O cancelamento do documentário de Prince na Netflix gerou polêmica e reacendeu o debate sobre liberdade artística e controle de narrativas. Ezra Edelman, diretor do projeto, não poupou críticas à decisão da plataforma de streaming, classificando-a como “uma piada” e demonstrando sua frustração com a situação. A controvérsia levanta questões importantes sobre os limites da produção documental e o poder dos detentores de direitos sobre a obra de artistas falecidos.
Diretor critica cancelamento do documentário de Prince na Netflix
Ezra Edelman, conhecido por seu trabalho em O.J.: Made in America, expressou sua decepção com o cancelamento do documentário sobre Prince pela Netflix. A decisão da plataforma de não lançar o projeto veio após alegações de que o filme incluiria relatos de abuso físico e emocional por parte do cantor.
Edelman, em entrevista ao Pablo Torre Finds Out, não hesitou em criticar a atitude da Netflix, chamando-a de “uma piada” e demonstrando seu descontentamento com a situação. A controvérsia em torno do documentário ganhou destaque em setembro, quando o New York Times publicou uma reportagem detalhando as acusações de abuso presentes no filme.
A Netflix justificou o cancelamento afirmando que buscaria desenvolver um novo projeto em parceria com os detentores dos direitos de Prince, utilizando material de arquivo do artista. No entanto, Edelman questiona essa decisão, argumentando que a alegação de imprecisões factuais no filme é infundada. “Eles voltaram com um documento de 17 páginas cheio de questões editoriais – não questões factuais”, afirmou o diretor.
O diretor ainda complementa: “Você acha que eu teria algum interesse em lançar um filme que é factualmente impreciso?”. Essa declaração demonstra a preocupação de Edelman com a integridade de seu trabalho e sua frustração com as alegações que levaram ao cancelamento do documentário de Prince na Netflix.
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Liberdade artística vs. controle
Edelman ressalta que a questão central não é quem detém a verdade, mas sim quem exerce o controle sobre a narrativa. Ele traça um paralelo entre a situação atual e a própria trajetória de Prince, conhecido por sua luta pela liberdade artística contra a gravadora Warner Bros.
A ironia da situação não passou despercebida pelo diretor: “Prince foi alguém que lutou pela liberdade artística, que não queria ser subjugado pela Warner Bros., que ele acreditava estar sufocando sua produção. E agora, neste caso – a propósito, eu não sou Prince, mas trabalhei muito para fazer algo, e agora minha arte está sendo sufocada e jogada fora.”
Edelman acusa a Netflix de ter “medo da humanidade de Prince”, sugerindo que a plataforma estaria evitando apresentar uma visão completa e complexa do artista. Pablo Torres, que teve a oportunidade de assistir ao documentário, descreveu-o como uma obra que retrata “um dos artistas mais impressionantes que já existiu”.
O diretor lamenta a “miopia de um grupo de pessoas cujo interesse é o próprio resultado financeiro”, referindo-se aos responsáveis pela decisão de cancelar o documentário. Segundo ele, o advogado responsável pelos direitos de Prince argumentou que o filme causaria “danos geracionais” ao artista, afastando potenciais fãs mais jovens. Edelman rebate essa alegação, defendendo que o documentário é “um presente” que permite aos espectadores “mergulhar no gênio” de Prince e confrontar sua humanidade.
As alegações de abuso no documentário
O documentário de Prince na Netflix, segundo relatos, incluiria entrevistas com pessoas próximas ao artista, que relatam comportamentos abusivos. Jill Jones, ex-amante de Prince, teria relatado um episódio em que foi agredida fisicamente pelo cantor. Susannah Melvoin, outra ex-parceira, teria afirmado que Prince monitorava suas ligações telefônicas, a impedia de sair de casa e a isolava de sua irmã.
Mayte Garcia, ex-esposa de Prince, teria relembrado o período após a morte do filho do casal, em que se sentiu deixada sozinha. Além dessas alegações, outras entrevistas revelariam o caráter controlador do cantor e relatos de que ele próprio teria sofrido abusos na infância.
Apesar das alegações de abuso, o documentário também apresentaria depoimentos positivos sobre Prince, criando, segundo Edelman, “um dos projetos mais difíceis de sua carreira”. A complexidade do personagem e a multiplicidade de perspectivas tornam a obra ainda mais relevante para o debate sobre a vida e o legado do artista.
Em meio à controvérsia, a ausência do documentário de Prince na Netflix deixa uma lacuna no panorama das produções sobre o artista, privando o público de uma análise aprofundada e multifacetada de sua vida e obra. Resta saber se o novo projeto anunciado pela plataforma em parceria com os detentores dos direitos de Prince conseguirá suprir essa lacuna e apresentar uma visão igualmente completa e honesta do artista.
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