Brasil tem oportunidade para se tornar hub de data centers, apontam especialistas

Especialistas destacam que o Brasil tem potencial para se tornar um hub de data centers, impulsionado pela energia renovável e demanda por IA. Saiba mais.
Atualizado há 6 horas atrás
Brasil tem oportunidade para se tornar hub de data centers, apontam especialistas
Brasil pode ser hub de data centers com energia renovável e demanda por IA. (Imagem/Reprodução: Mobiletime)
Resumo da notícia
    • O Brasil está se posicionando como um potencial hub para data centers, impulsionado pela energia renovável e demanda por IA.
    • Você pode se beneficiar de investimentos em tecnologia e infraestrutura, além de oportunidades no setor de energia limpa.
    • O crescimento do setor pode atrair trilhões em investimentos e gerar empregos, mas depende de regulação favorável.
    • A descentralização de data centers pode levar desenvolvimento para regiões menos favorecidas.
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O Brasil tem se posicionado como um potencial hub para data centers, impulsionado pela crescente demanda por capacidade computacional e, principalmente, pela disponibilidade de energia renovável. Recentemente, Brasília foi palco de debates sobre políticas públicas para o setor, reunindo especialistas para discutir estratégias e desafios. A expectativa é que o país aproveite a janela de oportunidade para o desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial (IA), desde que a regulação não se torne um entrave.

Marcos Peigo, CEO da Scala Data Centers, ressaltou que a estratégia do governo pode atender à demanda criada pela assimetria no setor energético. Segundo ele, se todos os projetos de energia limpa e renovável forem implementados até o final de 2026, haverá 6 GW de energia sem clientes para consumir. Esses dados foram apresentados durante o 5º Congresso Brasileiro de Internet, promovido pela Abranet.

As estimativas dos Planos Decenais de Expansão de Energia, elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), também indicam um crescimento significativo das fontes renováveis. A projeção é de uma expansão de aproximadamente 11,8 GW para a fonte eólica e 7 GW para a fonte solar fotovoltaica até 2026. Até 2034, espera-se um acréscimo total de 55 GW, com 45% da capacidade instalada proveniente de fontes renováveis, incluindo eólica e solar.

Brasil e a Vantagem Competitiva em Energia Renovável

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A relevância das fontes renováveis reside na sua capacidade de atender à demanda energética dos data centers, especialmente no contexto da IA. Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) mostram que uma busca no Google consome 0,3 watt-hora de eletricidade, enquanto uma solicitação ao ChatGPT consome 2,9 watt-horas, cerca de dez vezes mais. Portanto, o treinamento e a aplicação de modelos de IA exigem alta capacidade, e é nesse ponto que o Brasil se destaca.

Peigo explicou que cerca de 30% das cargas de IA podem ser executadas em qualquer lugar do mundo, tornando o Brasil um competidor global. Além disso, grandes empresas internacionais têm compromissos públicos de sustentabilidade e de carbono zero nos próximos anos, o que pode impulsionar a busca por locais com energia limpa e renovável.

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O governo brasileiro estima que a política de data centers pode atrair R$ 2 trilhões em investimentos. No entanto, algumas entidades da sociedade civil questionam a base de cálculo utilizada, já que o Estado ainda não apresentou uma referência clara para esses números. O mercado, por sua vez, trabalha com estimativas baseadas em suas próprias expectativas.

A Scala AI City, região de data centers da empresa, projeta cerca de US$ 50 bilhões em investimentos nas próximas décadas. Considerando os investimentos dos clientes, ecossistema e infraestrutura, o montante total de investimento direto pode chegar a US$ 250 bilhões, conforme explicou o CEO da Scala Data Centers.

Regulação e Segurança Jurídica

Para que esses investimentos se concretizem, é fundamental uma regulação favorável. A visão do CEO da Scala Data Center é semelhante à do diretor geral da AWS Brasil para o setor público, Paulo Cunha, que defende a aplicação de desonerações também no âmbito estadual, além do federal, garantida na Medida Provisória em fase de finalização no governo. Peigo acredita que os governadores “vão abraçar” a medida, pois ela viabiliza uma receita que antes não existia. É como ter um Galaxy A56 com desconto, todos querem!

