Como regulamentações afetam a capacidade das baterias de smartphones no Brasil

Entenda por que regulamentações dificultam baterias maiores em smartphones no Brasil, impactando autonomia e desempenho.
Atualizado há 4 dias atrás
Como regulamentações afetam a capacidade das baterias de smartphones no Brasil
Regulamentações atrasam a evolução de baterias em smartphones no Brasil. (Imagem/Reprodução: Androidauthority)
Resumo da notícia
    • Regulamentações internacionais limitam a capacidade das baterias de smartphones importados e vendidos no Brasil.
    • Países com regras mais rígidas possuem smartphones com baterias menores, afetando a duração da carga.
    • Normas de transporte de baterias de íon de lítio impedem o uso de baterias maiores, exigindo design com várias células.
    • Smartphones de marcas chinesas usam baterias divididas, com múltiplas células, para superar as regulações.
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Se você busca mais duração de bateria para seu smartphone novo, saiba que não está sozinho. Apesar de tecnologias como as células de carbono-silício, parece que atingimos um limite de cerca de 5.000 mAh em celulares vendidos nos EUA e Europa. Mas, na China ou Índia, modelos idênticos aparecem com baterias bem maiores, o que levanta a dúvida: por que essa diferença? Para entender mais sobre como essas regulamentações afetam os dispositivos, veja sobre as limitações de regulamentação dificultam maior capacidade de bateria em smartphones brasileiros.

Por exemplo, o novo Nothing Phone 3 globalmente tem uma bateria de 5.150 mAh. Na Índia, ela sobe para 5.500 mAh. O HONOR Magic 7 Pro, vendido na Europa com 5.270 mAh, chega a 5.850 mAh na China. Já o Xiaomi 15 Ultra, que tem 5.410 mAh no resto do mundo, alcança impressionantes 6.000 mAh em seu mercado doméstico. Para ficar por dentro das últimas novidades da marca, você pode ver mais sobre a Atualização estável do Android 16 chega ao Xiaomi 15 globalmente. Então, qual é o motivo? Por que não temos essas baterias enormes por aqui?

Regulamentações globais e as baterias de smartphones menores

A explicação para as diferenças nas capacidades das baterias é simples: regulamentações e burocracia. Se você já tentou enviar um celular pelo correio na Europa ou nos EUA, provavelmente foi questionado sobre o tamanho da bateria e se ela estava selada no aparelho. Isso porque muitos países classificam as baterias de íon de lítio como produtos perigosos.

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Existem regras rigorosas sobre como essas baterias devem ser embaladas e transportadas. As mesmas normas, muitas vezes ainda mais rígidas, são aplicadas a cargas comerciais que se movem por ar, rodovia, ferrovia ou mar. O volume de documentos e as inspeções de conformidade para cada remessa adicionam tempo e custos administrativos.

Diversas regulamentações internacionais importantes ditam essas regras. Na Europa, temos a ADR para transporte rodoviário, a RID para o ferroviário e a IMDG para o marítimo. Para envios aéreos, as transportadoras seguem as Dangerous Goods Regulations (DGR) da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e as regras da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO).

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Nos EUA, por exemplo, existe o Code of Federal Regulations, 49 CFR § 173.185, com exigências semelhantes. Outras nações também possuem variações próprias de regras. Para entender como isso impacta o mercado local, confira o Impacto das regulamentações na capacidade da bateria de smartphones nos EUA.

Todas essas regulamentações, em última análise, são baseadas nas Regulamentações Modelo da ONU, que definem as baterias de íon de lítio como UN3480 (baterias enviadas sozinhas) ou UN3481 (baterias embaladas com ou dentro de equipamentos). A parte mais importante é a Disposição Especial 188 da ONU, que estabelece um limite para o que é considerado uma “bateria pequena” de íon de lítio, permitindo o envio sob regras simplificadas.

