A trajetória do filme Emilia Pérez nos prêmios tem sido um verdadeiro mistério. Indicado para 13 categorias no Oscar, o musical mexicano transgênero de Jacques Audiard surpreendeu ao levar apenas dois prêmios. Mas, calma, a história não acaba aí! O filme brilhou na França, conquistando sete Césars, incluindo melhor filme e direção. Vamos entender os altos e baixos dessa produção que dividiu opiniões e prêmios.
A 97ª edição do Oscar ficou marcada pela quase vitória de Emilia Pérez. Com 13 indicações, superando recordes de filmes não falados em inglês, como O Tigre e o Dragão e Roma, a expectativa era alta. No entanto, o filme levou apenas dois prêmios: melhor atriz coadjuvante para Zoe Saldaña e melhor canção original por “El Mal”.
O que teria acontecido? A resposta pode estar em polêmicas nas redes sociais. A campanha do Oscar para Emilia Pérez foi abalada por tuítes antigos da estrela Karla Sofía Gascón, que ressurgiram, levantando acusações de racismo e anti-islamismo. O escândalo transformou o favoritismo em rejeição.
O apresentador do Oscar, Conan O’Brien, chegou a brincar com a situação, mencionando o impacto negativo do caso na campanha do filme. A situação foi bem diferente na França, onde Emilia Pérez recebeu sete Césars, incluindo melhor filme, direção e roteiro adaptado. Karla Sofía Gascón compareceu à cerimônia em Paris, marcando sua primeira aparição pública desde o início da polêmica.
Triunfo nos Césars e controvérsias
Apesar das controvérsias, Gascón não ganhou o César de melhor atriz, que foi para Hafsia Herzi por seu papel em Borgo. Contudo, a noite foi de glória para Emilia Pérez. Os tuítes de Gascón também geraram manchetes na França, mas o impacto nos Césars foi mínimo. Essa diferença pode ser atribuída a fatores culturais e à própria competição.
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Segundo David Frenkel, votante do César, a cultura do cancelamento tem menos peso na França do que nos Estados Unidos. Além disso, a qualidade dos concorrentes também influenciou. Diferente do Oscar, onde filmes como Anora se destacaram, os concorrentes ao César de melhor filme não tinham o mesmo reconhecimento que Emilia Pérez.
Para a 50ª edição do César, o musical de Audiard enfrentou uma concorrência mais amena. Entre os indicados estavam comédias dramáticas leves, como The Marching Band e o surreal Miséricorde, além do blockbuster O Conde de Monte Cristo, que dividiu a crítica. Boris Lojkine’s Souleymane’s Story, sobre um refugiado africano em Paris, também se destacou.
Souleymane’s Story, um drama de baixo orçamento, conquistou quatro prêmios, incluindo melhor revelação masculina para Abou Sangare. Christine Masson, da rádio francesa On Aura Tout Vu, ressaltou que o sucesso do filme prova que os franceses apoiam filmes sem estrelas que abordam questões de imigração e racismo.
Estratégias de campanha e cultura do autor
A Netflix, que detinha os direitos de Emilia Pérez, focou sua campanha no Oscar em Gascón, o que se mostrou um tiro no pé com o escândalo dos tuítes. Na França, a atenção sempre esteve no diretor Jacques Audiard, um dos cineastas mais amados do país.
Audiard coleciona Césars desde seu primeiro filme, See How They Fall, em 1994. Com a vitória tripla no César, ele se tornou o diretor mais premiado da história do prêmio, com 13 estatuetas. Curiosamente, o segundo colocado é Roman Polanski, com 10 Césars.
A indústria cinematográfica francesa tem se aproximado da postura americana em relação a escândalos. Em 2020, Polanski ganhou dois Césars por An Officer and a Spy, mas a premiação foi marcada por protestos feministas e pela saída da atriz Adèle Haenel.
No caso de Emilia Pérez, a polêmica dos tuítes de Gascón não teve grande impacto na França. A cobertura local focou mais em como o escândalo afetaria o Oscar. Audiard ajudou a minimizar os danos ao se distanciar rapidamente dos comentários de Gascón. Sua reputação como uma força progressista também pesou a favor.
Para Masson, ficou claro que os tuítes não eram culpa de Audiard, diferente do caso de Polanski, onde é difícil separar o artista do crime. A diferença entre as campanhas do Oscar e do César também revela que nos EUA a temporada de premiações é um espetáculo da indústria, impulsionado por campanhas milionárias. Na França, o consenso crítico e a reputação do cineasta são mais importantes.
Além disso, as apostas são diferentes. Ganhar um Oscar pode transformar uma carreira, como visto com Sean Baker e Mikey Madison de Anora, e determinar o sucesso comercial de um filme. Um César, por outro lado, é um bônus que não impulsiona tanto a bilheteria. Um agente de vendas europeu destaca que a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar têm muito mais impacto nos distribuidores franceses do que o César.
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