Como os algoritmos das redes sociais criam bolhas de conteúdo

Entenda como os algoritmos das redes sociais filtram o conteúdo e podem limitar sua visão de mundo, criando bolhas informacionais.
12/05/2025 às 16:07
Como os algoritmos das redes sociais criam bolhas de conteúdo
Resumo da notícia
    • Os algoritmos das redes sociais filtram e recomendam conteúdo com base nas preferências dos usuários.
    • Você pode estar limitando sua visão de mundo ao consumir apenas o que os algoritmos sugerem.
    • Essa personalização excessiva pode levar ao radicalismo e à dificuldade de diálogo com quem pensa diferente.
    • Especialistas recomendam buscar conteúdos diversos para evitar ficar preso em bolhas informacionais.
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Já se perguntou por que você vê sempre o mesmo tipo de conteúdo nas redes sociais? A resposta está nos algoritmos! Essas ferramentas, criadas por empresas como X, TikTok, Facebook e Instagram, moldam a nossa experiência online, recomendando conteúdos com base nas nossas preferências. Mas será que essa personalização excessiva pode nos levar a viver em bolhas?

Como os Algoritmos Levam Usuários a Conteúdo Similar

Os algoritmos são como cozinheiros: seguem uma receita (código) para preparar algo (conteúdo) que você goste. Paola Accioly, professora de engenharia de software da UFPE, explica que um algoritmo é um passo a passo com instruções para executar uma tarefa. Nas redes sociais, esses algoritmos usam inteligência artificial para aprender o que te agrada e te mostrar mais do mesmo. O objetivo? Te manter sempre engajado na plataforma.

Kérley Winques, outra professora, complementa que os algoritmos são programados com códigos que, ao serem alimentados com nossos dados, filtram e classificam informações. “A ideia de que esses códigos são neutros não é verdadeira,” diz Kérley. “Desenvolvedores humanos tomam decisões sobre quais perguntas responder e as empresas gerenciam esses sistemas com objetivos comerciais.”

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Virgílio Augusto Fernandes Almeida, professor da UFMG, define esses algoritmos como sociotécnicos, pois combinam tecnologia e elementos sociais, como nossas preferências. “Eles tomam decisões por nós”, afirma Almeida. “Quando você abre o TikTok ou o Facebook, os algoritmos já decidiram quais notícias, posts ou imagens te agradarão.” Afinal, algoritmos levam usuários a conteúdos que eles já demonstraram interesse.

A Personalização que Cria as Bolhas

As redes sociais revelaram alguns detalhes de como seus algoritmos funcionam. A Meta, dona do Facebook e Instagram, informou em 2023 que seus sistemas de IA tentam mostrar mais conteúdos que as pessoas já demonstraram interesse, ao mesmo tempo que oferecem oportunidades para descobrir coisas novas que o sistema de IA prevê que elas podem gostar.

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A empresa também descreveu como alguns sistemas de IA influenciam a ordem dos posts no feed, quais comentários vemos primeiro e quais conteúdos são sugeridos. De acordo com Paola Accioly, essas decisões são previsões que os algoritmos fazem com base em nossas interações anteriores. Milhares de algoritmos podem trabalhar juntos para identificar nossos padrões de comportamento, como os que [estão ajudando empresas a automatizar e-mails e aumentar o faturamento](https://tekimobile.com/noticia/ia-automatiza-emails-e-empresa-ve-faturamento-crescer-r-100-milhoes-em-oito-meses/).

Em 2023, o X também divulgou dados sobre seus algoritmos de recomendação de conteúdo. Esses códigos selecionam os tweets mais populares das contas que seguimos e preveem aqueles com maior probabilidade de engajamento. A linha do tempo “Para você” mostra, em média, 50% de tweets da nossa rede e 50% de fora.

O Impacto das Bolhas Informacionais

Ao nos mostrar apenas o que nos agrada, os algoritmos acabam criando bolhas informacionais. Almeida explica que, ao perceber as características de quem interage com eles, os algoritmos recomendam conteúdos semelhantes e escondem o lado oposto. Por exemplo, se você gosta de um político de esquerda, os algoritmos evitam mostrar conteúdos favoráveis a um político de direita, pois isso poderia te fazer sair da rede.

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Kérley Winques alerta que “é uma armadilha ficarmos vendo só o que gostamos”. Conversar sempre com as mesmas pessoas e ver os mesmos sites nos fecha em uma bolha, diminuindo o contato com o diferente e o que nos causa estranhamento. Essa falta de contato com diferentes pontos de vista pode nos tornar mais radicais em nossas crenças e dificultar o diálogo com quem pensa diferente, algo que também pode ocorrer no Discord, que tem se tornado alvo de crimes de extremismo no Brasil.

Como Escapar das Bolhas e Buscar Transparência

Para tentar escapar das bolhas, os especialistas recomendam navegar por conteúdos contraditórios. Abra páginas que você normalmente não leria, mesmo que seja apenas para “confundir” o algoritmo e evitar que ele se concentre apenas em questões que você já acredita. Essa é uma medida individual, mas Almeida defende que também é necessário resistir a isso por meio de regulações.

Atualmente, não há regras claras sobre o funcionamento dos algoritmos, e precisamos de mais transparência. O PL das Fake News, que tramita na Câmara dos Deputados desde 2020, busca regular as plataformas digitais, mas ainda não foi votado. O governo federal também está discutindo um novo projeto para estabelecer critérios para a remoção de posts criminosos, como os que contêm discurso de ódio.

Kérley ressalta a importância da educação midiática para que as pessoas se tornem conscientes do funcionamento das redes e possam responder aos seus estímulos sem se deixar levar por bolhas. A discussão sobre a [soberania digital no BRICS](https://tekimobile.com/noticia/usp-sedia-debate-sobre-soberania-digital-entre-paises-brics/) também entra nesse contexto, buscando alternativas para um ambiente online mais equilibrado e democrático.

Em meio a esse debate, é importante lembrar que, assim como a Apple, Google e Meta, muitas empresas estão sob pressão para inovar com o avanço da IA, buscando equilibrar a personalização com a necessidade de um ambiente informativo mais diverso e transparente.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de S.Paulo

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