há perda de nitidez no processamento final. Mas, para uso geral, principalmente em redes sociais, as fotos não fazem feio.

A câmera ultrawide de 8 MP, que já não estamos mais falando de um sensor de topo de linha, gera imagens com considerável nível de ruído e distorções nas extremidades, porém, dentro da normalidade de câmeras ultra angulares de intermediários. O ponto positivo é que essa mesma lente faz fotos macros com boa qualidade, bem melhor que aquelas câmeras macros de 2 MP que são praticamente inúteis.

O terceiro sensor é apenas para efeito profundidade. Nesse quesito, o Motorola Edge 20 Lite se sai bem, fazendo um bom recorte de imagens.

Durante a noite, ele conta com o recurso Night Vision. É bom? Sim. É real? Não. O Night Vision transforma noite em dia com seu pós processamento. Em certas situações, isso é bem legal para destacar algum assunto especifico. Porém, para fotos onde se pega o céu, tudo fica muito artificial. É um recurso para se usar com moderação.

Com ele desativado, a câmera principal consegue fotos satisfatórias, mas poderia ficar melhor se a abertura fosse um pouco maior: f/1.9 já está acima do usado no mercado.

Já a câmera ultrawide durante a noite, só use se realmente precisar. As fotos ficam borradas e sem definição.

A câmera frontal é de 32 MP e a mesma usada nos três modelos. É uma câmera que capta bons detalhes e, principalmente durante o dia, consegue excelentes resultados. Só peca por não ter foco automático.

Ele grava vídeos em 4K com 30 fps ou Full HD com 60 fps. Como nenhuma das câmeras possui estabilização, os vídeos ficam bem tremidos. A qualidade, por outro lado, é bem competente principalmente gravando com 4K.

Hardware e bateria

A principal diferença entre os três modelos é o processador. O Motorola Edge 20 Lite é o único que traz um processador Mediatek, o modelo Dimensity 720 G. O processador não é ruim, porém esse processador não é para equipar modelos premium. Isso deveria impactar bem mais na diferença de preço dele, como veremos adiante.

Ele vem ainda com 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno, além de suportar expansão com cartão de memória de até 1 TB.

No geral o desempenho é bom. Mesmo em jogos mais pesados ele se saiu bem, mas abaixo de topos de linha.

Ficando na qualidade gráfica média, tanto no PUBG como no Call of Duty Mobile.

Como ele possui um processador mais fraco, esse fato por si só já tornaria ele melhor no quesito bateria. Mas a Motorola ainda colocou uma bateria maior com 5.000 mAh, para destacar ainda mais essa característica.

Consegui 12 horas de tela com ele, o que é excelente. No uso geral, a bateria zerou depois de 25 horas de uso no meu uso padrão, o que está a frente de todos os smartphones intermediário que já testamos em 2021.

Ready For capado

Os outros modelos são capazes de se conectarem a uma TV ou monitor, com ou sem fio, além do PC. Porém, o Edge 20 Lite se limita apenas a se conectar em um PC usando o cabo USB. Sinceramente, não é um recurso que você irá usar muito.

Software

Ele vem rodando o Android 11 e vem com a interface básica da Motorola, com as leves modificações dentro dos apps da empresa.

A Motorola promete atualizações até o Android 13 nesse modelo. Porém, estranhamente, a empresa não garante que irá mensalmente disponibilizar as atualizações de segurança do sistema, o que a maioria das marcas já fazem.

Vale a pena comprar o Motorola Edge 20 Lite?

Custando na faixa dos R$ 2.300, hoje, 23 de outubro de 2021, fica difícil indicar o Motorola Edge 20 Lite. O problema não é ele, mas sim a concorrência. Nessa mesma faixa de preço há no mercado dois smartphones que superam ele, os dois da Samsung.

Em primeiro temos o Galaxy S20 FE que é melhor em vários aspectos: construção, proteção IP68, hardware e câmeras. O Edge 20 Lite só ganha em bateria e na conexão 5G que na prática não existe no Brasil.

Agora, se a tela de 6,5 polegadas do S20 Fe por “pequena” para você, há o Galaxy A72 que tem processador melhor, câmeras melhores (e uma a mais) e ainda proteção IP68.  Porém também não tem 5G.

Agora, se você faz questão do 5G, há o Samsung Galaxy A52s que tem hardware melhor, câmeras melhores, proteção IP68, tela com 120 Hz de atualização e som estéreo além do 5G. O melhor: custa o mesmo preço.

Se você faz questão de ter um Motorola, é muito mais jogo comprar o Moto G60 que faz tudo o que o Edge 20 Lite faz, com desempenho melhor de câmeras e custa muito menos. Só perderá na tela e no 5G.