As Big Techs e a tensão entre Brasil e EUA

Análise sobre como empresas de tecnologia influenciam negociações e tarifas entre Brasil e Estados Unidos, e suas possíveis motivações.
Atualizado há 17 horas atrás
As Big Techs e a tensão entre Brasil e EUA
Empresas de tecnologia moldam negociações e tarifas entre Brasil e EUA por várias motivações. (Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • Governo brasileiro suspeita que Big Techs estão por trás da pressão de Trump contra o Brasil.
    • O objetivo é entender o impacto dessas empresas nas tarifas de Trump e na política brasileira.
    • As ações das Big Techs podem afetar relações comerciais, privacidade e soberania de dados do Brasil.
    • A influência das empresas norte-americanas também pode influenciar decisões políticas e econômicas do país.
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As tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil continuam a aumentar, e agora há uma nova hipótese ganhando força. O governo brasileiro suspeita que grandes empresas de tecnologia, as chamadas Big Techs, estariam por trás da pressão de Donald Trump. Essa informação foi divulgada pelo blog do jornalista Octavio Guedes, no g1. Pessoas próximas ao presidente Luís Inácio Lula da Silva atribuem a essas companhias a principal responsabilidade pelas recentes Tarifas de Trump específicas contra o Brasil.

Ainda de acordo com fontes, essas empresas também estariam influenciando a futura investigação comercial contra atividades brasileiras. Apesar de a aprovação de Trump ter sido essencial, a atuação das Big Techs para pressionar o país seria mais decisiva do que outras questões. Isso inclui processos em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ou mesmo a atuação brasileira no grupo econômico dos Brics. A situação é complexa e envolve diversos fatores em jogo.

Qual seria a razão da pressão das Big Techs?

Além das fontes do g1, outras análises reforçam essa tese. Colunas como a de Talita Moreira no Valor Econômico e Filipe Figueiredo no Estadão apontam para essa direção. A proximidade entre o governo Trump e os CEOs das grandes empresas de tecnologia é notável. Vários executivos do setor fizeram doações para a campanha de Trump e compareceram à cerimônia de posse, um ato simbólico de apoio.

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As principais companhias do setor, como Amazon, Google, Microsoft, X e Meta (dona de Facebook, Instagram e Threads), são todas fundadas nos Estados Unidos. Essa origem é um fator importante na relação com o governo norte-americano. A influência dessas empresas se estende por diversas áreas da tecnologia e comunicação.

Mark Zuckerberg, da Meta, parece ser um dos executivos mais próximos de Trump. Em janeiro, a Meta descontinuou um serviço de moderação em suas redes sociais. Zuckerberg também prometeu ajudar o governo “pela liberdade de expressão” e chegou a criticar o Judiciário de países da América Latina. Já Elon Musk, do X, tem uma relação mais distante com Trump atualmente. No entanto, sua aversão ao Brasil se intensificou após multas e a suspensão do X no país em 2024.

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O Brasil tem tomado algumas decisões que podem ter incomodado as Big Techs. Nas últimas semanas, o país sediou um encontro do Brics. Ali, foi assinada uma declaração sobre governança global da inteligência artificial (IA), buscando menor dependência de serviços norte-americanos. Além disso, a regulamentação de redes sociais no Brasil ainda não está completa, mas as plataformas já são consideradas responsáveis por conteúdos criminosos.

Outros países que foram alvos de tarifas e críticas de Trump, como Canadá e União Europeia, também agiram de forma parecida. Recentemente, eles tentaram aumentar a fiscalização contra plataformas digitais dos EUA. Essa coincidência sugere um padrão nas reações de Trump.

O Pix, o sistema de pagamento instantâneo brasileiro, é um dos novos alvos de Trump e pode ter gerado desconforto. Empresas como Visa e Mastercard teriam perdido relevância no país devido à popularidade do Pix. A Meta também tentou lançar um serviço similar no WhatsApp, mas foi barrado inicialmente pelo Banco Central e não ganhou o público após a liberação. Isso mostra a força do sistema brasileiro.

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Filipe Figueiredo, um dos apresentadores do podcast Xadrez Verbal, explica que a atuação livre dessas plataformas “permitem ao governo dos EUA uma enorme capacidade de presença e até ingerência na política de outros países, incluindo o acesso aos dados pessoais”. O acesso a mais dados da população brasileira foi, inclusive, uma das reclamações. A questão da privacidade e soberania de dados é um ponto crítico nessa discussão.

Há ainda outra disputa entre os dois países envolvendo a hidrelétrica de Itaipu. O Brasil tem acordos comerciais preferenciais com o Paraguai para a venda do excedente de energia. Contudo, os EUA estariam interessados nessa energia para alimentar centros de dados (data centers) focados em inteligência artificial. Isso adiciona mais uma camada de complexidade às tensões.

Em suma, existem suspeitas de que essas empresas teriam solicitado a Trump uma pressão adicional ao Brasil. O objetivo seria flexibilizar ou até mesmo acabar com a “perseguição” às Big Techs em território nacional. Até o momento, não há evidências concretas para essa acusação, e nenhuma das companhias mencionadas se manifestou sobre o caso.

A briga entre Trump e o Brasil

A atual controvérsia comercial e política entre os Estados Unidos e o Brasil se intensificou na última semana. Donald Trump anunciou, por meio de uma carta ao presidente Lula, uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. No comunicado, ele mencionou investigações contra Jair Bolsonaro e as plataformas digitais como justificativa.

Trump também alegou um possível déficit comercial para o lado estadunidense na relação bilateral. No entanto, análises dos valores das transações entre os dois países revelaram que essa afirmação não era verdadeira. Os números reais mostram que os EUA têm um superávit comercial com o Brasil.

Nesta semana, os EUA aumentaram a pressão através de um órgão fiscalizador. Foi anunciada uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais irregulares ao longo dos anos. Os argumentos incluem o tratamento dado às Big Techs.

A investigação também sugere problemas de concorrência com o Pix. Preocupações com pirataria e venda de produtos falsificados também foram citadas, com uma menção direta à Rua 25 de Março, em São Paulo. Essa série de acusações amplifica o cenário de desentendimento.

Para os consumidores, as tarifas de Trump podem ter um impacto direto no bolso. Há previsões de que essas tarifas podem fazer com que os eletrônicos fiquem até 10% mais caros em diversas partes do mundo.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.