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- A restrição do sinal de GPS por Estados Unidos é considerada difícil de implementar na prática.
- Se o GPS for desligado, setores como aviação e transporte sofreria impactos na navegação.
- Atualmente, o Brasil utiliza múltiplas constelações de satélites, que minimizariam os efeitos de um bloqueio.
- Países como China e Rússia têm alternativas próprias que reduzem dependência do sistema americano.
O bloqueio do uso de satélites e o “desligamento” do GPS estão entre as possíveis sanções que os Estados Unidos podem aplicar ao Brasil, após a revogação do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo aliados de Jair Bolsonaro, essa possibilidade tem gerado debates acalorados, especialmente nas redes sociais, sobre se é mesmo possível desligar o GPS no Brasil e qual seria o impacto dessa ação.
Entendendo as possibilidades de Desligar o GPS
Apesar de essa ideia parecer viável em teoria, especialistas afirmam que desligar o sistema de navegação do Brasil seria uma tarefa quase inviável na prática. Os Estados Unidos poderiam, teoricamente, restringir o sinal, mas isso afetaria também outros países e organizações que utilizam satélites similares. A maioria dos celulares, por exemplo, funciona com combinações de sinais de diferentes satélites — como o GLONASS (Rússia), Galileo (UE) e BeiDou (China). Esses sistemas garantem maior autonomia para a geolocalização, além do GPS americano.
Segundo o geopolítica, até há a possibilidade de restrição do sinal, mas ela acarretaria consequências internacionais, inclusive para os Estados Unidos. Eduardo Tude, presidente da Teleco, explica que, para fazer isso, seria necessário mexer na forma como os sinais são transmitidos, o que é difícil de ser realizado de forma rápida e eficiente. Além disso, também há recursos como o bloqueio local por meio de dispositivos de interferência, conhecidos como jamming, usados em áreas de conflito ou interesse estratégico. Rússia, por exemplo, já utilizou esses métodos durante conflitos, o que causou interrupções em voos civis e problemas em sistemas de navegação.
Se por algum motivo os sinais de GPS fossem restringidos no Brasil, setores como aviação, transporte marítimo, logística e telecomunicações seriam bastante afetados, embora o país não ficaria completamente no escuro. Isso porque a maioria dos equipamentos atualmente é capaz de utilizar múltiplas constelações de satélites, como o Beidou, o Galileu e o NavIC indiano. Assim, o impacto seria sentido, mas não impediria total funcionamento dos dispositivos de geolocalização.
O que também pesa na discussão é o fato de que a utilização do Desligar o GPS não depende apenas de ações nos Estados Unidos. Países como a China e a Rússia investiram bastante em alternativas próprias, o que diminui a dependência do sistema americano. Além disso, a maioria dos celulares e veículos atuais já vem preparada para trabalhar com várias dessas redes simultaneamente, justamente para evitar problemas caso um sistema fique indisponível em alguma situação.
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Como funcionam os sistemas de satélites?
O GPS, criado pelo Departamento de Defesa dos EUA, nasceu com fins militares, especialmente na corrida espacial com a então União Soviética. Na década de 1990, seu uso se popularizou na civil, sendo essencial para navegação, aviação e muitas tarefas diárias. O sistema atualmente conta com 31 satélites distribuídos em seis planos orbitais, garantindo que pelo menos quatro deles estejam sempre visíveis para o receptor.
Esses satélites enviam sinais de rádio contendo a localização e o horário exato, sincronizado com relógios atômicos precisos. O receptor capta esses sinais e mede o tempo de chegada de cada um, comparando-os ao horário de emissão. Assim, consegue calcular a distância até cada satélite. Recebendo informações de pelo menos quatro satélites, o aparelho faz a triangulação para determinar sua posição com alta precisão.
Se os sinais de um ou dois satélites não forem acessados, a estimativa de localização fica prejudicada, pois a triangulação fica incompleta. Além disso, por serem ondas de rádio que se deslocam na velocidade da luz, pequenas diferenças de tempo podem levar a erros de milhares de quilômetros na localização. Ainda assim, o sistema mais utilizado em todo mundo é a versão SPS, enquanto as forças armadas dispõem de uma versão mais precisa, o PPS.
Se por algum motivo o sinal fosse interrompido no Brasil, diferentes técnicas poderiam ser utilizadas para evitar o completo caos na navegação. Entre elas, o uso de dispositivos de interferência (jammer) ou sinais falsificados (spoofing), que confundem os receptores e podem gerar erros na localização, prejudicando atividades que dependem da geolocalização precisa.
O que acontecerá se os EUA restringirem o sinal?
Caso os Estados Unidos possam Desligar o GPS no Brasil, setores estratégicos de transporte, segurança e economia seriam impactados imediatamente. Aeronaves, navios, veículos de transporte de cargas e operações financeiras que usam a navegação por satélite perderiam parte da sua confiabilidade. Contudo, o país não ficaria totalmente às cegas, pois alternativas como o Beidou e o Galileu já oferecem cobertura eficaz, reduzindo a dependência do sistema americano.
Segundo especialistas, a tendência é que os dispositivos atuais, incluindo smartphones e equipamentos de alta precisão, sejam compatíveis com várias constelações de satélites. Assim, mesmo que o GPS seja temporariamente bloqueado, a navegação continuará, embora com uma ligeira redução na precisão. O fim do suporte ao Windows 10 e outros sistemas antigos reforça a tendência de múltiplas alternativas de localização, garantindo maior resiliência na tecnologia de navegação global.
Para os fabricantes, a aposta é reforçada na montagem de dispositivos que possam utilizar diferentes sinais, o que diminui o impacto de eventuais bloqueios. Mais do que uma questão de segurança, essa diversificação ajuda a fortalecer a confiabilidade de serviços que hoje fazem parte do cotidiano, incluindo o rastreamento de encomendas, apps de transporte e até sistemas bancários.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.