China condena à morte líderes de grupo de golpes cibernéticos em Mianmar

Justiça chinesa sentencia à morte líderes de quadrilha de golpes online em Mianmar que afetou o mundo.
Atualizado há 6 horas
China condena à morte líderes de grupo de golpes cibernéticos em Mianmar
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • A justiça chinesa condenou à morte 11 líderes de uma quadrilha que operava golpes online em Mianmar, causando prejuízos globais.
    • Você deve ficar atento a golpes online, pois quadrilhas como essa atingem vítimas em vários países, inclusive brasileiros.
    • O grupo exercia tráfico humano e praticava violência contra trabalhadores forçados, revelando a gravidade dos crimes cibernéticos.
    • Duas vítimas brasileiras conseguiram escapar das condições abusivas e retornaram ao Brasil, mostrando a dimensão internacional do problema.
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A justiça chinesa anunciou a condenação à morte de 11 pessoas, apontadas como líderes de uma poderosa quadrilha. Este grupo era responsável por operar “fábricas” de golpes online em Mianmar, atingindo vítimas em diversas partes do mundo e gerando bilhões de dólares ao longo de vários anos. A decisão foi tornada pública na última segunda-feira, dia 29.

Todos os condenados fazem parte da família Ming, que atuava na região de Kokang. Esta é uma área autônoma na fronteira entre Mianmar e a China, onde funcionava um dos complexos de fraudes online. Outras cinco pessoas receberam a mesma sentença, mas com a pena suspensa por dois anos. Além disso, 12 réus foram sentenciados a até 24 anos de prisão, mostrando a abrangência da operação judicial.

Táticas de Fraude, Tráfico Humano e Atos de Violência

De acordo com as informações detalhadas no processo, o grupo que recebeu a condenação à morte na China era uma das “quatro famílias” que gerenciavam as centrais de golpes pela internet e operações de jogos de azar ilegais em Mianmar. No auge de suas atividades, a família Ming chegou a empregar cerca de 10 mil pessoas em seus negócios fraudulentos.

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Muitos desses funcionários eram vítimas de tráfico humano, forçadas a trabalhar em condições extremamente insalubres. Eles eram obrigados a passar longas horas aplicando golpes em redes sociais, utilizando táticas enganosas para persuadir as vítimas.

As fraudes sofisticadas envolviam diversas práticas. Entre elas, estava o golpe do amor, que se baseava na criação de perfis falsos no Instagram e em aplicativos de namoro para enganar pessoas. Também eram comuns as ofertas de trabalho remoto falsas, onde a vítima precisava pagar “recargas” para receber uma suposta comissão, que nunca chegava.

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O tribunal chinês também revelou detalhes chocantes sobre a violência do grupo. A quadrilha foi responsável pela morte de pelo menos 10 pessoas que se recusaram a obedecer às ordens ou tentaram fugir dos complexos. A grande influência do grupo na região, com membros envolvidos no governo local ou alinhados a milícias, tornou a investigação um desafio considerável por um longo tempo.

No entanto, após diversas denúncias e reportagens da imprensa internacional, a China agiu. Em novembro de 2023, o país emitiu mandados de prisão para vários membros da família Ming, acusando-os de fraude, assassinato e tráfico de pessoas. O líder do grupo, Ming Xuechang, tirou a própria vida enquanto estava na prisão, durante o processo de investigação.

Entre os detidos está Ming Guoping, filho do líder, que chefiava a Força de Guarda de Fronteira de Kokang. Sua filha, Ming Julan, e a neta, Ming Zhenzhen, também foram identificadas como parte do grupo que operava em Mianmar desde 2015. A ação da quadrilha expandiu-se para outros países do sudeste asiático, ampliando o alcance de suas atividades criminosas.

Vítimas Brasileiras em Meio aos Golpes Cibernéticos

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No meio dos jovens de diversas nacionalidades que foram forçados a trabalhar nas fábricas de golpes cibernéticos de Mianmar, havia pelo menos dois brasileiros. Os casos vieram à tona no final de 2024, e em ambos, as vítimas foram atraídas por falsas ofertas de emprego. Os salários prometidos eram altos, chegando a US$2 mil mensais, o que equivalia a mais de R$10 mil na cotação da época.

Os dois jovens brasileiros ficaram presos por vários meses nos complexos, vivendo sob ameaças de morte e raramente conseguindo se comunicar com suas famílias. Em fevereiro, a dupla conseguiu fugir do local com a ajuda de uma ONG, junto com mais de 300 outras pessoas. Eles passaram pela Tailândia antes de finalmente conseguir retornar ao Brasil, em uma jornada de volta para casa.

Conforme os relatos dos brasileiros, as condições de trabalho eram brutais. Eles eram obrigados a trabalhar em média 16 horas por dia. Caso não cumprissem as metas estabelecidas pelos golpistas, as vítimas podiam ser submetidas a longas sessões de agachamento, espancamentos e até mesmo choques elétricos. Essas eram algumas das violências enfrentadas pelas pessoas traficadas para os esquemas de fraudes online em Mianmar.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.