Ciência além da torre de marfim: uma visão do térreo

Olavo Amaral, professor da UFRJ, revela em seu livro como a ciência pode ser acessível e transformadora quando vista do 'térreo'.
Atualizado há 1 dia atrás
Ciência além da torre de marfim: uma visão do térreo
Olavo Amaral mostra como a ciência pode ser transformadora ao alcançarmos o 'térreo'. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Olavo Amaral, professor da UFRJ, lança um livro que explora a ciência a partir de uma perspectiva jornalística, mostrando sua conexão com a sociedade.
    • O livro “Na Saúde e na Doença” aborda como a ciência médica se relaciona com política, mercado e sociedade, desmistificando a ideia da torre de marfim.
    • Essa abordagem pode ajudar você a entender como a ciência impacta diretamente sua vida e como os cientistas podem se comunicar melhor com o público.
    • A obra também destaca os desafios enfrentados pelos pesquisadores ao sair do ambiente acadêmico e lidar com a polarização e desinformação.
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A metáfora da torre de marfim, que representa a ciência acadêmica, nem sempre reflete a realidade. A ideia de que cientistas devem deixar essa torre para compartilhar conhecimento com a sociedade pode parecer um tanto arrogante. Afinal, a disseminação da sabedoria não exige necessariamente que o cientista abandone seu posto; bastariam bons alto-falantes e um comunicador eficiente. Mas existem outros motivos que levam os pesquisadores a sair de seus laboratórios.

Ciência vista do térreo: Uma Experiência Transformadora

Olavo Amaral, professor da UFRJ, embarcou nessa jornada ao ser convidado para escrever um livro sobre ciência, medicina e mercado. Em vez de usar sua expertise acadêmica, ele preferiu adotar uma perspectiva jornalística, observando o mundo da ciência a partir do “térreo”.

Durante quase uma década, Amaral realizou entrevistas e investigações, conversando com diversas figuras, desde pacientes psiquiátricos até aviadores antivacina. Ele se envolveu em campanhas de rastreamento de câncer, eventos antimanicomiais e palestras sobre imortalidade, além de acompanhar grupos de médicos bolsonaristas. O autor também interagiu com chatbots, teve seus dados genéticos hackeados e até foi acusado de ser um “assassino financiado por banqueiros”.

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Essas experiências estão relatadas em seu livro recém-lançado, “Na Saúde e na Doença”. Sua esposa descreveu a obra como “auto-não-ficção”, comparando-o a Karl Ove Knausgård da ciência. Em termos mais sóbrios, o livro é uma coleção de ensaios que exploram as interseções entre a ciência médica, a sociedade, a política e o mercado.

Descer da Torre: Para quê?

Amaral ressalta que “descer da torre” não é uma obrigação. O mundo exterior pode ser hostil, com conflitos e paixões exacerbadas, onde a racionalidade nem sempre prevalece. Se o cientista não se sente à vontade, é melhor que continue trabalhando em seu próprio espaço.

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No entanto, se a decisão for sair, o autor sugere que o principal objetivo deve ser escutar, e não apenas disseminar conhecimento. O jornalismo o forçou a ouvir pessoas que, em outras circunstâncias, ele jamais consideraria. Essa escuta atenta pode revelar perspectivas surpreendentemente válidas. Inclusive, a crescente onda de golpes com IA no cibercrime está cada vez mais presente no Brasil.

É importante estar ciente de que essa experiência pode transformar o cientista. Quanto mais ele se manifesta sobre um tema, maior a dificuldade em mudar de opinião, especialmente nas redes sociais. Isso pode comprometer sua isenção. Defender a ciência, nesse contexto, pode significar abandonar a postura científica e adotar uma mentalidade de “soldado” no debate público.

O livro de Amaral aborda a permeabilidade da academia ao mundo externo. A pandemia de Covid-19 exemplificou essa questão, com a polarização política influenciando a medicina e gerando “ciências paralelas”. Para o público, pode ser difícil discernir qual caminho seguir, especialmente quando diletantes invadem as instituições.

A Ilusão da Torre de Marfim

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Olavo Amaral conclui que a “torre de marfim” nunca existiu de fato. Todos estamos no “térreo”, expostos aos ruídos e controvérsias do mundo. Nossas visões podem ser tão ou mais influenciadas por esses fatores quanto as do cidadão comum.

Portanto, o desafio real não é descer da torre, mas elevar-se um pouco acima do chão para encontrar um espaço de reflexão mais tranquilo. Um doutorado ou cargo de professor pode ajudar, mas escapar do ruído do mundo é um esforço solitário e constante: construir um “banquinho” para pensar de forma mais isenta. Além disso, a Sol amplia cobertura de 3G e 4G para 30 mil propriedades rurais no Brasil.

Olavo Amaral é professor do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis da UFRJ e autor do livro “Na Saúde e na Doença”, publicado pela Objetiva.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de S.Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.