Entrevista com diretora de ‘The Ugly Stepsister’ revela desafios para acertar o gore

Entrevista com diretora de 'The Ugly Stepsister': descubra como a nova versão de terror de Cinderela subverte o conto de fadas clássico. Saiba mais!
Atualizado há 14 horas
Entrevista com diretora de The Ugly Stepsister

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Em entrevista recente, a diretora norueguesa Emilie Blichfeldt discute sua nova abordagem ao conto de fadas Cinderela, transformando-o em um filme de terror corporal. Entrevista com diretora de The Ugly Stepsister é o foco principal dessa análise.

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Reimaginando Cinderela: Uma Perspectiva Perturbadora

Blichfeldt, em sua estreia na direção de longa-metragem, The Ugly Stepsister, apresenta uma versão sombria do clássico conto de fadas, vista sob a ótica da enteada. O filme, que estreou no Sundance e será exibido no festival Berlinale, explora a busca horripilante pela beleza idealizada.

Inspirada tanto na versão dos Irmãos Grimm – que descreve as irmãs mutilando os pés para caber no sapato – quanto no terror visceral de David Cronenberg, The Ugly Stepsister se junta a uma nova onda de filmes feministas de terror corporal. Sua abordagem se assemelha a de The Substance, de Coralie Fargeat, onde a busca pela beleza é retratada de forma perturbadora. No entanto, em The Ugly Stepsister, o foco é em um parasita, um ovo de tênia que a personagem Elvira engole para emagrecer.

Para Blichfeldt, a ação de Elvira é uma metáfora da internalização do olhar objetificante. O parasita, portanto, a consome tanto física quanto metaforicamente. Ela enfatiza que há apenas uma Cinderela, e o restante de nós é a “enteada feia”, lutando para se encaixar em um ideal de beleza inalcançável.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, Blichfeldt falou sobre sua reinterpretação da história, os efeitos práticos usados para criar o terror corporal e por que acredita que sua versão, ao contrário da Disney, possui um apelo universal.

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Infâncias e inspirações: um olhar sobre as origens do filme

A diretora cresceu em uma região isolada do norte da Noruega, onde livros eram a principal fonte de entretenimento familiar. O acesso a filmes só veio mais tarde, por meio de um vídeo cassete que ganhou aos 13 anos. A versão tcheca de Cinderela, Three Wishes for Cinderella (1973), assistida na infância, exerceu grande influência. Blichfeldt destaca a combinação de realidade e irrealidade presente no cinema de contos de fadas do leste europeu.

Outro fator crucial foi o livro dos Irmãos Grimm, lido na infância, que continha uma imagem marcante: uma das irmãs no cavalo com o príncipe, com o sapato cheio de sangue. Essa imagem a marcou profundamente, e o livro resgatado anos depois reforçou a ideia para o seu filme. A combinação dessas influências moldou sua visão única sobre a história.

Seu interesse por mulheres que lutam com a imagem corporal também inspirou a mudança de perspectiva. Em seus trabalhos anteriores, Blichfeldt já retratava personagens femininas complexas, desafiando os padrões de beleza tradicionais. Esse mesmo olhar permeia The Ugly Stepsister.

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A ideia para o filme surgiu durante um momento de inspiração, e Blichfeldt percebeu que a própria história refletia sua própria experiência e anseio por se encaixar em padrões idealizados de feminilidade. O filme, então, foi concebido como uma forma de expressão dessa identificação, usando a icônica história da enteada feia.

A construção do terror corporal: efeitos práticos e metáforas

Blichfeldt declarou que a ideia de criar um filme de terror, especificamente de terror corporal, surgiu após o contato com os filmes de David Cronenberg. A diretora encontrou um paralelo entre o estilo de Cronenberg e suas próprias temáticas sobre o corpo e as experiências corporais. O cinema de terror se tornou uma ferramenta para a exploração de metáforas e ideias filosóficas, assim como em seus trabalhos anteriores.

A diretora destaca a importância dos efeitos práticos no filme, em oposição aos efeitos digitais. Em sua opinião, a ligeira imperfeição dos efeitos práticos contribui para a construção de uma atmosfera mais real e assustadora. Essa escolha estética reforça a natureza visceral do filme, enfatizando a experiência corporal das personagens.

A construção das cenas mais impactantes, como a cena em que a personagem corta os dedos do pé e a cena em que vomita a tênia, exigiu um cuidado especial. Foram gastos 12 horas em cada cena, com storyboards detalhados e muita improvisação durante a filmagem. A colaboração com o supervisor de efeitos visuais Peter Hjorth, conhecido por seu trabalho com Lars von Trier, foi crucial para o sucesso dessas cenas.

Blichfeldt pretende desconstruir o mito da beleza e a narrativa tradicional de Cinderela. Seu objetivo é questionar por que valorizamos tanto a aparência, e como essa valorização nos transforma em objetos. Ao mesmo tempo, ela celebra a beleza dos figurinos e sua pesquisa aprofundada em história da moda para a construção da estética do filme.

Desconstruindo o Mito e o Impacto na Audiência

Blichfeldt combinou diferentes versões de Cinderela, incluindo a dos Irmãos Grimm e a de Charles Perrault, para criar uma narrativa complexa. Em seu filme, a enteada não é apenas uma vilã estereotipada, mas sim uma personagem tridimensional que enfrenta a pressão por conformidade estética.

A diretora também busca apresentar Cinderela como uma personagem complexa, destacando que para ela, as coisas simplesmente acontecem de forma natural, enquanto a enteada se esforça constantemente. Esse paralelo pretende promover a identificação da audiência, especialmente do público feminino, com os dilemas apresentados no filme.

Blichfeldt espera que The Ugly Stepsister tenha um impacto positivo na forma como as jovens mulheres veem essas narrativas clássicas. Embora o filme tenha um caráter moral, ele não pretende ser moralista. O principal intuito é mostrar a complexidade de questões de autoimagem e padrões de beleza.

A mensagem principal do filme gira em torno da internalização de padrões de beleza impostos pela sociedade, transformando a personagem em algo semelhante a uma metáfora do olhar objetificante, destruindo-a física e metaforicamente. Apesar dos temas densos, o filme também conta com a força da estética e os belos figurinos.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via The Hollywood Reporter

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.