A Libra token crashed e manchou a reputação do mercado de criptomoedas em poucos dias, além de quase levar o presidente da Argentina, Javier Milei, a um processo de impeachment. O token LIBRA foi lançado em 15 de fevereiro com o apoio do presidente, que compartilhou um link do projeto e seu contrato no X.
O objetivo do projeto era aproveitar a onda de hype das meme coins estatais, seguindo o “sucesso” percebido da Central African Republic Meme (SAC). Após a postagem de Milei, o preço da LIBRA saltou de US$ 0,34 para US$ 0,75 em questão de horas, um aumento de cerca de 120%. No entanto, quando a postagem foi removida da página de Milei, o preço do token despencou, gerando especulações de que se tratava de um golpe.
No mesmo dia, Milei explicou em uma postagem seguinte que removeu a mensagem porque não estava ciente dos detalhes do projeto. Enquanto isso, o cofundador da LIBRA, Hayden Davis, que também é cofundador da Kelsier Ventures, tem ligações com a Melania Coin (MELANIA).
Retirada de US$ 4,4 bilhões em horas
Pesquisadores da The Kobbeissi Letter foram os primeiros a levantar preocupações sobre a LIBRA. Eles também salvaram uma cópia da postagem apagada de Milei e confirmaram que sua conta não havia sido hackeada. A notícia era real.
Investigações adicionais revelaram que o site oficial da LIBRA foi criado apenas uma hora antes do lançamento do token, embora seu domínio tivesse sido registrado um ano antes. No mesmo dia, analistas da Bubblemaps identificaram nove endereços ligados ao projeto LIBRA. Essas carteiras pareciam ter conhecimento prévio do lançamento e venderam suas participações no pico.
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Dados da DEXScreener também sinalizaram atividade incomum: uma carteira comprou LIBRA por cerca de US$ 1 milhão e, posteriormente, vendeu suas participações por US$ 7 milhões, obtendo um lucro de US$ 6 milhões. Isso levantou suspeitas, já que a LIBRA era praticamente desconhecida na época, tornando uma negociação de alto risco como essa extremamente arriscada, a menos que o operador tivesse informações privilegiadas.
Ao mesmo tempo, surgiram relatos de operadores que sofreram perdas significativas com as negociações da LIBRA. De acordo com a Dune, as perdas realizadas pelos operadores da LIBRA totalizaram US$ 303 milhões. Os dados também mostram que 99,1% dos operadores estão no prejuízo.
O que alimentou ainda mais a especulação foi o fato de que quase todos os tokens LIBRA estavam concentrados em um único pool de liquidez na Meteora, uma exchange descentralizada (DEX) na Solana (SOL).
A Meteora estava envolvida no esquema?
Assim como com a SAC, as principais exchanges de criptomoedas demoraram a listar a LIBRA. De acordo com a CoinGecko, quase todo o volume de negociação do token, cerca de 72,5% ou US$ 116,5 milhões, estava concentrado na Meteora.
Uma das poucas exchanges centralizadas (CEXs) a listar a LIBRA foi a MEXC, que movimentou cerca de US$ 3 milhões em volume, ou apenas 1,8% do total.
Enquanto isso, dados da GeckoTerminal mostraram que, apesar de os insiders já estarem sacando, a LIBRA permaneceu entre os três tokens mais negociados em exchanges descentralizadas, com um volume de US$ 116,7 milhões. Para fins de comparação, o par de negociação SOL/USDC liderou o ranking com US$ 187 milhões em volume, normalmente um sinal de retiradas em grande escala para DEXs por baleias ou insiders.
Isso é comum no espaço das meme coins, onde os tokens são frequentemente lançados na Pump.fun e pareados com SOL. Os operadores, então, usam stablecoins (neste caso, USDC) para sacar das DEXs. A dominância da Meteora na negociação da LIBRA levantou suspeitas na comunidade cripto, com alguns questionando se a exchange e sua equipe estavam envolvidas no esquema.
Em 15 de fevereiro, dia do lançamento do token, o cofundador da Meteora, Ben Chow, abordou a controvérsia no X, afirmando que a plataforma não tinha ligação com a LIBRA e enfatizando que a Meteora é uma “plataforma sem permissão”. No entanto, essa declaração pouco fez para acalmar as preocupações. A situação ficou ainda mais obscura quando outra DEX baseada em Solana, a Jupiter, foi arrastada para a controvérsia.
