Google atinge supremacia quântica, mas IBM não curtiu

Super computador foi capaz de realizar tarefa que levaria milhares de anos na computaçção clássica usada hoje em dia.
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23/10/2019 às 09:05 | Atualizado há 3 anos
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O Google anunciou hoje (23) que entrou para a história e atingiu a supremacia quântica. Isso significa que, pela primeira vez na história, um computador conseguiu realizar uma operação matemática que seria impossível para um computador “comum”, que usa um sistema binário. O anúncio foi publicado em um artigo na revista Nature.

Isso é uma enorme porta para o futuro da computação, onde toda a comunidade científica irá debater o que pode ser feito a partir de agora. Além disso, com computação quântica, as possibilidades de produzir novos materiais, medicamentos, evoluir tecnologias de inteligência artificial e, finalmente, criar a skynet.

Os detalhes da pesquisa, publicados na revista científica “Nature”, serão anunciados nesta quarta-feira (23) pelo Google em Santa Bárbara, na Califórnia (EUA).

Computador quântico soluciona em segundos, problemas que levariam milhares de anos

Em termos práticos, um computador quântico é capaz de realizar cálculos matemáticos em segundos, sendo que os atuais computadores e tecnologias, levaria milhares de anos para conseguir. É um recomeço para a história da computação.

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Imagem do Sycamore, chip quântico do Google

Para atingir a supremacia quântica, o Google usou no computador seu chip quântico chamado Sycamore. Ele conseguiu desvendar em 200 segundos o segredo de um gerador números aleatórios. Para efeito de comparação, o mais potente computador do mundo atualmente, levaria 10 mil anos para fazer o mesmo.

Para que servirão os computadores quânticos?

Como dissemos acima, os computadores quânticos ganham em velocidade, e isso é essencial para o desenvolvimento de tecnologias. Atualmente, existem tecnologias que só não foram desenvolvidas, por falta de um computador capaz de realizar operações matemáticas. Quer dizer, até poderiam, mas levariam centenas ou milhares de anos para fazer.

Na atual tecnologia binária, as informações processadores pelos atuais processadores, são feitas por meio de bits em forma binária, representado por 0 e 1. Funcionam perfeitamente para interpretar a interação com corpos grandes, mas quase que inúteis na hora de trabalhar com partículas subatômicas.

Já a computação quântica, baseada em conceitos física, se dão melhores. Cientistas que trabalham com quântica, dizem que partículas quânticas possuem “superpoderes”.

Voltando a realidade, funciona assim: um bit quântico (ou qubits) pode ser 0 e 1 ao mesmo tempo, graças a um fenômeno chamado superposição. Outra particularidade é o emaranhamento ou entrelaçamento, que faz uma partícula responder às mudanças de outra, mesmo que estejam separadas por enormes distâncias.

O que isso significa? Enquanto dois bits normais pode avaliar somente uma combinação por vez, 1 e 1, por exemplo; um dupla de qubits pode fazer quatro pares de informação ao mesmo tempo (0 e 0, 0 e 1, 1 e 0, 1 e 1).

Mas isso ainda é só o começo

Atingir a supremacia quântica, significa que as pesquisas para construir computadores que usam essa tecnologia irá começar. Ou seja, é cedo para falar em substituir a tecnologia atual. O Google resolveu um problema artificial, e seu chip não pode solucionar nenhum problema prático que um normal pode. Segundo especialistas, estima-se que sejam necessários chips quânticos com 1 milhão de qubits para que possam, de fato, ser usados em problemas reais.

Além disso, há pessoas ainda bem cépticas. Por exemplo, cientistas da IBM — que até então tinham o computador quântico mais poderoso — contestaram o resultado do Google. Dario Gil, diretor da área de pesquisa da empresa, disse que chamar de supremacia quântica o feito de um computador criado com um propósito específico era errado.

A empresa diz que com alguma programação clássica inteligente (não quântica), sua máquina possa resolver o problema em 2,5 dias. De fato, a IBM, que possui seu próprio computador quântico de 53 bits, prefere um limiar mais alto para a supremacia quântica, o que explica seu argumento de que o Google ainda não atingiu o marco.

A IBM alega que, mesmo ao executar o maior computador do mundo por 2 dias e meio e executar petabytes de memória, eles podem simular o que o chip quântico faz em 200 segundos. Quando você o coloca no contexto, ainda é uma conquista bastante impressionante.

Mas essas advertências não devem prejudicar muito a conquista do Google, diz Peter Knight, físico do Imperial College London. “Sempre haverá maneiras inteligentes de ajustar algoritmos clássicos, mas até termos chance de digerir a metodologia que a IBM está propondo, é difícil julgar”.

Knight acrescenta que veremos mais desse tipo de vaivém quando se trata de reivindicações de supremacia quântica. “É o que esperamos de qualquer empreendimento científico”, diz ele. “Sempre desafiamos as coisas, e esse é um desenvolvimento tão importante que, é claro, temos que cutucar todas as suposições.”

Isso não significa que os computadores quânticos estejam prontos para enfrentar os problemas do mundo real. Isso permanece a décadas de distância. Em vez disso, é uma prova de conceito. De qualquer modo, é o primeiro passo de um longo caminho para obter computadores quânticos úteis.

Com informações: Newscientist, UOL e Estadão

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André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.
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