Peter Kosminsky, diretor premiado com o BAFTA, alertou sobre uma crise de financiamento de dramas britânicos que ameaça a produção de séries. Em entrevista exclusiva, ele afirmou que a indústria está em risco de autocensura, evitando projetos polêmicos por medo de não conseguir financiamento.
A Crise de Financiamento de Dramas Britânicos e a Autocensura
A situação é grave. Executivos lamentam uma combinação de problemas: plataformas de streaming americanas reduzindo coproduções, queda nas vendas internacionais, inflação persistente, redução na receita de anúncios e cortes de financiamento da BBC. A associação de produtores britânicos, Pact, estima cerca de 15 séries com produção paralisada por falta de recursos. A BBC confirmou que diversos projetos estão em situação incerta.
Kosminsky acredita que o problema só vai piorar. A falta de financiamento pode impedir que projetos cheguem ao ponto de busca de investimento. Produtores, diretores e roteiristas podem desistir de apresentar suas ideias antes mesmo de tentar. Isso gera uma autocensura silenciosa e insidiosa, comprometendo a qualidade da televisão britânica. Ele comparou a situação ao fechamento de fábricas de aço no Reino Unido, levando à perda de mão de obra qualificada.
O diretor cita o exemplo de uma série sobre o incêndio da Torre Grenfell, uma tragédia nacional que causou 72 mortes. A BBC aprovou o projeto, mas Kosminsky questiona se o teria iniciado considerando o clima atual. A produção envolve efeitos visuais complexos e um grande elenco. Ele reconhece as dificuldades de viabilizar uma produção desse porte no contexto da crise de financiamento.
Kosminsky declarou que trabalhou na segunda temporada de Wolf Hall de forma não remunerada em alguns períodos, para honrar a memória da autora Hilary Mantel, falecida em 2022. Essa decisão mostra a dedicação e o comprometimento de alguns profissionais com a produção de conteúdo de qualidade, mesmo diante das dificuldades financeiras.
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Soluções para a Crise de Financiamento de Dramas Britânicos
Kosminsky propõe uma solução: obrigar gigantes do streaming como Netflix e Amazon Prime Video a destinar 5% da receita de assinaturas no Reino Unido a um fundo para conteúdo britânico. Ele destaca que 17 países, como França e Alemanha, já possuem sistemas semelhantes.
Entretanto, o governo britânico descartou essa ideia. O Ministro das Indústrias Criativas, Sir Chris Bryant, afirmou que não há planos para implementar uma taxa sobre plataformas de streaming. Apesar disso, o BFI está revisando a questão e espera emitir um relatório no verão.
Kosminsky argumenta que aumentar os créditos fiscais não é suficiente. Incentivos para séries de baixo orçamento não resolvem o problema e podem até piorar a situação, permitindo que plataformas de streaming explorem taxas mais baixas no Reino Unido para produzir conteúdo global. Ele ressalta que a produção de conteúdo britânico com apelo internacional é possível, como demonstram séries como Baby Reindeer e Fool Me Once, da Netflix, apesar de seus temas não serem exclusivamente britânicos.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Deadline