Está mais quente e húmido do que os humanos podem suportar

Um novo estudo cientifico mostrou que vários lugares do planeta estão atingindo temperaturas mortais, tudo graças as mudanças climáticas.
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11/05/2020 às 09:01 | Atualizado há 3 anos
temperaturas extremas

Uma combinação de calor e umidade tão extrema que chega a ser insuportável ao humano, não é mais um problema para o futuro: segundo um novo estudo, tais condições já são realidades em algumas partes do planeta. Medições de temperaturas totalmente fora do padrão, que antes eram consideradas quase inexistentes, já estão se tornando comuns ao redor do globo, assim como temperaturas inflexíveis.

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Condições extremas que atingem algo em torno de 46 graus Celsius — uma medida tanto do calor quanto de umidade que é frequentemente referida como limite aos humanos — dobraram entre 1979 e 2017, segundo o estudo. Umidade e calor são uma combinação particularmente mortal, já que a umidade mexe com a capacidade do corpo de se refrescar através do suor. As descobertas sugerem que condições duras que os cientistas previram como um resultado iminente das mudanças climáticas estão se tornando realidade mais cedo do que o esperado.

“Podemos estar mais perto de um ponto de inflexão real sobre isso do que pensamos no passado”, disse Radley Horton, coautor do novo estudo publicado hoje na revista  Science Advances. Sua  pesquisa anterior havia projetado que o mundo não experimentaria calor e umidade além da tolerância humana por décadas.

Eventos de calor mais intensos e frequentes são um dos sintomas da mudança climática, muitas pesquisas têm mostrado isso. Mas a maioria desses estudos foram baseados em leituras que analisaram médias em uma ampla área durante um longo período de tempo. Em vez disso, Horton e seus co-autores olharam de perto dados de hora em hora de 7.877 estações meteorológicas em todo o mundo. Eles usaram a escala centígrada “WetBulb Globe Temperature”, que além da temperatura em si, mede outros fatores como velocidade do vento e radiação solar em cima do calor e da umidade.

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Foi assim que encontraram mais de mil leituras de calor e umidade severas, atingindo leituras de 31 graus Celsius na escala WetBulb, que antes eram consideradas muito raras. Ao longo do Golfo Pérsico, eles viram mais de uma dúzia de leituras acima do que se pensa ser o limite de tolerância humana de 35 graus Celsius na escala WetBulb. Essa é a leitura mais alta que a literatura científica já documentou. Em 2015, a cidade de Bandar Mahshahr, no Irã, experimentou uma leitura de pouco menos de 35 graus Celsius. Levando em conta o calor isoladamente, já seriam algo em torno de 71 graus Celsius, que é cerca de 30 graus mais alto do que onde termina a faixa de índice de calor do Serviço Nacional de Meteorologia – e é um cenário que os modelos climáticos não tinham previsão de acontecer até meados do século.

Medições próximas disso, com calor extremamente úmido também foram testemunhados em toda a Ásia, África, Austrália, América do Sul e América do Norte e foram geralmente agrupados ao longo das costas. A Costa do Golfo dos EUA foi particularmente atingida. A região viu dezenas de casos de condições atingindo níveis que não eram esperados há décadas. As condições graves duravam apenas horas e eram muitas vezes apenas em pequenas áreas, mas essas crises estão se tornando mais frequentes e mais intensas, dizem os pesquisadores.

Eles afirmam que estudos futuros devem ter um olhar similarmente localizado para obter uma melhor compreensão de como as mudanças climáticas estão acontecendo em comunidades que sentirão a crise à frente do resto do mundo. Uma série vencedora do Pulitzer  pelo The Washington Post   adotou esse tipo de abordagem em uma série sobre lugares onde as temperaturas médias já subiram 2 graus Celsius, o limiar no qual o acordo climático de Paris visa evitar que o planeta supere.

“Se você amplia, vê coisas que não vê em uma escala maior”, diz Colin Raymond, autor principal e pesquisador de pós-doutorado no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. “Na menor escala, é mais intenso.” Uma das limitações de seu estudo, de acordo com Raymond, é que há lugares em todo o mundo que simplesmente carecem de estações meteorológicas. Então, o que eles foram capazes de documentar poderia estar acontecendo em uma escala ainda maior, simplesmente não há ferramentas no lugar ainda para fazer essas medições em todos os lugares.

O calor extremo já mata mais pessoas nos EUA do que qualquer outro evento relacionado ao clima. Em 50 anos, entre 1 e 3 bilhões de pessoas poderiam viver em temperaturas tão quentes que estão fora da faixa em que os humanos foram capazes de prosperar, descobriu outro estudo publicado esta semana. Quantos bilhões enfrentarão esse futuro depende de que ação é tomada agora para impedir que o planeta superaqueça perigosamente.

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André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.