Goiás se torna o primeiro estado a regulamentar inteligência artificial no Brasil

Goiás aprovou a primeira lei estadual sobre inteligência artificial, criando segurança jurídica e atraindo investimentos no setor.
Atualizado em 15/05/2025 às 16:55
Goiás se torna o primeiro estado a regulamentar inteligência artificial no Brasil
Goiás aprova lei de inteligência artificial, fortalecendo segurança e atraindo investimentos. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Goiás aprovou a primeira lei estadual que regulamenta o uso da inteligência artificial no Brasil.
    • A lei busca criar um ambiente seguro para empresas e usuários, incentivando o desenvolvimento tecnológico.
    • Empresas podem se beneficiar de maior clareza jurídica, atraindo investimentos em tecnologia para o estado.
    • A iniciativa pode inspirar outros estados a seguir o mesmo caminho, acelerando a regulamentação da IA no país.
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Goiás surpreendeu ao aprovar, em tempo recorde, o primeiro marco legal sobre regular inteligência artificial no Brasil. A medida, que visa trazer segurança jurídica para empresas e usuários, foi sancionada em apenas um dia. O estado se antecipa ao governo federal e espera atrair investimentos no setor de tecnologia, especialmente em data centers, os centros de supercomputadores que alimentam a IA.

Goiás sai na frente com regulação de IA

Na quarta-feira (14), a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou, em duas votações unânimes, o projeto de lei que estabelece o marco legal para a inteligência artificial no estado. A proposta, que tramitou por apenas um dia, foi rapidamente aprovada pelos deputados e agora aguarda a sanção do governador Ronaldo Caiado.

Ao contrário do projeto de lei que tramita no Congresso Nacional desde 2020, a iniciativa goiana não foca em questões polêmicas como direitos autorais ou remuneração de artistas. O objetivo principal é criar um ambiente de negócios mais seguro para empresas que atuam com inteligência artificial.

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Segundo Adriano da Rocha Lima, secretário-geral do governo de Goiás e um dos autores da lei, o projeto busca eliminar a insegurança jurídica causada pelo projeto de lei federal nº 2338 de 2023. Ele afirmou que empresas como a Amazon estariam retendo investimentos no Brasil devido a essa incerteza.

O governo de Goiás defende a validade da lei estadual, argumentando que a Constituição permite a concorrência regulatória entre estados e a União. No entanto, especialistas como Ronaldo Lemos, do ITS-Rio (Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro), alertam que a lei federal pode se sobrepor em questões como a obrigatoriedade de pagamento pelo uso de propriedade intelectual.

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Fomento à inovação e atração de investimentos

A legislação goiana prioriza os direitos de desenvolvedores, operadores, usuários e não usuários da inteligência artificial. Em vez de focar na prevenção de danos e na responsabilização, o texto busca promover o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia de forma ética e responsável.

Para isso, a lei institui o Núcleo de Ética e Inovação em Inteligência Artificial (NEI-IA), um comitê consultivo e multissetorial que definirá boas práticas e parâmetros de sustentabilidade para o uso da IA. De acordo com Lemos, do ITS-Rio, o projeto inverte a lógica da proposta nacional, priorizando o fomento em vez da proibição.

A iniciativa goiana também se inspira em experiências internacionais, como a estratégia de desregulamentação adotada na Índia. Além disso, o estado busca se posicionar na corrida por investimentos em data centers, infraestrutura essencial para o treinamento de modelos de inteligência artificial.

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O governo de Goiás aposta no uso de biometano para suprir a demanda de eletricidade dos data centers, além de oferecer incentivos fiscais e creditícios para empresas do setor. A ideia é atrair projetos de infraestrutura e inteligência artificial para o estado, revertendo a tendência de concentração no sul e sudeste do país.

A aprovação rápida da lei permitiu que o texto abordasse temas recentes como agentes autônomos e inteligência artificial embarcada. A regulamentação busca diminuir o risco de disputas judiciais para empresas, oferecendo maior clareza em relação a legislações como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e o Código de Defesa do Consumidor.

Principais pontos da lei de fomento à IA de Goiás

  • Estabelece fundamentos e princípios para o desenvolvimento da IA no estado.
  • Determina preferência por soluções tecnológicas desenvolvidas em “software aberto e modelos de IA abertos”.
  • Define direitos de desenvolvedores, operadores, usuários e não usuários.
  • Regulamenta o uso da IA para melhoria dos serviços públicos.
  • Institui programas específicos de incentivo à IA, como o “IA no Campo – Agro-Tech Aberta Global”.
  • Cria o Centro Estadual de Computação Aberta e Inteligência Artificial.
  • Estabelece o “Sandbox Estadual Permanente de Inteligência Artificial”, uma exceção à lei estadual que garante mais flexibilidade regulatória para startups.
  • Regulamenta agentes autônomos de IA e inteligência artificial embarcada.
  • Determina políticas de educação e capacitação em IA.
  • Dispõe sobre sustentabilidade e governança ambiental da infraestrutura de IA.

O projeto também visa a criação de um ambiente de negócios competitivo em tecnologia, com a capacitação em inteligência artificial desde a educação básica. Além disso, prioriza a adoção de modelos de código aberto pela administração goiana, permitindo que pessoas e empresas interessadas usem, editem e auditem a tecnologia.

A aprovação da lei de fomento à IA em Goiás demonstra o crescente interesse dos estados brasileiros em regular inteligência artificial e criar um ambiente favorável para o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia. Resta saber se outras unidades da federação seguirão o exemplo goiano e como o governo federal responderá a essa iniciativa pioneira.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de S.Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.