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- Um consórcio liderado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita adquiriu a Electronic Arts por cerca de US$ 55 bilhões.
- Você deve ficar atento às possíveis influências estrangeiras no setor cultural e tecnológico dos EUA causadas por essa aquisição.
- A operação gerou debates sobre riscos à segurança nacional e à independência da narrativa cultural em jogos eletrônicos.
- Autoridades americanas pedem análise rigorosa para evitar possíveis conflitos de interesse e manipulação de conteúdo.
A aquisição da Electronic Arts (EA) por um consórcio liderado pelo Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita, avaliada em aproximadamente US$ 55 bilhões, levantou preocupação nos Estados Unidos. Autoridades temem que o negócio possa ter implicações de segurança nacional e influência estrangeira, devido à forte presença de investidores ligados ao governo saudita e a empresas como a Affinity Partners, fundada por Jared Kushner. O acordo, anunciado no mês passado, prevê que o grupo adquira 100% da gigante dos videogames, o que despertou debates políticos sobre o impacto potencial na cultura e segurança dos EUA.
As razões por trás das preocupações nos EUA
O consórcio responsável pela aquisição inclui ainda a Silver Lake e a Affinity Partners, que possui forte financiamento saudita. A presença desta última na negociação elevou o nível de atenção de legisladores norte-americanos, especialmente por Jared Kushner, que foi conselheiro sênior do ex-presidente Donald Trump. Essa conexão levanta suspeitas de conflitos de interesse e favorecimento político, pois Kushner tem ligações abertas com o Fundo do Investimento Público saudita.
Para legisladores nos Estados Unidos, o investimento pode ser uma tentativa de o governo saudita ampliar sua influência no setor cultural e tecnológico do país. Essa preocupação é reforçada pelo fato de que o valor pago supera o preço de mercado habitualmente praticado, o que aumenta as suspeitas sobre uma estratégia de influência de longo prazo através da equipe de liderança da EA.
Questionamentos dos senadores americanos
Duas importantes figuras do Senado, Richard Blumenthal e Elizabeth Warren, enviaram uma carta ao Secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Eles pedem uma análise rigorosa pelo Comitê de Investimento Estrangeiro dos EUA (CFIUS). Segundo os parlamentares, há riscos de segurança nacional e de prejuízo à integridade cultural, caso a operação seja aprovada sem restrições. Eles também alertaram que os interesses estratégicos do PIF em áreas como esportes e jogos não parecem focados apenas no retorno financeiro.
Na carta, os senadores destacam que o fato do valor pago ser elevado reforça a suspeita de que a Arábia Saudita busca influência na opinião pública global por meio da aquisição da EA, uma das maiores editoras do setor.
A presença da Affinity Partners na negociação também é alvo de críticas. Segundo os senadores, a inclusão da empresa serviu para facilitar a aprovação do negócio junto às autoridades americanas. Eles apontam que as ligações de Jared Kushner com o Fundo do Investimento Saudita levantam dúvidas sobre possíveis conflitos de interesse e favorecimento político.
Ameaças às narrativas culturais e liberdade de expressão
Os parlamentares também alertam que a aquisição pode diminuir a transparência da empresa e dar ao governo saudita potencial controle sobre as narrativas culturais das redes de jogos. “O PIF estaria em posição de determinar ou vetar histórias contadas aos americanos por meio de seus jogos”, afirmam. Isso alimenta a preocupação de que a EA possa ser transformada em uma ferramenta de propaganda, algo que já tem sido levantado em análises de outros casos de influência estrangeira em plataformas digitais.
Blumenthal e Warren ainda mencionam o histórico do governo saudita de censura e perseguição a críticos, levantando dúvidas sobre a liberdade de expressão dos usuários. A privatização completa da EA poderia abrir brechas para manipulação de conteúdo e coleta indevida de dados de jogadores, agravando ainda mais o cenário.
Por fim, os senadores indicam que o acordo envolve uma aposta de bilhões de dólares em Jared Kushner, buscando garantir aprovações regulatórias. Essa estratégia, segundo eles, reforça o padrão de “corrupção e monetização do poder político”, associado às ações do governo anterior. Os parlamentares também pedem esclarecimentos ao CEO da EA, Andrew Wilson, principalmente sobre proteção de dados, uso de inteligência artificial, e a possibilidade de a companhia continuar operando de forma independente sem interferências do governo saudita.
A EA afirmou que o acordo foi aprovado pelo seu conselho e deve ser finalizado até junho de 2026, com Wilson permanecendo como CEO e a sede permanecendo na Califórnia. Mas as dúvidas persistem e o debate sobre a influência estrangeira neste setor chama atenção diante de toda a controvérsia.
