Empresas investem em programas de saúde mental para funcionários

Empresas como Nestlé e Vibra Energia investem em saúde mental para reduzir afastamentos e melhorar o ambiente de trabalho. Saiba mais.
Atualizado há 4 dias atrás
Empresas investem em programas de saúde mental para funcionários
Empresas como Nestlé e Vibra Energia promovem saúde mental para um ambiente de trabalho melhor. (Imagem/Reprodução: Infomoney)
Resumo da notícia
    • Empresas como Nestlé e Vibra Energia estão investindo mais de R$ 1 milhão por ano em programas de saúde mental para funcionários.
    • O objetivo é reduzir afastamentos por transtornos mentais e criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
    • Os investimentos já mostram resultados, como redução no absenteísmo e melhor utilização do plano de saúde.
    • A nova NR1, que será implementada, exigirá que empresas identifiquem e eliminem riscos psicossociais no ambiente de trabalho.
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Empresas estão investindo pesado, mais de R$ 1 milhão por ano, em ações focadas na saúde mental dos funcionários. A ideia? Atrair e manter talentos, além de evitar que o pessoal precise se afastar do trabalho. Gigantes como Nestlé e Vibra Energia já estão nessa.

Essas iniciativas vêm antes mesmo da nova Norma Regulamentadora nº1 (NR1), que teve sua entrada em vigor adiada em um ano para que as empresas possam se preparar. A nova NR1 vai exigir que as empresas identifiquem e eliminem riscos psicossociais no ambiente de trabalho, como excesso de horas, assédio e cobranças exageradas.

Segundo o Ministério da Previdência Social, o número de afastamentos por transtornos mentais no Brasil deu um salto de mais de 400% desde a pandemia, atingindo 472.328 licenças em 2024. Cada afastamento durou, em média, três meses, custando cerca de R$ 1,9 mil por mês aos cofres públicos, totalizando um impacto financeiro de mais de R$ 3 bilhões.

Investimentos em Saúde mental nas empresas

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A preocupação com a saúde mental já existia em algumas empresas, mas ganhou força com a pandemia de Covid-19. O bem-estar mental deixou de ser uma questão pessoal e passou a impactar diretamente o ambiente de trabalho. Fabrício Pavarin, diretor da Nestlé, resume bem: “Não existe performance se as pessoas não estiverem bem”.

A Nestlé, que tem cerca de 22 mil funcionários no Brasil, criou um programa em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein para capacitar 600 colaboradores como agentes de saúde mental. O investimento total em bem-estar e saúde mental é de cerca de R$ 1,5 milhão por ano.

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O treinamento ensina os funcionários a identificar riscos de saúde mental em colegas, oferecendo apoio e encaminhamento para tratamento especializado. O objetivo, segundo Pavarin, é criar um ambiente de segurança psicológica onde os funcionários se sintam à vontade para falar sobre saúde mental, como se fosse uma questão física.

Na Vibra Energia, o investimento na área ultrapassa R$ 1 milhão, de acordo com Aspen Andersen, vice-presidente de Gente, Tecnologia e ESG. A empresa oferece suporte psicológico online com até 30 sessões gratuitas por ano, além de rodas de conversa e campanhas de conscientização. Também incentivam exercícios físicos, meditação e orientação financeira.

Os resultados são medidos por indicadores como absenteísmo e utilização do plano de saúde. Andersen afirma que já observam uma redução significativa nos afastamentos por questões emocionais e um uso mais equilibrado do plano de saúde.

Ações de equilíbrio e bem-estar

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Na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), os programas de saúde mental já existem há 8 anos. Andressa Lamana, diretora de Pessoas & Digital da CBA, explica que o bem-estar dos funcionários é trabalhado em pilares como saúde emocional, física e financeira. A empresa promove ações de diversidade, equidade e inclusão para criar um ambiente mais aberto ao diálogo.

