O diretor sul-coreano **Min Kyu-dong** continua a surpreender o mundo do cinema com sua versatilidade e ousadia. Conhecido por transitar entre diversos gêneros, desde o terror até comédias românticas, dramas e ficção científica, Min agora apresenta seu mais recente trabalho, _The Old Woman With the Knife_. Este filme, exibido no Festival de Berlim, explora a solidão da terceira idade disfarçada em um filme de ação.
## A Carreira Multifacetada de Min Kyu-dong
Desde sua estreia impactante em 1999 com o filme de terror com temática lésbica _Memento Mori_, Min Kyu-dong, hoje com 54 anos, tem demonstrado uma capacidade notável de se reinventar. Sua filmografia inclui comédias românticas como _All for Love_ e _All About My Wife_, dramas queer como _Antique_ e _In My End Is My Beginning_, além de thrillers de época como _The Treacherous_. Ele também se aventurou em filmes de terror como _Horror Stories 2 & 3_, dramas jurídicos como _Herstory_ e até mesmo produções de ficção científica de grande orçamento como _SF8_.
### _The Old Woman With the Knife_: Uma Reflexão Sobre a Solidão
Mantendo sua reputação de inovador, o novo filme de Min, _The Old Woman With the Knife_, oferece uma profunda reflexão sobre a solidão na velhice, habilmente disfarçada em um filme de ação. Imagine _John Wick_, mas com uma senhora coreana de 60 anos empunhando uma faca em vez de Keanu Reeves com uma Glock.
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O filme é baseado no best-seller homônimo do autor coreano Gu Byeong-mo. A atriz veterana Lee Hye-young, um dos maiores nomes do cinema sul-coreano dos anos 1980, interpreta Hornclaw, uma assassina experiente na casa dos 60 anos “especializada em eliminar a escória da Terra”. Hornclaw luta contra os sinais de declínio e resiste ao fim de sua carreira. No entanto, sua rotina e traumas há muito enterrados são despertados pela chegada repentina de Bullfight, um jovem e talentoso assassino que insiste em trabalhar ao seu lado. Sem o conhecimento de Hornclaw, ela e Bullfight já se encontraram antes, e seus assuntos pendentes estão caminhando para um confronto inevitável.
Produzido pela SooFilm, sediada em Seul, _The Old Woman With the Knife_ teve sua estreia mundial na seção Berlinale Special do Festival Internacional de Cinema de Berlim. A exibição marca a segunda participação de Min no festival, após a estreia bem recebida de sua comédia-thriller _Antique_ em 2009. A M-Line Distribution está cuidando das vendas mundiais de _The Old Woman With the Knife_, com lançamento local na Coreia do Sul previsto para o final deste ano. Se você gosta de acompanhar festivais de cinema, não deixe de conferir a cobertura dos Prêmios da Writers Guild 2025: Lista de Vencedores.
## Entrevista Exclusiva com Min Kyu-dong
Em entrevista ao _The Hollywood Reporter_, **Min Kyu-dong** falou sobre o processo de criação do filme e os desafios enfrentados durante a produção.
**O que te atraiu nessa história de uma assassina idosa?**
Ao longo dos últimos 30 anos, explorei histórias de diversos gêneros, mas sempre fui atraído por narrativas que investigam as complexidades da psique humana e os conflitos que as pessoas enfrentam em momentos decisivos de suas vidas. Hornclaw, a protagonista de _The Old Woman With the Knife_, está longe de ser uma personagem típica de assassina. Ela passou a maior parte de sua vida envolvida em violência, mas não é mais a jovem e poderosa assassina que já foi. Agora, perto do fim de sua vida, ela está sobrecarregada pela culpa e tristeza, confrontando as consequências de seu passado.
A questão que me cativou foi: “Quais escolhas uma pessoa pode fazer quando está no limiar do capítulo final da vida?” Hornclaw não está apenas lutando para sobreviver; ela está constantemente refletindo sobre como as feridas e decisões de seu passado continuam a definir seu presente. Como uma mulher envelhecida em uma sociedade que tende a negligenciar os idosos, seu senso de isolamento e sua resiliência em superá-lo ressoaram profundamente em mim.
**Quais detalhes foram mais importantes para você ao retratar Hornclaw?**
Certamente, Hornclaw quebra o molde do herói de ação convencional. Ela é uma mulher mais velha, socialmente isolada, mas também uma assassina altamente disciplinada. Sua característica definidora é o forte contraste entre suas feridas internas e sua força externa. Concentrei-me em dar vida ao seu mundo interior – sua dor e culpa não são articuladas por meio de palavras, mas estão escondidas em suas ações e silêncios. Juntamente com Lee Hye-young, exploramos cada camada das emoções de Hornclaw, desenvolvendo uma atuação que pudesse transmitir simultaneamente sua resiliência e vulnerabilidade.
