Comissão de Direitos Humanos mantém constelação familiar no SUS e na Justiça

Comissão de Direitos Humanos decidiu manter a constelação familiar no SUS e na Justiça. Entenda os motivos e as polêmicas envolvidas.
12/05/2025 às 17:44
Comissão de Direitos Humanos mantém constelação familiar no SUS e na Justiça
Resumo da notícia
    • A Comissão de Direitos Humanos do Senado decidiu manter a constelação familiar no SUS e na Justiça.
    • Você pode ser afetado por essa decisão se utilizar serviços públicos de saúde ou justiça.
    • A prática, considerada pseudociência, pode impactar negativamente pacientes e processos judiciais.
    • Críticos alertam para riscos de revitimização e reforço de estereótipos prejudiciais.
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A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal decidiu manter a prática da constelação familiar no Sistema Único de Saúde (SUS) e na Justiça. Essa decisão ocorreu após a rejeição de uma sugestão legislativa que visava proibir o uso dessa prática em instituições públicas. Mas afinal, o que é a constelação familiar e por que ela gera tanta discussão? Vamos entender melhor essa história.

A constelação familiar é considerada uma pseudociência por não utilizar métodos científicos comprovados. Criada pelo alemão Bert Hellinger, a técnica propõe resolver conflitos, principalmente os familiares, através de dinâmicas de grupo.

Para Hellinger, a família ideal segue três princípios básicos: pertencimento, hierarquia e equilíbrio. Segundo a teoria, o não cumprimento dessas leis pode gerar conflitos. Na prática, os participantes de um grupo relatam seus traumas e outros membros encenam e representam os envolvidos nessas situações.

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Essa abordagem tem sido bastante criticada nos últimos anos, principalmente devido às declarações polêmicas de Hellinger e relatos de humilhações durante as sessões.

Entenda a polêmica da constelação familiar

Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, em entrevista ao UOL, classificou a constelação familiar como uma “pseudociência preconceituosa, machista e racista”. Segundo ela, a prática pode revitimizar pessoas, especialmente mulheres vítimas de violência doméstica.

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Essa abordagem pode reforçar papéis tradicionais e rígidos na família, promovendo a subordinação da mulher ao homem. Isso pode trazer consequências psicológicas e sociais prejudiciais, como a culpabilização das mães em casos de abuso sexual.

Hellinger chegou a afirmar que a homossexualidade seria uma “doença” curável. Ele alegava ter “curado” um homossexual em um de seus workshops de constelação familiar.

As críticas se estendem a declarações e práticas de Hellinger em relação a temas sensíveis como abuso sexual, incesto e crimes de guerra. Em uma de suas palestras, ele sugeriu que, se uma esposa rejeitasse repetidamente as investidas sexuais do marido, uma filha poderia “tomar o seu lugar”, criando uma dinâmica de incesto. Além disso, ele defendeu que criminosos de guerra não deveriam ser responsabilizados, pois estariam apenas seguindo ordens.

A Constelação familiar no SUS e no Judiciário brasileiro

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No Brasil, em 2010, o juiz Sami Storch, que foi aluno de Hellinger, criou o “Direito Sistêmico” para aplicar essa pseudociência no sistema judiciário. Atualmente, não há regulamentação sobre o uso da constelação familiar nos tribunais. O SUS também oferece sessões dessa prática.

A decisão de manter a constelação familiar em órgãos públicos pode ser arriscada. Daniel Gontijo, doutor em Neurociências pela UFMG e fundador da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidências (ABPBE), explica que a psicologia baseada em evidências se preocupa tanto com o sucesso quanto com a segurança do paciente.

“Não sabemos até que ponto uma sessão de constelação familiar pode agravar um transtorno mental, por exemplo. Há relatos de pessoas que passaram por abusos e tiveram que se recordar detalhadamente daquilo que aconteceu, o que pode gerar uma dor muito forte”, completa Gontijo.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Superinteressante

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