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- Análises genéticas mostram que a ancestralidade africana e indígena se equipara à europeia na Bahia e no Amazonas.
- Você pode descobrir mais sobre a diversidade genética do Brasil e como a história regional influenciou sua formação.
- O estudo ajuda a entender a complexidade da miscigenação no país e suas raízes históricas.
- Os resultados destacam a importância da preservação cultural e genética das comunidades indígenas e afrodescendentes.
Análises genéticas revelam que a ancestralidade africana e indígena se destacam na Bahia e no Amazonas, quase igualando a influência europeia. Um estudo do genoma de quase 3.000 brasileiros expõe como a história de cada região moldou a genética da população. Embora a miscigenação e a predominância europeia sejam comuns em quase todos os estados, a ascendência africana na Bahia e a indígena no Amazonas mostram a diversidade genética do país.
As Marcas Genéticas Regionais do Brasil
Um estudo do DNA de cerca de 3 mil brasileiros apontam que as trajetórias históricas de cada região do país deixaram marcas no DNA. A miscigenação é comum em quase todos os estados, com predominância da ascendência europeia, até mesmo nas regiões Norte e Nordeste.
No entanto, as ascendências indígena e africana são importantes em todo o país. Em alguns estados, como o Amazonas com a ancestralidade ameríndia, e a Bahia, com a herança dos africanos escravizados, essa influência chega a ser quase igual à europeia.
Tábita Hünemeier, Lygia da Veiga Pereira e Alexandre Pereira, da USP, lideraram o projeto de pesquisa DNA do Brasil. Os resultados do estudo foram publicados na revista Science. O estudo analisou o genoma completo de 2.723 pessoas, abrangendo todos os estados do Sudeste, Bahia, Sergipe, Ceará, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul e Goiás.
Detalhes da Amostra e Representatividade
São Paulo contribuiu com 1.162 participantes para a amostra, representando 43% do total. Esse número é maior que a participação paulista na população brasileira, que é de cerca de 25%. Apesar disso, Hünemeier acredita que os dados representam bem a diversidade genômica nacional.
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“Em boa parte dessa amostra, os pais não são nascidos em São Paulo, o que diminui consideravelmente o viés. É um problema bem modesto, considerando que as proporções de ancestralidade que vimos ficaram bem mais diversas do que as encontradas em estudos anteriores”, explica Hünemeier.
A ancestralidade indígena geral, equivalente ou superior a 25% nos estados da região Norte, se explica tanto pelo peso menor da escravidão de africanos na área quanto pelo fato de que a maior população indígena pré-colonial estava concentrada na Amazônia antes da chegada dos europeus.
A Herança da Escravidão e a Ascendência Africana na Bahia
O tráfico de escravizados teve um grande impacto econômico, principalmente nas atividades com uso intensivo de mão de obra, como as lavouras de cana e café e a mineração do ouro. Isso explica a ancestralidade média africana de quase 50% na Bahia, seguida pelo Rio de Janeiro, Sergipe e Minas Gerais em proporções menores. Rio de Janeiro e Salvador eram os maiores portos de entrada de escravizados no período colonial.
Em relação à ancestralidade europeia, São Paulo e Rio Grande do Sul são parecidos, e Goiás apresentou um índice médio ainda maior. No entanto, o número de Goiás deve ser analisado com cautela devido ao tamanho reduzido da amostra.
O impacto da invasão e imigração europeias é ainda mais forte nas linhagens paternas dos brasileiros, representadas pelos diferentes tipos de cromossomo Y. Em todos os estados, 60% ou mais das linhagens do cromossomo Y são europeias. No Espírito Santo e no Ceará, esse número é igual ou superior a 80%.
Linhagens Maternas e a Distribuição Genética
No caso das linhagens maternas, o cenário muda. Representadas pelo DNA mitocondrial (mtDNA), que só é transmitido pelas mães para filhos de ambos os sexos, essas linhagens não são predominantemente europeias em nenhuma região ou estado.
Em quatro dos estados analisados, metade ou mais das linhagens de mtDNA são africanas, com destaque para a Bahia, onde esse número chega a 86%. Mesmo no Rio Grande do Sul, o mtDNA europeu apenas empata com o africano, ambos com 35%. A herança genética do leste asiático (de imigrantes japoneses) não costuma ultrapassar 1% em todos os quesitos, regiões e estados.
Segundo Lygia Pereira, o estudo está sendo expandido, com novas análises de outras populações brasileiras. Esses dados revelam a complexa história de miscigenação no Brasil, onde diferentes ascendências se manifestam de maneiras únicas em cada região, refletindo as dinâmicas sociais e econômicas de cada período.
Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Segunda: Via Folha de São Paulo