Especialistas alertam para possível estouro da bolha da inteligência artificial

Especialistas e líderes alertam sobre riscos da bolha da IA e seus impactos no mercado e na economia global.
Atualizado há 5 horas
Especialistas alertam para possível estouro da bolha da inteligência artificial
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • Especialistas e líderes, como Jeff Bezos, alertam que o mercado de inteligência artificial enfrenta uma bolha econômica prestes a estourar.
    • Você deve entender os riscos da especulação exagerada para evitar perdas financeiras em investimentos vinculados à IA.
    • O estouro da bolha pode causar impactos negativos significativos na economia, afetando investidores e o mercado global.
    • A crise pode abrir espaço para reestruturações e novas lideranças no setor tecnológico.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Parece que estamos diante de um fenômeno interessante no mundo da tecnologia. Muitos especialistas, analistas e jornalistas já apontam para a possibilidade da Bolha da inteligência artificial estar prestes a estourar. Até mesmo Jeff Bezos, o fundador da Amazon, já comentou sobre o mercado de inteligências artificiais ser, de fato, uma bolha.

Assim como um balão que enche demais, quando uma bolha econômica cresce muito, seu rompimento pode gerar um grande impacto. Isso afeta drasticamente a economia, podendo até causar recessões e uma grande mudança no mercado. Vamos entender o que é uma bolha especulativa, relembrar uma crise que aconteceu no fim do século passado e ver os sinais de que algo parecido pode estar vindo aí.

Entendendo as Bolhas Especulativas

Vamos começar pelo básico: a bolha especulativa. Ela também é conhecida como bolha econômica. Este é um evento no mercado financeiro onde uma parte significativa do valor de um ativo se distancia muito do seu valor real.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando uma empresa entra na bolsa de valores, ela emite ações. Essas ações são pequenas partes do seu capital social. Dessa forma, investidores podem comprar essas participações e se tornar sócios da empresa.

Quanto maior a porcentagem de ações que você possui, maior o seu retorno através dos dividendos. Dividendos são partes do lucro que são distribuídas aos acionistas. Se não houver dividendos, o seu lucro ou prejuízo vai depender de quanto as ações valorizam ou desvalorizam na hora da compra e venda.

O preço diário das ações muda bastante. No entanto, ele é baseado no valuation, que é uma avaliação do valor de mercado da empresa. Essa avaliação usa dados concretos, como Fluxo de Caixa Descontado, Múltiplos de Mercado e Valor Patrimonial. Mesmo sendo um cálculo complexo, o valor de uma empresa e de suas ações é baseado em fatos e números.

Esse valor é bem volátil e reage a notícias, informações, negociações e decisões. Tudo isso muda as expectativas futuras da companhia. A realidade e as expectativas dos investidores trabalham juntas para determinar o valor de uma ação.

Mercado de ações

Mercado de ações é baseado em realidade e expectativas (Imagem: primeimages / GettyImages)

Como uma Bolha Especulativa se Forma

Pense assim: se o McDonald’s resolvesse tirar o Big Mac do cardápio de vez, as ações da empresa provavelmente cairiam muito. Por outro lado, se um influenciador famoso, como o streamer Speed, dissesse ao vivo que o Whopper do Burger King é o melhor sanduíche do mundo, as ações do Burger King poderiam subir bastante.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Isso mostra como os acontecimentos do dia a dia afetam diretamente o desempenho de uma empresa. Consequentemente, isso influencia o valor dela na bolsa de valores. Mas o que acontece quando a especulação fica tão grande que a maior parte do valor de uma ação não tem um fundamento real?

É assim que uma bolha especulativa começa a se formar. O processo começa com um evento real e uma expectativa inicial que parece ser plausível por parte dos acionistas em um setor específico. As notícias sobre esse setor geram interesse em novos investidores, que se apressam para entrar no negócio.

Com o aumento da procura, o preço das ações sobe muito, ultrapassando em larga escala o seu valor de verdade. Esse aparente sucesso faz com que novos negócios surjam, tentando repetir os bons resultados. Muitas vezes, essas novas empresas têm menos solidez em seus produtos, e carregam um monte de incertezas disfarçadas de potencial de lucro.

