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- Nos primeiros três meses de 2025, R$ 22 bilhões foram transferidos para plataformas de apostas digitais por brasileiros.
- Muitos residentes sacrificam alimentos e deixam de investir em educação devido ao foco em apostas online.
- O valor destinado às apostas pode chegar a R$ 270 bilhões até o final de 2025, afetando a sociedade e o futuro do país.
- Dados apontam que centenas de milhares podem não iniciar ou concluir seus estudos universitários devido aos custos com apostas.
- Senadores discutem soluções para conter esse aumento no consumo de apostas, considerando impacto social e econômico.
Um relatório recente do Banco Central (BC) revelou um dado importante sobre o comportamento financeiro dos brasileiros. No primeiro trimestre de 2025, impressionantes R$ 22 bilhões foram transferidos de contas de pessoas físicas diretamente para plataformas de apostas em sites digitais e aplicativos. Essa informação veio à tona durante uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as chamadas bets.
A questão foi amplamente debatida na Sessão Deliberativa Ordinária do Senado, que aconteceu ontem (15). O senador Humberto Costa (PT/PE), que presidiu a sessão, destacou uma preocupação crescente. Se o ritmo de gastos continuar o mesmo, os brasileiros podem despender cerca de R$ 270 bilhões com apostas até o fim de 2025.
O Cenário das Apostas em Sites Digitais no Brasil
Essa projeção de R$ 270 bilhões, feita por Rafael Furlanetti, diretor Institucional da XP, é um número que chama atenção. O senador Humberto Costa ressaltou que esse valor seria equivalente a 84% de todo o varejo de carne bovina no Brasil em 2024. É um montante significativo que se desloca de setores essenciais para as apostas.
Durante a mesma sessão no Senado, que teve suas Notas Taquigráficas divulgadas, mais dados sobre o impacto das apostas surgiram. Uma pesquisa apontou que 29% dos entrevistados admitiram usar parte do dinheiro que reservariam para o fim de semana em plataformas de apostas com bônus. Isso mostra uma prioridade financeira preocupante para muitos.
O levantamento também indicou que 18% dos brasileiros disseram ter reduzido a compra de carnes ou almoços fora de casa. O motivo? Manter a chamada “banca”, que é o valor destinado para apostar. Esse comportamento sugere que bens essenciais estão sendo sacrificados em prol dos jogos online.
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Em outras palavras, muitos brasileiros, especialmente aqueles em faixas de renda mais baixa, estão abrindo mão de alimentos básicos para jogar online. Além da alimentação, outras necessidades e prioridades importantes na vida das pessoas têm sido deixadas de lado por causa das bets. O impacto vai além do bolso, afetando diretamente o dia a dia.
Impacto no Cotidiano e na Educação
O debate no Senado, ocorrido na 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, trouxe à tona outra consequência grave: pessoas estão desistindo de entrar no Ensino Superior. Isso é um alerta importante sobre o futuro.
Um estudo intitulado “O impacto das bets na educação superior”, realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insights, revelou dados preocupantes. Uma das principais descobertas foi que 34% dos entrevistados disseram que precisariam parar de apostar para iniciar seus estudos no primeiro semestre de 2025.
A pesquisa indicou que cerca de 986 mil pessoas podem não conseguir efetivar sua matrícula na graduação no primeiro semestre de 2026. O motivo apontado para isso é o comprometimento financeiro com os sites de apostas. Esse é um número muito alto e preocupante para o desenvolvimento do país.
De acordo com o mesmo estudo, 52% dos entrevistados afirmaram apostar regularmente, ou seja, de uma a três vezes por semana, no mínimo. Os valores médios investidos variam bastante: nas classes D e E, a média mensal é de R$ 421, enquanto nas pessoas da classe A, esse valor pode chegar a R$ 1.210 por mês. Esses números evidenciam a abrangência do problema em diferentes camadas sociais.
O Debate no Senado sobre o Tema
Os senadores presentes na Sessão Deliberativa Ordinária do Senado, sem adotar um tom de autocrítica sobre a legalização das apostas, discutiram a necessidade de medidas para tentar conter a chamada “febre das bets“. O clima foi de preocupação e busca por soluções.
O senador Eduardo Girão (NOVO/CE) foi um dos primeiros a criticar as casas de apostas abertamente. Ele descreveu a liberação das bets como um “desastre”. Para ele, a situação deve servir de aprendizado para não se apostar novamente em algo semelhante, como a autorização de cassinos e bingos.
Ele justificou sua posição dizendo: “Errar uma vez é ruim, mas errar duas vezes é injustificável, porque estamos tratando de um vício que destrói famílias e leva muitos ao suicídio”. Essa fala ressalta a gravidade do tema e as consequências sociais que podem surgir. Há muitos jogos que podem se tornar alvo de apostas.
O senador Izalci Lucas (PL/DF) argumentou que as bets “destruíram o Brasil”. Ele relembrou que, além de equivaler ao consumo de produtos importantes como carne, esses sites de apostas têm sido o destino de parte do dinheiro recebido do Bolsa Família em muitas famílias brasileiras.
O senador Chico Rodrigues (PSB/RR) defendeu uma “cobrança de imposto substancial a essas bets“. Ele destacou o impacto nas famílias que dependem de auxílios sociais, como o Bolsa Família.
“A gente vê, inclusive, que, sobre os benefícios sociais que o Governo destina à população brasileira, como, por exemplo, o Bolsa Família, tem famílias que muitas vezes se veem quase sem nada daqueles valores, porque normalmente os cabeças da família passam a utilizar o jogo como uma prática de risco à vida”, discursou o senador. Ele concluiu afirmando que essa é uma “verdadeira ilusão” que preocupa a todos, pois “atinge frontalmente a sociedade brasileira”.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.