A Hugging Face desafia as gigantes da tecnologia ao submeter um plano de código aberto para a Política de IA da Casa Branca. A empresa argumenta que o desenvolvimento colaborativo e de código aberto pode impulsionar a competitividade americana, contrastando com a postura de empresas como a OpenAI, que defendem uma regulamentação mais branda. As recomendações da Hugging Face focam em democratizar a tecnologia de IA, fortalecer ecossistemas abertos e promover modelos mais eficientes.
Hugging Face Propõe Modelo Open Source na Disputa pela Política de IA da Casa Branca
Num cenário político em Washington, onde muitos defendem uma regulamentação mínima para a inteligência artificial, a Hugging Face está apresentando uma proposta diferente ao governo Trump. A empresa acredita que o desenvolvimento de IA de código aberto e colaborativo pode ser um grande diferencial para os Estados Unidos.
A Hugging Face, que hospeda mais de 1,5 milhão de modelos públicos em diversas áreas, submeteu suas recomendações para o Plano de Ação de IA da Casa Branca. A empresa argumenta que os avanços recentes em modelos de código aberto mostram que eles podem igualar ou superar os sistemas comerciais fechados, com um custo muito menor.
Na sua proposta oficial, a Hugging Face destaca conquistas recentes como o OlympicCoder, que supera o Claude 3.7 em tarefas complexas de programação usando apenas 7 bilhões de parâmetros. A empresa também cita os modelos OLMo 2 da AI2, que igualam o desempenho do o1-mini da OpenAI.
Essa proposta faz parte de um esforço maior do governo Trump para coletar ideias para o seu Plano de Ação de IA, conforme exigido pela Ordem Executiva 14179, intitulada “Removendo Barreiras à Liderança Americana em Inteligência Artificial”, emitida em janeiro. Essa ordem substituiu a abordagem mais focada em regulamentação do governo Biden, priorizando a competitividade dos EUA e a redução de barreiras regulatórias ao desenvolvimento.
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Contraste com a Abordagem das Gigantes da Tecnologia
A proposta da Hugging Face contrasta com as de líderes de IA como a OpenAI, que tem defendido uma regulamentação mais leve e a “liberdade para inovar no interesse nacional”, alertando sobre a crescente liderança da China em IA. A OpenAI enfatiza uma “parceria voluntária entre o governo federal e o setor privado” em vez de leis estaduais consideradas “excessivamente onerosas”.
As recomendações da Hugging Face se baseiam em três pilares interconectados que visam democratizar a tecnologia de IA. A empresa argumenta que abordagens abertas fortalecem a posição competitiva dos Estados Unidos, em vez de prejudicá-la.
“Os sistemas de IA mais avançados até o momento se baseiam em uma base sólida de pesquisa aberta e software de código aberto, o que mostra o valor crítico do apoio contínuo à abertura para sustentar o progresso”, escreveu a empresa em sua proposta.
O primeiro pilar da Hugging Face pede o fortalecimento de ecossistemas de IA abertos e de código aberto por meio de investimentos em infraestrutura de pesquisa, como o National AI Research Resource (NAIRR), e garantindo amplo acesso a conjuntos de dados confiáveis. Essa abordagem contrasta com a ênfase da OpenAI em isenções de direitos autorais que permitiriam que modelos proprietários fossem treinados em material protegido por direitos autorais sem permissão explícita.
A empresa ressalta que o investimento em sistemas que podem ser reutilizados e adaptados tem um forte impacto econômico, impulsionando uma porcentagem significativa do PIB dos países. A Hugging Face argumenta que abordagens abertas impulsionam o crescimento econômico, em vez de prejudicá-lo.
Modelos de IA Eficientes para Democratizar a Tecnologia
O segundo pilar da empresa foca em lidar com as restrições de recursos enfrentadas pelos adotantes de IA, especialmente organizações menores que não podem arcar com as demandas computacionais de modelos de grande escala. Ao apoiar modelos mais eficientes e especializados que podem ser executados com recursos limitados, a Hugging Face argumenta que os EUA podem permitir uma participação mais ampla no ecossistema de IA.