O Estouro de uma Bolha Financeira

Depois que a bolha está bem formada e as primeiras dúvidas começam a aparecer, é comum que especialistas e intelectuais tentem acalmar os receios. Eles costumam dizer que “as regras do jogo mudaram” e que os críticos estão desatualizados ou fora da realidade atual.

Para que a bolha continue existindo, é preciso um fluxo constante de novos investimentos. Os investidores que chegam mais tarde são motivados pela vontade de lucrar muito ou pelo medo de “perder o bonde” da oportunidade. Nesse momento, as expectativas se tornam completamente irreais e os preços das ações não conseguem mais se sustentar.

Baixa no mercado de ações.

Quando o mar fica vermelho, a desconfiança reina (Imagem: peshkov / GettyImages)

Quando a realidade finalmente se impõe, a certeza de um grande retorno é substituída pelo pavor. Por um comportamento de manada, ou puro pânico, acontece uma liquidação generalizada. Isso significa que muitos ativos são vendidos ao mesmo tempo, fazendo a bolha estourar de vez. O setor perde a credibilidade, os acionistas têm grandes prejuízos e, dependendo do tamanho do mercado, um efeito dominó pode afetar a economia de todo o país.

A Bolha PontoCom: Um Alerta Histórico

Um exemplo clássico de bolha aconteceu no final dos anos 90, e foi chamada de Bolha PontoCom. Naquela época, a internet estava deixando de ser uma promessa para se tornar algo presente na vida das pessoas. Mais gente comprava computadores para usar em casa, o acesso a salas de bate-papo virou febre e novas formas de entretenimento estavam surgindo.

Um momento marcante foi quando a Netscape, uma das empresas que criaram os primeiros navegadores de internet, foi avaliada em impressionantes US$ 2,9 bilhões. Esse acontecimento não só chamou a atenção dos investidores para o potencial do mundo digital, mas também abriu caminho para que muitas outras empresas do setor chegassem com força à bolsa de valores.

A ideia era que mais consumidores, mais serviços digitais e mais tempo e dinheiro seriam investidos nessas tecnologias. Era um “continente” de oportunidades para explorar. Enquanto empresas como eBay, Yahoo e Amazon estavam se valorizando, muitas startups sem uma base sólida começaram a receber investimentos apenas por fazerem parte desse contexto de internet.

Ao mesmo tempo, diversas empresas eram avaliadas de forma incorreta por causa do entusiasmo do mercado. Investidores revendiam ações por valores exorbitantes, como se os negócios fossem valer milhões em pouco tempo, mesmo sem ter resultados concretos para justificar isso.

Navegador Netscape

Uma imagem que vale quase US$ 3 bilhões (Imagem: Reprodução)

As Consequências do Colapso da PontoCom

Depois de um tempo, como era de se esperar, vários analistas perceberam que os valores das ações das empresas PontoCom não eram reais. A maioria delas mal gerava lucro. Isso causou uma grande venda de ações, resultando no fechamento de mais de 500 negócios e gerando perdas financeiras enormes para os investidores que apostaram nesse mercado.

O impacto foi gigantesco para a economia. A NASDAQ, que é o segundo maior mercado de ações do mundo, tinha alcançado um pico histórico. No entanto, ela sofreu uma queda brusca, voltando em 2002 para o mesmo patamar de 1995, antes de a bolha se formar. As empresas que conseguiram sobreviver à crise sentiram o golpe.

Por exemplo, as ações da Amazon caíram de US$ 107 para US$ 7. Já as ações da Apple, que já estiveram em US$ 5, chegaram a valer apenas US$ 1. A confiança no mercado financeiro foi abalada, mas as companhias que resistiram à crise encontraram uma oportunidade. Elas tinham menos concorrência e muita mão de obra qualificada disponível.

Quem soube aproveitar essa situação, como Google, Apple e Amazon, são as empresas que dominam o mercado atualmente. Esse cenário mostra que crises podem, eventualmente, abrir espaço para novas lideranças e reestruturar o panorama econômico.

O Cenário Atual: A Bolha da Inteligência Artificial

Avançando mais de 20 anos, chegamos ao cenário atual da inteligência artificial. Existe um grupo conhecido como “Magnificent 7“, formado por NVIDIA, Microsoft, Alphabet (que é a controladora do Google), Apple, Meta, Tesla e Amazon. Esse grupo representa cerca de 35% do valor total do mercado de ações dos EUA.

