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- Presentear em excesso pode ser um reflexo de traços de personalidade ou estratégias relacionais.
- Se você notar esse comportamento, pode ser útil observar as intenções por trás dos gestos.
- Filhos de pais com comportamentos de dar e receber presentes em excesso podem ter padrões emocionais e relacionais complexos.
- Por fim, a maneira como presenteamos pode mostrar diferentes formas de expressar afeto e valores internos.
Dar presentes pode ser mais do que só um gesto legal. Às vezes, a frequência ou o valor exagerado escondem outras intenções, ligadas à personalidade. Um especialista em neurociências explica como isso pode se conectar a certos padrões de comportamento, vistos sob a lente da psicologia e neuropsicologia.
Sabe quando alguém parece presentear demais? Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Pós-PhD em Neurociências, isso pode ir além da generosidade pura e simples. O ato de presentear em excesso pode ser uma estratégia, consciente ou não, para manejar relacionamentos, e às vezes está ligado a traços específicos de personalidade.
Conexões com a Personalidade
Quando esse comportamento de presentear se torna muito intenso ou frequente, destoando da relação, vale olhar com mais atenção. A psicologia, especialmente o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), relaciona isso a alguns transtornos de personalidade do grupo B.
Dois exemplos citados pelo especialista são o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) e o Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH). Nesses casos, o presente pode virar uma ferramenta, muitas vezes ligada a uma certa “teatralização” dos sentimentos e uma busca constante por validação externa.
É como se o presente não fosse apenas um presente, mas uma peça em um jogo relacional mais complexo, onde as motivações podem ser diferentes do simples desejo de agradar.
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O Presente como Ferramenta
Para quem tem traços narcisistas (TPN), o presente pode não ser tanto sobre o outro, mas sobre si mesmo. Pode funcionar como um jeito de exercer controle ou de manter uma imagem de pessoa grandiosa e generosa. O objetivo, muitas vezes, é receber algo em troca: admiração, validação, um “reforço” para o próprio ego.
Do ponto de vista neurobiológico, estudos sugerem que pode haver alterações na conexão entre áreas do cérebro responsáveis pelo planejamento e empatia (córtex pré-frontal medial) e as ligadas às emoções (sistema límbico). Isso poderia, em teoria, diminuir a capacidade de sentir empatia genuína ou de responder à reciprocidade afetiva de forma equilibrada.
Já no caso do Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH), presentear de forma exagerada pode ser uma maneira de buscar atenção e “ativar” emoções no outro e em si. A pessoa busca aprovação constante e pode usar gestos grandiosos, que parecem muito generosos, para conseguir ser o centro das atenções.
Essa necessidade de validação pode estar ligada a uma dificuldade em lidar com a falta de atenção e a uma tendência a dramatizar os relacionamentos. O cérebro, nesses casos, pode ser mais reativo ao julgamento social e à percepção externa.
Outras Formas de Expressar Valor
Mas é claro que nem todo mundo que presenteia muito se encaixa nesses padrões. E, importante, nem todo mundo expressa valor ou afeto da mesma forma. Muitas pessoas demonstram seu carinho e constroem relações de maneiras diferentes, que não envolvem presentes materiais caros ou frequentes.
Isso pode acontecer através de ideias compartilhadas, de uma escuta atenta e empática, de estar presente nos momentos importantes (bons ou ruins) ou de criar algo com significado simbólico para a relação.
Esses comportamentos, geralmente associados a uma maior consciência sobre si mesmo e autocontrole, podem indicar uma boa integração entre as áreas do cérebro que cuidam das emoções e do raciocínio (sistemas límbico e executivo). Essas pessoas tendem a valorizar as relações de forma mais interna, sem tanta necessidade de validação externa ou “palco”.
A forma como cada um demonstra afeto e constrói laços é variada, e presentes são apenas uma das muitas linguagens possíveis nesse processo.
Portanto, presentear demais não é apenas um detalhe de comportamento. Pode ser um reflexo de como a pessoa pensa, sente e se relaciona, mostrando um pouco da sua estrutura emocional e cognitiva. Em algumas situações, pode sim indicar dificuldades em se relacionar de forma adaptativa e equilibrada no campo afetivo e social.
É fundamental não tirar conclusões apressadas ou rotular pessoas. Analisar esse comportamento exige olhar o quadro completo: a frequência dos presentes, o contexto da relação, a real motivação por trás do gesto (quando possível identificar) e se existe um padrão que se repete ao longo do tempo e em diferentes relacionamentos.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.