Qual o impacto do movimento Oscars depois de #OscarsSoWhite na premiação? Há dez anos, a hashtag #OscarsSoWhite viralizou, levantando um debate sobre a falta de diversidade nas indicações ao Oscar. Criada pela ativista April Reign, a campanha expôs a ausência de atores não-brancos nas categorias principais, forçando a Academia a repensar suas práticas. Será que a iniciativa promoveu mudanças significativas na representatividade e nas escolhas dos filmes premiados?
O Início da Polêmica: #OscarsSoWhite
Tudo começou com um tuíte certeiro. Em 15 de janeiro de 2015, a advogada e ativista April Reign usou a hashtag #OscarsSoWhite para criticar as indicações ao Oscar daquele ano. O motivo? Todos os 20 atores indicados nas quatro categorias principais eram brancos. A hashtag viralizou, ganhando força nas redes sociais e expondo um problema latente na indústria cinematográfica.
A pressão aumentou quando, no ano seguinte, a Academia repetiu a dose, indicando apenas atores brancos. Um ano poderia ser um erro, mas dois consecutivos escancararam um padrão. A campanha Oscars depois de #OscarsSoWhite ganhou ainda mais força, com críticas cada vez mais contundentes sobre a falta de diversidade não só nos indicados, mas também entre os votantes, em sua maioria homens brancos e mais velhos.
Diante da repercussão negativa, a Academia precisou se posicionar. Em resposta às críticas, a instituição lançou uma grande campanha de recrutamento, buscando diversificar seu corpo de votantes. A meta era ambiciosa: dobrar o número de mulheres e pessoas não-brancas na organização até 2020. “A Academia vai liderar e não esperar a indústria alcançar”, declarou a presidente da época, Cheryl Boone Isaacs.
Resultados da Iniciativa de Diversidade
Dez anos após o início da campanha #OscarsSoWhite, os números mostram que a Academia se tornou mais diversa. A instituição dobrou o número de membros desde 2015 e atingiu as metas de inclusão estabelecidas. Hoje, a Academia é mais inclusiva e cosmopolita, buscando artistas além de Hollywood e das fronteiras dos Estados Unidos. Estima-se que artistas de fora dos EUA representem pelo menos 20% dos membros.
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Mas será que essa diversificação se refletiu nos prêmios? Em grande parte, sim. Desde 2016, não houve mais listas de indicados com apenas artistas brancos. Apesar de ainda haver casos isolados, como em 2020, quando apenas Cynthia Erivo foi indicada por seu trabalho em Harriet, e algumas categorias de direção com predomínio masculino, a representatividade aumentou.
A última década trouxe indicações e vitórias históricas para artistas muçulmanos, coreanos, afro-latinos, vietnamitas, nativo-americanos e indígenas mexicanos. Chloé Zhao se tornou a primeira mulher não-branca (e apenas a segunda mulher na história) a ganhar o prêmio de Melhor Diretor. A cerimônia de 2019, com diversas premiações para artistas não-brancos, poderia ter sido chamada de #OscarsNotSoWhite, ainda que o prêmio de Melhor Filme tenha ido para Green Book, criticado por sua narrativa de “salvador branco”.
Além da diversidade, os filmes premiados também ganharam mais ousadia. Quem imaginaria a “velha” Academia premiando Moonlight, um filme de baixo orçamento sobre a vida de um jovem negro marginalizado, ou Parasita, uma sátira social sul-coreana? As indicações também refletem essa mudança, com filmes como o drama japonês Drive My Car, o anti-drama The Zone of Interest e o terror visceral de The Substance desafiando as noções tradicionais de “filme de Oscar”. Essa mudança pode ser atribuída à diversidade de cineastas convidados a se juntar à Academia na última década, como Pedro Costa, Lav Diaz e Takashi Miike.
A expansão da Academia trouxe uma melhora no “paladar” coletivo da organização. Em média, os filmes apoiados pelo Oscar desde a diversificação da equipe são melhores do que antes. Mas será que isso ajudou a melhorar a audiência da cerimônia? A internacionalização do evento é apontada como um dos motivos para a queda de audiência. Será que o público se interessa em assistir a premiação de filmes que não conhece? Em alguns momentos, a sofisticação dos indicados parece inversamente proporcional ao interesse do público.
A verdade é que a queda de audiência do Oscar é anterior à polêmica sobre a falta de diversidade. A premiação perdeu público ao longo dos anos. A expansão da categoria de Melhor Filme para além de cinco indicados, em 2009, foi uma tentativa de incluir filmes mais populares e aumentar a audiência. Nos últimos anos, o Oscar tem sido mais generoso com filmes de grande sucesso, como Pantera Negra, Top Gun: Maverick e Barbenheimer.
Em 2025, é evidente que a diversificação da Academia não apenas expandiu o espaço para artistas de diferentes origens e culturas, mas também diversificou os tipos de filmes que ganham o Oscar, ampliando o leque de realizações homenageadas pelo clube mais prestigioso de Hollywood. Com mais vozes, veio uma gama maior de gostos, que alcançou do cinema cult aos multiplex na última década de rápida mudança interna. Esse é mais um argumento para o impacto do Oscars depois de #OscarsSoWhite: quando se trata tanto de pessoas quanto dos filmes que elas fazem, a variedade é realmente o tempero da vida.
A 97ª edição do Oscar será transmitida pela ABC e via streaming no Hulu no domingo, 2 de março de 2025. Para mais textos de A.A. Dowd, visite sua página no Authory.
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Via Digital Trends