Em outras palavras, mais de um terço do mercado da maior potência econômica do planeta está concentrado nessas empresas. Elas são as principais protagonistas da atual bolha, junto com a OpenAI, Oracle e outras companhias. É um grande volume de capital e expectativas depositado em um setor.

empresas-ia-financial-times.png

Algumas das empresas mais fortes do setor de IA (Imagem: Financial Times)

Essas companhias estariam usando uma tática chamada round-tripping. Funciona assim: uma empresa consegue US$ 100 milhões em investimento e faz um acordo de US$ 100 milhões com outra empresa. Essa segunda empresa repassa o valor para uma terceira, que, por sua vez, retorna a quantia para a empresa inicial.

Esse ciclo artificial de transações internas gera uma valorização enorme para todas as empresas envolvidas. Em alguns casos, essa valorização pode ser até 50 vezes a receita real da empresa. Isso atrai novos investimentos e mantém o ciclo de acordos. O problema é que esse aumento gigantesco no valor de mercado, causado por uma técnica que é teoricamente ilegal, só se justificaria se o lucro gerado fosse igualmente imenso.

E esse não é o cenário atual. A OpenAI, por exemplo, segundo uma análise do JPMorgan, só deve começar a gerar lucro de verdade a partir de 2029. No entanto, a própria empresa prevê que, até esse ano, seus gastos vão aumentar para impressionantes US$ 115 bilhões. Um gasto tão grande levanta um sinal de alerta para a possível bolha.

O Risco do Vibe Spending

O investimento contínuo na OpenAI, mesmo com a empresa operando no prejuízo, é impulsionado por um conceito chamado ‘vibe spending‘. Isso significa gastar dinheiro puramente pelo otimismo e pela confiança de um retorno futuro, e não por resultados imediatos. A aposta é que a tecnologia de IA em servidores vai melhorar e se tornar tão essencial que, eventualmente, o lucro virá.

A questão é: até quando o mercado vai se sustentar nessa “boa onda”? Ao que tudo indica, não por muito tempo. A existência da “Bolha da IA” deixou de ser uma teoria e se tornou um fato reconhecido. Jeff Bezos, da Amazon, Sam Altman, da OpenAI, e Mark Zuckerberg, da Meta, já falaram publicamente sobre o assunto, confirmando a situação.

Porém, todos eles tentaram amenizar os riscos, destacando as grandes coisas que a tecnologia trará e a importância de continuar investindo. Essa postura mostra a delicadeza do momento, onde a empolgação com o futuro da IA ainda tenta superar as preocupações financeiras.

Bezos-Zuck-GettyImages-Chip Somodevilla-Equipe.jpg

Bezos e Zuckerberg são dois dos executivos a admitir a existência da bolha (Imagem: Chip Somodevilla – Equipe / GettyImages)

Sinais de Alerta no Horizonte da Inteligência Artificial

Como a Bolha PontoCom mostrou, o estouro não significa o fim da tecnologia. Mas ele pode gerar um caos financeiro gigantesco. O Banco da Inglaterra já alertou sobre a possibilidade de uma “correção repentina” no mercado de vídeo gerado por IA. O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou cautela aos investidores. Além disso, a Yale Insights chegou a especular sobre como esse colapso poderia acontecer.

A grande questão é: nenhuma bolha é igual à outra. Isso torna extremamente difícil prever o que, como e quando o estouro vai ocorrer. No início do ano, alguns acreditavam que o lançamento do DeepSeek poderia ser a faísca que acenderia a crise. Isso porque uma startup chinesa conseguiu criar uma tecnologia parecida com a de empresas norte-americanas, mas por um preço muito menor.

O impacto foi tão grande que as ações da NVIDIA caíram 15% naquele momento. Talvez a companhia chinesa não seja o “arquiduque Francisco Ferdinando” dessa história, mas o episódio foi suficiente para levantar a suspeita de que a situação é bem mais delicada e preocupante do que parece.

Quando a bolha estourar, ela pode impactar a economia americana de uma forma tão negativa, ou até pior, do que a “crise do subprime” ou a “bolha imobiliária de 2008”. Essas crises mergulharam parte do mundo em recessão, e a preocupação é que a inteligência artificial possa desencadear um cenário semelhante se as expectativas não se alinharem com a realidade econômica.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.