O documentário Documentário Fiume o morte!, que estreia no Festival Internacional de Cinema de Roterdã, revisita a peculiar ocupação nacionalista de Rijeka, na Croácia, em 1919. O filme híbrido, dirigido por Igor Bezinović, explora a tomada da cidade pelo poeta e oficial italiano Gabriele D’Annunzio.
Documentário Fiume o morte!: Uma Abordagem Híbrida da História
Após a Primeira Guerra Mundial, Rijeka (então Fiume) tornou-se alvo de disputa entre Itália e o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (futura Iugoslávia). Em meio às negociações, D’Annunzio liderou nacionalistas italianos e ocupou a cidade por 16 meses, criando a chamada Regência Italiana do Carnaro.
Bezinović, natural de Rijeka, utiliza encenações dramáticas com cidadãos locais, fotos e vídeos históricos, além de elementos documentais, para recriar esse período. O documentário Fiume o morte! questiona como o passado influencia o presente, refletindo sobre a persistência de ideologias extremistas.
D’Annunzio, figura controversa com um funeral de estado organizado por Mussolini, teve grande impacto em Rijeka. O filme examina suas visões ultranacionalistas e a ocupação da cidade, buscando entender as motivações por trás de suas ações. Uma entrevista no filme sugere que ideologias semelhantes às de D’Annunzio ainda persistem na sociedade contemporânea.
D’Annunzio: Um Ditador Peculiar e os Paralelos com Trump
Para Bezinović, D’Annunzio era um “ditador peculiar”, comparando-o ao Coringa do Batman: inteligente, engraçado e assustador. A abordagem híbrida do filme torna a história mais acessível, como uma “aula divertida”. O diretor acredita que o filme ressalta a arte da narrativa histórica de forma envolvente.
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O diretor também aponta paralelos entre D’Annunzio e figuras populistas contemporâneas, como Donald Trump. Ambos utilizaram gestos e discursos inflamados para mobilizar seus apoiadores. D’Annunzio usava a “saudação romana”, que mais tarde seria adotada por Mussolini.
A multiplicidade de vozes e interpretações de D’Annunzio no filme reflete a complexidade da história. Bezinović evita apresentar uma “verdade absoluta”, preferindo que o público forme sua própria opinião a partir das diferentes perspectivas.
A Complexidade da História e o Legado de Fiume o morte!
A relação entre D’Annunzio e Mussolini é abordada no filme. Apesar de ter sido isolado da política oficial por Mussolini, D’Annunzio era visto como uma figura influente. Sua classificação como fascista é debatida, mas suas ações nacionalistas e imperialistas sugerem essa ligação.
O filme retrata a ocupação de Rijeka por jovens soldados italianos, que, apesar do contexto militar, pareciam se divertir. Bezinović questiona a narrativa heroica da ocupação, mostrando o contraste entre a perspectiva dos soldados e a dos cidadãos.
Imagens de jovens soldados em praias são recorrentes, refletindo o ócio dos soldados após a ocupação. Embora existam relatos de consumo de cocaína e orgias, Bezinović considera-os exagerados. A ênfase em animais no filme, como o galgo Krissa, de D’Annunzio, é uma escolha deliberada do diretor.
O documentário Fiume o morte! é um projeto pessoal para Bezinović, que busca resgatar a história de sua cidade natal. O filme convida o público a participar de um “jogo” de interpretação histórica, reconhecendo a complexidade do passado. O diretor espera que o filme se torne um recurso educativo para futuras gerações, permitindo que a história de Rijeka seja recontada e compreendida em sua complexidade.
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