Em 2025, o Festival de Berlim apresentou um filme que mistura elementos de filmes de “excluídos sociais” com toques de Matrix e a tradição do espaguete no cinema. Como Ser Normal (How to Be Normal and the Oddness of the Other World), do cineasta austríaco Florian Pochlatko, aborda temas como saúde mental, identidade e desorientação na era digital. Prepare-se para uma experiência cinematográfica diferente e instigante.
Um olhar sobre Como Ser Normal
Imagine pegar um protagonista socialmente isolado, juntar um elenco peculiar, adicionar um sósia de Ed Sheeran e usar técnicas de câmera e edição nada convencionais. Misture tudo isso em diferentes gêneros e finalize com uma homenagem ao espaguete no cinema. Essa é a receita de Florian Pochlatko para Como Ser Normal.
O filme, que estreou no programa Perspectives do 75º Festival Internacional de Cinema de Berlim, explora a estranheza existencial e temas como saúde mental, identidade e a sensação de desorientação que muitos sentem na era digital.
De acordo com Pochlatko, o filme é sobre uma jovem chamada Pia, interpretada por Luisa-Céline Gaffron, que se sente incompreendida pela maioria das pessoas. Após receber alta de um hospital psiquiátrico, Pia precisa lidar com um novo emprego na empresa de seu pai, expectativas sociais, um coração partido e o estigma social, tudo isso enquanto toma seus remédios. As únicas pessoas com quem Pia realmente se conecta são seu vizinho de 12 anos, Lenni, e Ned, um rapaz que se parece muito com Ed Sheeran.
O diretor revela que sempre se interessou por pessoas “rebeldes”, que também apareceram em seus filmes mais curtos. Ele se sente atraído por essas pessoas e suas histórias.
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A estética visual e sonora do filme
Para dar vida à excêntrica Pia e à sua visão de mundo, Pochlatko colaborou com Adrian Bidron na cinematografia e Rosa Anschütz na trilha sonora. Ambos estavam fazendo sua estreia em longas-metragens narrativos. Bidron já era conhecido na Áustria por seu trabalho em fotografia, comerciais e videoclipes, inclusive para a vencedora do Eurovision, Conchita Wurst.
O cineasta queria trabalhar com pessoas talentosas que normalmente não teriam essa oportunidade. A colaboração entre eles foi fundamental para encontrar a estética visual e a atmosfera do filme.
O resultado é uma representação estilizada de um mundo à beira do caos. Pochlatko explica que queria criar um mundo artificial para refletir a sensação que as pessoas têm do mundo hoje. A ideia de que vivemos em uma simulação, impulsionada pela cultura da internet e pelo capitalismo tardio, o influenciou a criar um filme onde a distinção entre sonho e realidade se torna irrelevante.
Nesse contexto, Pochlatko destaca o interesse renovado em Matrix, com sua reflexão sobre o que é real. Ele não tem medo de abordar a era da pós-verdade, onde a emoção supera a realidade. Ele cita Donald Trump como um exemplo de alguém que entendeu que a verdade não importa mais, apenas as emoções.
O sósia de Ed Sheeran e a tradição do espaguete
Pia conhece Ned, interpretado por Wesley Joseph Byrne, que trabalha como limpador de ruas em Manchester. O diretor o encontrou após ler artigos sobre histeria coletiva em estádios de futebol na Inglaterra, onde as pessoas o confundiam com Ed Sheeran. Pochlatko viu nessa história uma conexão com o mundo levemente distorcido do filme.
O personagem de Ned se encaixa na psicologia de Pia, cujo ex-namorado também é músico. Pochlatko explica que queria que ela conhecesse alguém que fosse um músico ainda maior, como Ed Sheeran, para impressionar seu ex-namorado. Ele compara essa ideia à cena do Marshmallow Man em Os Caça-Fantasmas, onde o pensamento mais inofensivo se transforma em algo gigante. Ed Sheeran seria essa figura inofensiva e talentosa.
Outro elemento peculiar do filme é o espaguete. Pochlatko se descreve como um “nerd” de cinema e menciona uma cena memorável em que Pia come espaguete. Ele explica que existe uma “tradição do espaguete” no cinema, especialmente em filmes de diretores que ele admira, como Maren Ade (Toni Erdmann) e John Cassavetes (Uma Mulher Sob Influência). Ele também cita Gummo, de Harmony Korine, como outra influência.
Luisa-Céline Gaffron achou a cena do espaguete “bem intensa”, o que contribuiu para o destaque da cena. Uma homenagem ao espaguete que não entrou na versão final foi uma cena em que a mãe de Pia a chama de “espaguete”.
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Projetos futuros de Florian Pochlatko
O cineasta austríaco já está trabalhando em novos projetos. Ele menciona um filme influenciado pelo cinema de arte que se passa perto de onde cresceu, abordando temas como religião. Ele também espera conseguir financiamento para seu próximo longa-metragem, chamado Cover Song: Tales From the Land Before Our Time, que conta a história de três gerações de uma família na diáspora, com um pai que desapareceu há 10 anos e recomeçou a vida no Caribe.
O filme apresentado na Berlinale levanta muitas questões. O título Como Ser Normal surgiu durante a pandemia de COVID-19, inspirado por filmes de Hollywood e pelo músico Daniel Johnston. Pochlatko queria criar algo influenciado por Johnston, com a ideia de um “outro mundo” como força inspiradora.
O cineasta explica que, ao começar a trabalhar no roteiro em 2020, o título “Como Ser Normal” pareceu muito natural. Ele estava inseguro sobre o título, mas depois viu o sucesso de How to Have Sex, de Molly Manning Walker, o que o encorajou a seguir em frente. Além disso, ele se inspirou em títulos como Harry Potter e a Pedra Filosofal para transmitir a ideia de uma jornada.
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