Ao longo do filme, Hornclaw luta contra a culpa por seu passado e seu instinto de sobreviver no presente. Este conflito interno influenciou até mesmo as sequências de ação, que foram abordadas como extensões de seu estado emocional. Suas lutas não são apenas confrontos físicos, mas manifestações das batalhas dentro dela. Hornclaw viveu em silêncio por mais de 40 anos. Ela não expressa sua dor por meio de diálogo, mas a comunica por meio de mudanças sutis em sua expressão e linguagem corporal.
O trabalho de câmera também desempenhou um papel crucial na captura do isolamento e tensão de Hornclaw. Nossos movimentos de câmera lentos e deliberados foram projetados para fazer o público sentir como se estivesse observando secretamente sua vida, adicionando algum suspense. Para entender mais sobre a indústria cinematográfica e como ela se conecta com outras formas de entretenimento, veja como O Sucesso Cinemático de Sonic e a Importância dos Fãs.
**Como você escalou Lee como Hornclaw?**
Em um ponto, debatemos seriamente se deveríamos escalar uma atriz mais jovem e usar maquiagem para envelhecê-la, por causa das exigências físicas das cenas de ação. No entanto, no momento em que conheci Lee Hye-young, esse debate terminou. Ela tem uma presença cinematográfica inata que incorpora perfeitamente a dualidade de Hornclaw – força e vulnerabilidade. O que mais importava para o papel era capturar as emoções complexas de uma mulher orgulhosa confrontando sua aposentadoria e seus arrependimentos. Lee tem a capacidade de transmitir tudo isso sem nenhum diálogo – e isso me surpreende.
**Você teve que fazer ajustes na forma como criou as cenas de ação de Hornclaw, dada a idade da personagem?**
Com certeza. Um dos maiores obstáculos técnicos foi coreografar a ação para uma personagem na casa dos 60 anos. Na literatura, não há limites físicos para a imaginação, mas no filme, tivemos que confrontar as limitações do mundo real de um ator de 60 e poucos anos realizando essas cenas realmente exigentes. Nossas equipes de dublês e coreografia trabalharam muito para garantir que a ação permanecesse fundamentada, mas poderosa.
A vasta experiência de Hornclaw como assassina de aluguel – combinada com sua idade – moldou nossa abordagem única para suas cenas de ação. Ao contrário de protagonistas mais jovens que confiam na velocidade e na força, os movimentos de Hornclaw são calculados e eficientes. Seu estilo de combate é baseado na estratégia e na capacidade de controlar situações com o mínimo de esforço. Evitamos coreografias excessivamente teatrais para manter o realismo.
**Você tem uma cena ou sequência favorita no filme?**
Uma das cenas que eu realmente gosto é aquela em que Hornclaw e Bullfight compartilham uma refeição juntos. Apesar de serem inimigos profundos, eles deixam temporariamente de lado sua hostilidade para fazer uma refeição modesta. Superficialmente, parece pacífico, mas você pode sentir que, por baixo dessa calma, esses dois personagens estão cautelosamente investigando o passado um do outro, escondendo suas intenções mais profundas. É como se lâminas invisíveis estivessem se cruzando – tensão e motivos ocultos se desenrolam em olhares, gestos e conversas silenciosas, criando uma série de reversões sutis. Emoções reprimidas e ameaças ocultas são transmitidas através dos menores movimentos. O que eu amo nisso é que é como uma sequência de ação elegante sem qualquer violência real.
**Você foi convidado anteriormente para o Festival de Cinema de Berlim por seu filme de comédia-thriller de 2009, _Antique_. Você tem alguma memória especial do festival?**
Eu tive várias experiências memoráveis. Lembro-me das manhãs frias em Berlim. Uma noite, com uma garoa leve caindo, eu impulsivamente saí para uma caminhada. Eu vaguei lentamente pelas ruas que levavam à Potsdamer Platz, sentindo-me estranhamente revigorado apesar da chuva. Era como se a própria cidade estivesse me abraçando gentilmente e eu me lembro de me sentir tão calmo. Outra experiência inesquecível aconteceu quando fui convidado para um jantar em uma casa local de Berlim por um membro do público que tinha visto meu filme no festival. Apesar dos desafios da língua e das diferenças na cultura, sua hospitalidade e conversa deixaram uma impressão duradoura em mim. Essa gentileza aleatória me ajudou a apreciar o espírito de Berlim em um nível mais profundo. Retornar a Berlim com _The Old Woman With the Knife_ me enche de excitação e nostalgia. Essas memórias se tornaram tesouros para mim, então estou ansioso para ver quais novas experiências aguardam desta vez.
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