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- O Brasil busca atrair investimentos em data centers de IA, mas enfrenta desafios como custos e infraestrutura.
- Você pode ver impactos na velocidade e qualidade dos serviços digitais devido à falta de infraestrutura especializada.
- A falta de políticas claras pode afastar investidores e retardar o desenvolvimento tecnológico no país.
- O alto consumo de energia e a insegurança jurídica são outros obstáculos para o crescimento do setor.
O Brasil almeja se tornar um polo de atração para investimentos em data centers de IA, com a expectativa de alcançar R$ 2 trilhões nos próximos 10 anos. No entanto, especialistas apontam que, sem uma política de fomento bem definida, o país pode perder espaço nessa corrida tecnológica. Atualmente, o Brasil possui cerca de 154 data centers focados no mercado interno, mas ainda carece de infraestrutura especializada em inteligência artificial.
Um dos principais desafios é a capacidade instalada de energia. Enquanto os data centers de computação geral operam abaixo de 100 MW, os especializados em IA ultrapassam esse patamar. O data center da xAI, por exemplo, possui 150 MW e busca expandir para 300 MW em 2025, demonstrando o alto consumo de energia da IA.
Para atrair investidores, é crucial analisar três critérios: custo, conectividade e segurança. O governo federal busca reduzir impostos como PIS, Cofins e IPI, mas será que isso é suficiente para tornar o Brasil competitivo?
Desafios e Oportunidades nos Data Centers de IA
O setor de data centers é mais um negócio imobiliário do que tecnológico. As empresas alugam espaço para que outras instalem seus servidores e equipamentos. A localização é crucial, e o Brasil precisa equilibrar custo, conectividade e segurança para se tornar atrativo.
O governo federal está implementando o Plano Nacional de Data Centers (REDATA) para reduzir o “custo Brasil”, com a intenção de diminuir impostos. No entanto, mesmo com essas medidas, a carga tributária ainda é alta. Enquanto em outros países é possível instalar dois servidores pelo preço de dois, no Brasil paga-se por dois e leva-se apenas um, devido aos impostos que podem chegar a 92% do valor do produto somado ao frete. Essas isenções fiscais se aplicam somente às empresas estrangeiras que aderirem ao REDATA, não beneficiando outras empresas ou o consumidor final.
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Embora o REDATA vise atenuar os custos, o Brasil se destaca na conectividade. O país possui 19 cabos submarinos que ligam diversas cidades a países como EUA, Portugal e Argentina. Essa infraestrutura beneficia a exportação de serviços, mas prioriza localidades próximas à costa, criando um dilema entre conectividade e proximidade de fontes de energia no interior.
Conectividade e Energia: Um Dilema a Ser Resolvido
A solução para o dilema entre conectividade e energia pode estar em investimentos públicos em geração e distribuição de energia. Contudo, a falta de confiança na capacidade do país em cumprir essas promessas é um obstáculo. A xAI, de Elon Musk, planeja atingir 1.560 MW de capacidade com capital próprio, um valor superior à capacidade da usina nuclear de Angra 3, um projeto que se arrasta há décadas.
Atrasos em obras de infraestrutura, como as prometidas para a Copa do Mundo de 2014, geram insegurança nos investidores. A assinatura de documentos públicos por autoridades brasileiras, garantindo a expansão da oferta de energia elétrica, não parece ter o peso necessário para tranquilizar o mercado.
A segurança também é um ponto crítico. No Ceará, principal hub de cabos submarinos do Brasil, projetos de dessalinização e a presença de narcoestados ameaçam a estabilidade da internet e a soberania na região. A cobrança de impostos por narcoestados a operadoras de telecomunicações em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro levanta dúvidas sobre a segurança de novos data centers.
Insegurança Jurídica e o Pedágio na Internet
Além dos problemas de segurança, a Anatel propõe a implementação de um “pedágio na internet” (fair share), o que pode afastar ainda mais os investimentos. A agência alega que as big techs utilizam as telecomunicações de forma abusiva, causando prejuízos às operadoras. Essa medida, já implementada na Coreia do Sul, resultou no aumento de tarifas e na fuga de empresas como Netflix e Twitch.
A anulação do artigo 19 do Marco Civil da Internet pelo STF também agrava o cenário. Esse artigo protegia os serviços online, responsabilizando o autor da mensagem e não a plataforma. A ausência dessa proteção pode levar à responsabilização das empresas de IA por discursos de ódio gerados por suas IAs, tornando o Brasil um ambiente inseguro para esse tipo de inovação. Se você se interessa por novas tecnologias, não deixe de conferir os avanços em GPUs integradas com novas tecnologias.
As LLMs e chatbots ainda estão em fase de experimentação e podem reproduzir padrões negativos, como discursos de ódio. Sem a proteção do artigo 19, empresas de IA e plataformas online podem ser responsabilizadas, aumentando os riscos no Brasil.
Oportunidades Perdidas e a Necessidade de Mudança
O Brasil já colhe os frutos dessas dificuldades. O Google, por exemplo, possui data centers próprios apenas no Chile e no Uruguai, mesmo com o mercado brasileiro sendo muito maior. A falta de confiança, estabilidade e neutralidade impede que o país se torne um polo de infraestrutura de uso global. Afinal, quantos países já prenderam um vice-presidente de uma big tech?
Sem correções nos pilares de Custo, Conectividade e Segurança, os projetos podem ser construídos, mas sem grandes clientes ou compradores, correndo o risco de ficarem paralisados. Os investimentos são proporcionais às vendas confirmadas, ou seja, a capacidade anunciada nem sempre se concretiza em capacidade instalada. Inclusive, a TSMC deve dominar 75% do mercado de fundição de chips até 2026, o que mostra a importância de um ambiente de negócios favorável.
É crucial corrigir a rota para que o Brasil se torne competitivo na exportação de serviços de tecnologia da informação. Para isso, é necessário agir com rapidez e plantar “tâmaras”, ou seja, investir em estabilidade institucional e segurança jurídica a longo prazo. Até que isso aconteça, o Brasil continuará sendo carta fora do baralho na corrida dos data centers de IA.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.
Via TecMundo