A animação Animação The Great History of Western Philosophy, primeiro longa-metragem do cineasta mexicano Aria Covamonas, estreou no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam. O filme, com estilo dadaísta, apresenta personagens como Mickey Mouse, Mao Zedong e Sócrates em uma narrativa inusitada que aborda a história da filosofia ocidental.
Animação The Great History of Western Philosophy: Uma Jornada Dadaísta pela Filosofia
A trama acompanha um animador que, após desagradar o Comitê Central, é condenado à morte por Mao Zedong. Sua última tarefa? Criar um filme sobre filosofia. O resultado é uma mistura de cultura pop e alta cultura, com referências que vão da Grécia Antiga a Mickey Mouse e Disney.
A abordagem dadaísta de Covamonas utiliza diálogos extraídos de outras obras, incluindo trechos em chinês. A trilha sonora e o design de som, que remetem a discos de vinil, conferem à Animação The Great History of Western Philosophy uma atmosfera retrô. Essa estética já havia sido explorada pelo cineasta em curtas como Socrates’ Adventures in the Underground (2021).
O processo criativo de Covamonas envolveu um método peculiar, sem roteiro tradicional. Ele utilizou unidades de dois segundos, cada uma combinando som, imagem e cor, construindo a narrativa de forma gradual. Segundo o cineasta, essa técnica se assemelha ao funcionamento do subconsciente, combinando memórias e palavras em algo novo, como em um sonho.
Mickey Mouse e o Domínio Público
A inclusão de Mickey Mouse no filme é uma declaração de Covamonas a favor do domínio público. O personagem, que entrou em domínio público no ano passado, surge em uma versão decadente, simbolizando, segundo o diretor, o aprisionamento de ideias por um período excessivo de direitos autorais. Covamonas defende prazos mais curtos, como 10 ou 20 anos, semelhantes às patentes.
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A presença de Mao Zedong e temas chineses está ligada à história das Cinco Feministas, ativistas presas em 2015 por planejarem protestar contra o assédio sexual. Covamonas viu no episódio um exemplo de autoritarismo e decidiu criar um filme “no espírito de provocar problemas”. A escolha de Mao foi, em parte, motivada pela disponibilidade de filmes chineses em domínio público. O diretor admite não saber chinês e usa o idioma como uma “linguagem onírica”.
Para Covamonas, o dadaísmo é mais relevante do que nunca. Ele vê paralelos entre o contexto da Primeira Guerra Mundial, que deu origem ao movimento, e os desafios atuais, como a ascensão de líderes fascistas e genocídios. A irracionalidade do mundo moderno, para ele, justifica a busca pelo absurdo como forma de expressão.
Inspirações e Projetos Futuros
O cineasta lamentou a recente morte de David Lynch, citando-o como uma forte influência. A filosofia de Lynch de “sentir o filme” sem buscar significados ocultos ressoa com a abordagem de Covamonas. Seu projeto dos sonhos é uma adaptação dos primeiros oito capítulos de Jane Eyre, de Charlotte Brontë, com a estética dos Irmãos Quay.
Covamonas usa a temática de monstros como uma forma de subverter as narrativas tradicionais, assim como explora a história das redes sociais e os questionamentos acerca de direitos autorais. A animação levanta questões sobre a propriedade intelectual e desafia o espectador a repensar os limites da criatividade em um mundo cada vez mais digital.
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