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No entanto, ambos compartilham a preocupação com a segurança jurídica das operações. Cunha, da AWS, mencionou a regulação de IA, enquanto Peigo, da Scala, também alertou para a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Peigo defende que a LGPD não deve se aplicar a dados que não pertencem ao Brasil. “A LGPD foi criada com o conceito de proteger os dados brasileiros e os agentes brasileiros que tratam informação. A visão do Brasil como um hub global passa por ser um hub isento, neutro, que permite que dados internacionais venham para cá, sejam processados e devolvidos aos mercados internacionais”, explicou.

O objetivo não é explorar, mas sim processar dados estrangeiros no Brasil e devolver as informações aos seus proprietários.

Transferência de dados e o cenário legislativo

No âmbito legislativo, representantes do setor de data centers participaram de uma audiência pública com a ANPD, representada pela diretora Míriam Wimmer. Na ocasião, Wimmer destacou que já existe um normativo aprovado para a transferência de dados internacionais, a Resolução CD/ANPD nº 19/2024, que entra em vigor em agosto deste ano. Ela observa diretrizes de interoperabilidade, como “cláusulas-padrão” contratuais recomendadas por organismos internacionais.

Wimmer afirmou que a ANPD busca simplificar e descomplicar os fluxos globais de dados, criando mecanismos simples e interoperáveis que dialoguem com os sistemas jurídicos de outros países. A diretora reforçou a disponibilidade da ANPD para continuar o diálogo com o setor.

O Legislativo continua a discutir novas mudanças na lei, o que gera preocupação com as regras que ainda podem ser implementadas. A audiência pública mencionada discutiu o PL 3018/2024, que propõe um marco legal para data centers voltados para inteligência artificial e aguarda análise da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara. A recomendação da diretora da ANPD foi a atenção aos termos já previstos na LGPD, para evitar insegurança jurídica. Que as empresas possam ter a mesma agilidade do Google Pay.

Gleysson Araújo, CEO da Everest Digital, destacou que a política pública em construção, juntamente com o projeto de lei, pode criar um ambiente favorável para investimentos, desde que as regras sejam claras.

A proposta do PL 3018/2024 estabelece, entre outras obrigações, “auditorias energéticas periódicas para identificar oportunidades de redução de consumo de energia”. Araújo sugere que sejam definidas métricas pré-definidas e graduais para transformar a fonte em renovável dentro dos próximos dez anos.

Fomento à pesquisa e desenvolvimento

Espera-se que a política e a lei para data centers no Brasil vinculem desonerações ao investimento em pesquisas em ciência e tecnologia. Araújo defende que esse ponto é crucial para o desenvolvimento do setor no país.

É fundamental fomentar a pesquisa e o desenvolvimento no Brasil, juntamente com o crescimento dos data centers. “Se esse investimento vier de fora, não tem problema, mas que também deixe um legado de pesquisa e desenvolvimento nas universidades e instituições de ensino, senão seremos uma colônia digital”, afirmou Araújo.

Araújo também chamou a atenção para a necessidade de descentralizar as instalações, aproveitando regiões com energia em abundância e evitando o colapso em áreas de maior consumo. A Everest, por exemplo, instalou um data center em Goiás.

“Hoje nós colocamos em Goiás um data center que tem certificações respeitadas internacionalmente, porque é importante para grandes empresas, por exemplo, empresas que estão buscando inovação e querendo empenhar desenvolvimento em inteligência artificial”, disse Araújo.

Renan Lima Alves, presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), acrescentou que a exploração de novas regiões tem sido implementada com infraestrutura de borda.

“Hoje realmente grande parte dos data centers estão localizados no Sudeste, mas a gente tem agora um movimento que […] eu não diria que é descentralização, mas é a combinação de data centers de pequeno, médio e grande porte, que vão trazendo valor agregado para toda a nação”, afirma Alves.

Alves reforça que o mercado só investe no Brasil devido à disponibilidade de energia renovável. “As empresas e operadores de data center só conversam se tiver garantia de disponibilidade energética”, concluiu, em consonância com outros atores do setor.

Em sintonia com os demais, Alves entende que um dos pontos mais importantes será a agilidade para aproveitar o timing favorável.

Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

Segunda: Via Mobile Time

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.