Segundo Lamana, pequenas mudanças podem ter um grande impacto na saúde mental no trabalho. Ela destaca a importância da escuta genuína e do acolhimento. “Quando as pessoas sentem que podem ser elas mesmas, o clima melhora, a confiança cresce e os resultados aparecem”, afirma.

Em 2024, a CBA recebeu o selo Great People Mental Health, concedido pela consultoria Great Place to Work para empresas que valorizam a saúde emocional dos funcionários. A empresa não divulga os valores investidos na área.

Na B3, a antiga atmosfera de negociações tensas deu lugar a um ambiente mais calmo e focado no bem-estar. A tecnologia assumiu o controle do fluxo de negociações, e os programas de saúde mental ganharam espaço.

A B3 também não revela os valores investidos, mas oferece incentivos ao mindfulness, yoga, hábitos saudáveis, psicoterapia online gratuita e orientação jurídica e financeira. A empresa afirma que, nos últimos três anos, houve uma redução de 40% na utilização do plano de saúde.

Renata Caffaro, Diretora de Pessoas da B3, explica que, enquanto antes o salário era o principal atrativo, hoje os profissionais valorizam bem-estar, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e um propósito no trabalho. Para ela, um ambiente que prioriza a saúde mental atrai e retém talentos, além de reduzir afastamentos e fortalecer o vínculo entre empresa e funcionários.

Cuidado com a positividade tóxica e o mentalwashing

É importante que as empresas promovam a saúde mental de forma genuína, evitando a positividade tóxica e o mentalwashing. Positividade tóxica é a cobrança excessiva por bem-estar ou a tentativa de “camuflar” problemas. Mentalwashing, por sua vez, se refere a ações de baixa efetividade, criadas apenas para constar em relatórios.

Bruno Chapadeiro, psicólogo e membro do Observatório Nacional de Saúde Mental e Trabalho, ressalta que o bem-estar começa com salários e jornadas dignas, além do combate ao assédio. Ele cita o exemplo de uma empresa onde a participação nos lucros estava condicionada à ausência de acidentes de trabalho, o que levava os funcionários a esconderem pequenos acidentes para não perderem dinheiro.

Izabella Camargo, consultora de saúde mental especialista em burnout e segurança psicológica, alerta que não adianta cobrar um bom ambiente de trabalho se a cultura da empresa exige resultados difíceis, a liderança não é clara e o assédio é frequente. Para mais informações sobre saúde e bem-estar, você pode conferir este artigo.

Para Darwin Grein, da consultoria Juntxs, a qualidade da saúde mental dos colaboradores está diretamente ligada à qualidade da liderança. Ele cita uma pesquisa do Instituto Gallup que mostra que 50% dos pedidos de demissão são motivados pela liderança direta.

Trabalhar sob o comando de um líder grosseiro, indeciso, inseguro ou que não defende a equipe gera muito desgaste emocional, explica Grein. Por isso, ele defende que, antes de investir em programas de saúde mental, as empresas devem cuidar da qualidade de seus líderes, oferecendo suporte e apoio para seu desenvolvimento.

Como identificar os pontos de atenção?

As empresas precisam estar atentas a dinâmicas de trabalho que possam colocar os colaboradores em risco. Izabella Camargo e Darwin Grein sugerem a realização de pesquisas anônimas para identificar possíveis dinâmicas tóxicas no dia a dia.

Empresas de todos os portes devem observar se há casos de assédio moral (humilhações), psicológico (destruição da autoconfiança) e institucional (tolerância a um ambiente de trabalho hostil).

Outras dinâmicas que afetam a saúde mental são a falta de clareza nas funções, a pouca flexibilidade, o excesso de trabalho, os prazos irreais e os conflitos interpessoais. Para complementar a análise, você pode verificar esta plataforma de IA que pode auxiliar na identificação de problemas.

As empresas que investem em saúde mental nas empresas não só atraem e retêm talentos, mas também criam um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Ao priorizar o bem-estar dos funcionários, as organizações colhem os frutos de uma equipe engajada e motivada.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via InfoMoney

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.