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- Existe preocupação sobre os EUA desligarem o sinal de substitutos ao GPS para o Brasil.
- A maior vulnerabilidade do país está na dependência de softwares e plataformas desenvolvidas por empresas dos EUA.
- Alternativas internacionais e abertura de soluções de código aberto reforçam a autonomia digital do Brasil.
- Movimentos europeus e chineses apontam para uma estratégia global de soberania tecnológica.
Nos últimos dias, circula uma informação que gera preocupação: a possibilidade de os EUA desligarem o sinal de substitutos ao GPS para o Brasil. Essa narrativa sugere que nossas atividades dependentes da geolocalização entrariam em colapso, impactando veículos, equipamentos e operações comerciais. Contudo, essa ideia não corresponde à realidade, nem mesmo em uma eventual crise diplomática com Washington, já que há múltiplas alternativas e adoções que reduzem essa dependência.
Desfazendo os mitos sobre o bloqueio do sinal de
O medo de um bloqueio total do substitutos ao GPS por parte dos Estados Unidos é infundado. Desde 1978, quando os satélites de navegação foram lançados, o próprio governo americano já implementou mecanismos para limitar o uso civil, como introduzir erros aleatórios de até 100 metros (em 1999), impedindo que outros países utilizassem o sinal para fins militares.
Na época, a Índia, que enfrentava conflitos com o Paquistão, pediu acesso ao sinal com maior precisão. A solicitação foi negada pelos EUA, reforçando o controle e a limitação voluntária do serviço. Esse episódio foi um impulso para que outras nações criassem seus próprios sistemas de navegação, como o GLONASS, da União Soviética, lançado em 1982, e no século XXI, diversos países investiram em alternativas mais modernas, como o chinês BeiDou, europeu Galileo, japonês QZSS e indiano NavIC. Assim, atualmente, já existem opções variadas disponíveis para substituir o GPS.
Hoje, a maior parte dos smartphones brasileiros já suporta várias dessas constelações, o que garante maior precisão na navegação. Além disso, setores importantes da aviação, por exemplo, utilizam sistemas terrestres de radionavegação que não dependem de satélites, como o VOR, amplamente exigido pela ANAC. Dispositivos antigos que só suportam o sistema estadunidense podem ser substituídos por modelos com suporte às demais constelações, garantindo autonomia de navegação.
O real risco está na dependência de softwares americanos
Se as preocupações fossem com o substitutos ao GPS, elas perderiam força. Na verdade, o maior problema para o Brasil é a dependência de softwares e plataformas desenvolvidas por empresas dos Estados Unidos. Empresas como Microsoft, Google, Amazon e Meta têm forte presença no mercado de tecnologia e, em muitos casos, suas soluções são alvo de sanções ou restrições para países considerados adversários, como Cuba, Irã ou Venezuela.
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Por exemplo, o uso de produtos de grandes companhias americanas é proibido nesses países. Entretanto, é perfeitamente possível criar alternativas nacionais ou recorrer a soluções internacionais de código aberto, como já é feito com projetos de origem russa ou europeia. Essa substituição, contudo, exige investimentos iniciais e uma mudança de paradigma na adoção de tecnologia no Brasil, que costuma preferir soluções populares, ainda que não sejam as mais eficientes ou seguras.
Ademais, a crescente iniciativa europeia de diminuir a dependência de fornecedores americanos já mostra um caminho a ser seguido por demais países. A União Europeia, por exemplo, vem investindo de forma contínua para ampliar sua autonomia digital, enquanto a China já alcança destaque na arquitetura de CPUs e sistemas operacionais próprios, indicando um movimento de soberania tecnológica que deve ser observado de perto. Essa disputa por independência digital é uma tendência global e não se restringe aos sistemas de navegação.
Reflexões sobre o futuro digital do Brasil
O ruído envolvendo possíveis sanções ao substitutos ao GPS serve como alerta de que o Brasil precisa ampliar sua autonomia em tecnologia. O país tem capacidade instalada em data centers, infraestrutura de telecomunicações e profissionais qualificados, além de uma base de consumidores e empresas que já adotaram tecnologias de ponta. Ainda assim, a dependência de soluções licenciadas por empresas americanas gera vulnerabilidades que podem ser exploradas em momentos de conflito.
Iniciativas para diversificar fornecedores, fortalecer a produção de tecnologia local e incentivar o desenvolvimento de softwares privados brasileiros são passos essenciais para que nossa soberania digital se torne mais sólida. A experiência europeia e chinesa mostra que o Brasil também pode trilhar esse caminho de autonomia, adotando políticas públicas que apoiem a inovação e o uso de padrões abertos.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.