As regras do transporte internacional limitam a capacidade de células individuais de íon de lítio a 20Wh, o que equivale a cerca de 5.300 mAh. Esse limite pode parecer generoso, mas está ligado à voltagem da bateria. Para uma célula de íon de lítio típica, com voltagem nominal em torno de 3.8 V, isso resulta em aproximadamente 5.300 mAh por célula. É por isso que a maioria das baterias de smartphones atuais na Europa e nos EUA atingem seu máximo perto desse valor, resultando em baterias de smartphones menores nesses mercados comparados a modelos de países com menos restrições de envio.

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Embora essas regras possam ser um pouco inconvenientes para o consumidor, elas existem por um bom motivo. Baterias de íon de lítio armazenam muita energia em um espaço pequeno. Essa característica as torna ideais para alimentar celulares e laptops, mas também significa que elas podem apresentar risco de incêndio se forem danificadas, entrarem em curto-circuito ou forem expostas ao calor.

Todos já ouvimos histórias de celulares que superaquecem devido à fuga térmica. As regulamentações de envio são feitas para minimizar esses riscos, limitando o tamanho das baterias que podem ser transportadas sob regras mais simples e menos custosas. Além disso, todas as baterias de lítio precisam passar nos testes UN38.3 de altitude, vibração e calor para provar que podem ser transportadas com segurança.

Ao limitar a energia da bateria a 20Wh por célula para transporte simplificado, as autoridades reduzem as chances de grandes incêndios em caminhões, navios ou compartimentos de carga de aviões. Isso também ajuda a manter os custos de seguro mais baixos. Baterias maiores não são proibidas, mas exigem embalagens mais protetoras, documentação especial e, às vezes, manuseio de carga dedicado para garantir a segurança de pessoas e bens.

O que explica celulares com baterias maiores?

Você deve ter notado uma brecha nas regras: a norma de 20Wh se aplica a células de bateria individuais. Contudo, é possível contornar essa restrição se você usar duas (ou mais) baterias dentro do mesmo aparelho. Alguns smartphones já utilizam designs de células divididas há anos, especialmente para um carregamento rápido mais eficiente, sendo notáveis as marcas OnePlus e OPPO.

Por isso, você ainda encontra um OnePlus 13 com uma bateria de 6.000 mAh e um OPPO Find X8 Pro que chega à Europa com sua célula de 5.910 mAh. Essa solução, porém, não é barata. Ela exige não só múltiplas células, mas também circuitos especiais para gerenciar o carregamento e descarregamento com segurança. Ela demanda sistemas mais complexos de gerenciamento de bateria (BMS) para garantir um carregamento e descarregamento equilibrados entre as múltiplas células, elevando os custos de desenvolvimento e produção.

Nem toda marca está disposta a investir nisso, e é por essa razão que empresas como Apple, Google, e Samsung não avançaram com capacidades tão grandes quanto alguns de seus concorrentes chineses. Contudo, laptops há muito tempo usam múltiplas células menores conectadas em conjunto para se manterem com segurança abaixo do limite de 100Wh por pacote, o que explica por que raramente enfrentam problemas de envio. Nossos smartphones precisarão seguir o mesmo caminho se quisermos dar um novo salto em capacidade de bateria.

Quando se trata de celulares fabricados e vendidos na China, os produtos se movem totalmente dentro do país. Assim, muitas das regras que regem o transporte internacional não se aplicam ou não são aplicadas com tanto rigor. Além disso, o transporte terrestre entre a China e seus vizinhos, junto com a fabricação localizada, ajuda a explicar por que ocasionalmente alguns modelos com maior capacidade chegam a mercados fora da China também.

Se você realmente deseja baterias maiores em seus aparelhos, teremos que pagar o preço por designs de célula dividida, arcar com os custos, responsabilidades e prêmios de seguro para o envio de baterias maiores, ou começar a fabricá-las localmente. Este último ponto, obviamente, não é uma solução provável. Isso, infelizmente, reduzirá a escala dos avanços na duração da bateria que estão sendo feitos por tecnologias como as células de carbono-silício.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.