O pesquisador de criptomoedas Finish compartilhou uma captura de tela de uma suposta conversa (cuja autenticidade permanece não verificada) sugerindo que a LIBRA foi inicialmente planejada para ser lançada sob o ticker $AFUERA. A captura de tela também mencionava o CEO da Jupiter.
Em 16 de fevereiro, a equipe da Jupiter divulgou uma declaração no X após uma investigação interna. Eles alegaram que nenhum funcionário estava envolvido no golpe ou recebeu tokens antecipadamente. No entanto, eles reconheceram saber do lançamento da LIBRA duas semanas antes, mas não sobre a natureza fraudulenta do projeto.
A reputação da Meteora sofreu outro grande golpe em 18 de fevereiro, quando a SolanaFloor publicou um vídeo supostamente provando o envolvimento da plataforma em um esquema fraudulento com a Kelsier Ventures. Apenas algumas horas após o surgimento do vídeo, o fundador da Jupiter, conhecido sob o pseudônimo meow (que também é um dos cofundadores da Meteora), anunciou que Ben Chow havia renunciado.
Apesar da saída de Chow, meow insistiu que não acreditava que Chow estivesse envolvido no golpe da LIBRA. Durante uma entrevista ao Todo Noticias em 18 de fevereiro, Milei revelou que havia se encontrado com os criadores da LIBRA. No entanto, ele negou que sua postagem nas redes sociais tivesse como objetivo promover o investimento, alegando que estava apenas compartilhando detalhes sobre um projeto cripto para apoiar empreendedores argentinos.
O lado sombrio das meme coins
O caso da Libra token crashed, alimentado pelo hype mais amplo em torno do mercado de criptomoedas, expõe mais uma vez o lado mais sombrio da indústria. Esses esquemas estão se tornando cada vez mais comuns.
As meme coins estão quase sempre sob os holofotes, com seus nomes reconhecíveis até mesmo para pessoas que não acompanham ativamente as criptomoedas. Isso atraiu uma onda de novos operadores em busca de lucros rápidos, muitos dos quais não fazem pesquisas adequadas e caem nesses esquemas. Também é difícil ignorar a influência do presidente dos EUA, Donald Trump, cuja presença amplificou ainda mais a mania das meme coins.
Este é o segundo grande escândalo em poucos dias. Na semana passada, a Central African Republic Meme se viu no centro da controvérsia. A SAC foi lançada como uma chamada meme coin estatal com o apoio do presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra.
No entanto, as suspeitas em torno de um possível vídeo deepfake de Touadéra, o bloqueio da página oficial da SAC e as preocupações com a centralização fizeram com que o preço do token desabasse em quase 100%.
O pesquisador de criptomoedas Koryo observou que, embora as meme coins sejam agora um tema quente, elas também trazem uma sensação de constrangimento, desviando a atenção de projetos cripto mais significativos.
É difícil dizer com certeza, mas as meme coins estão se tornando uma força cada vez mais dominante no mercado de criptomoedas em geral. Enquanto isso, projetos com aplicações no mundo real, como os do setor de Real World Assets (RWAs), estão sendo ofuscados, já que os operadores priorizam ganhos de curto prazo em vez de avanços tecnológicos. O pesquisador de criptomoedas Ignas destacou essa tendência, observando que a especulação está dominando o mercado, enquanto projetos fundamentais lutam para ganhar força.
Apesar da controvérsia, a resposta da Meteora e a renúncia de Ben Chow sugerem que alguns esforços em direção à transparência existem dentro do espaço cripto. O mercado está tentando se responsabilizar, particularmente nas finanças descentralizadas (DeFi), onde frequentemente surgem perguntas sobre responsabilidade quando as coisas dão errado. Além disso, a própria comunidade cripto desempenha um papel fundamental na exposição de projetos suspeitos, conduzindo suas próprias investigações quando surgem sinais de alerta. Além disso, na Argentina, legisladores da oposição estão agora pressionando pelo impeachment do presidente Javier Milei, citando seu envolvimento na promoção do golpe da LIBRA.
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