A proposta da Hugging Face defende modelos menores que podem ser usados até mesmo em dispositivos de borda, técnicas para reduzir os requisitos computacionais na inferência e esforços para facilitar o treinamento em média escala para organizações com recursos computacionais modestos. Todas essas medidas apoiam o desenvolvimento de modelos que atendam às necessidades específicas de seu contexto de uso.
Sobre segurança, um foco importante das discussões políticas do governo, a Hugging Face argumenta que sistemas de IA abertos e transparentes podem ser mais seguros em aplicações críticas. A empresa sugere que modelos totalmente transparentes, que fornecem acesso aos seus dados e procedimentos de treinamento, podem oferecer as certificações de segurança mais abrangentes. Além disso, modelos de código aberto que podem ser executados em ambientes isolados podem ser um componente crucial no gerenciamento de riscos de informação.
Para saber mais sobre segurança, é crucial estar atento às constantes atualizações, como a aquisição da empresa de cibersegurança Wiz pelo Google. Investimentos como esse são cruciais para proteger dados e sistemas.
A Batalha Política Crescente que Pode Moldar o Futuro da IA
A abordagem da Hugging Face destaca as crescentes divisões políticas na indústria de IA. Enquanto empresas como OpenAI e Google enfatizam a necessidade de acelerar os processos regulatórios e reduzir a supervisão governamental, a empresa de capital de risco Andreessen Horowitz (a16z) defende um meio-termo. A a16z argumenta que a liderança federal é essencial para evitar uma colcha de retalhos de regulamentações estaduais, concentrando a regulamentação em danos específicos, em vez do desenvolvimento do modelo em si.
“A Little Tech tem um papel importante a desempenhar no fortalecimento da capacidade da América de competir em IA no futuro, assim como tem sido uma força motriz da inovação tecnológica americana historicamente”, escreveu a a16z em sua proposta, usando uma linguagem que se alinha um pouco com os argumentos de democratização da Hugging Face.
Enquanto isso, a proposta do Google se concentrou em investimentos em infraestrutura, abordando principalmente as “necessidades de energia crescentes” para a implementação de IA, uma preocupação prática compartilhada em todas as posições da indústria.
Inovação e Acesso: A Corrida Para Influenciar o Futuro da IA nos EUA
À medida que o governo avalia as visões concorrentes para a liderança americana em IA, a tensão fundamental entre o avanço comercial e o acesso democrático permanece não resolvida. A visão da OpenAI para o desenvolvimento de IA prioriza a velocidade e a vantagem competitiva por meio de uma abordagem centralizada, enquanto a Hugging Face apresenta evidências de que o desenvolvimento distribuído e aberto pode fornecer resultados comparáveis, ao mesmo tempo em que espalha os benefícios de forma mais ampla.
Os argumentos econômicos e de segurança provavelmente serão decisivos. Se os funcionários do governo aceitarem a afirmação da Hugging Face de que “uma estratégia de IA robusta deve alavancar o desenvolvimento aberto e colaborativo para melhor impulsionar o desempenho, a adoção e a segurança”, o código aberto poderá encontrar um lugar significativo na estratégia nacional. Mas se as preocupações com as capacidades de IA da China dominarem, os apelos da OpenAI por uma supervisão mínima podem prevalecer.
O que está claro é que o Plano de Ação de IA definirá o tom para anos de desenvolvimento tecnológico americano. Como conclui a proposta da Hugging Face, tanto os sistemas abertos quanto os proprietários têm papéis complementares a desempenhar, sugerindo que a política mais sensata pode ser aquela que aproveita os pontos fortes únicos de cada abordagem, em vez de escolher entre eles. A questão não é se a América liderará em IA, mas se essa liderança trará prosperidade para poucos ou inovação para muitos.
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