Influenciador de musculação questiona a moderação de conteúdo nas redes sociais

Fábio Tavares analisa os limites das redes sociais na exposição de conteúdo e discute a influência das plataformas na cultura fitness.
Atualizado há 5 horas atrás
Influenciador de musculação questiona a moderação de conteúdo nas redes sociais
Fábio Tavares explora os limites das redes sociais na cultura fitness. (Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • Fábio Tavares, influenciador de musculação, discute o impacto das redes sociais na saúde mental e cultura fitness.
    • Ele busca ampliar debates sobre responsabilidade das plataformas e a liberdade de expressão.
    • O conteúdo de suas postagens revela uma crítica aos limites da moderação e ao papel das redes na formação de opiniões.
    • Fábio também evidencia a influência da cultura ‘redpill’ e movimentos como ‘incel’ na sociedade atual.
    • Ele pretende testar os limites do algoritmo e divulgar temas considerados extremos na ausência de moderação rígida.
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A carreira de Fábio Tavares, conhecido como Fabinbb, mistura saúde, estética e presença digital. Este atleta e personal trainer usa vídeos curtos no Instagram e TikTok para compartilhar seu vasto conhecimento sobre musculação e os benefícios da atividade física. Ele também reflete sobre seu papel como figura pública nas redes sociais, que são ferramentas com grande impacto no Brasil e no mundo.

Com 26 anos, Fábio é bacharel em Educação Física. Ele transita por diferentes grupos de criadores de conteúdo, incluindo a popular “bolha maromba”. Assim como outros influenciadores mais jovens, sua abordagem é bem baseada em estudos científicos. Mas Fábio vai além do corpo humano, compartilhando suas opiniões sobre a cultura digital, questões sociais e as responsabilidades de grandes empresas, especialmente as que controlam as plataformas online.

O interessante é que Fábio Tavares, mesmo sendo um influenciador de musculação, frequentemente se posiciona de forma crítica. Ele é vocal contra as Big Techs, discute a cultura incel na internet e como as redes sociais podem afetar a saúde mental de seus usuários. Sua atuação busca trazer um olhar mais aprofundado para esses temas.

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A Trajetória de Fábio Tavares no Cenário Digital

A jornada de Fábio no ambiente digital começou quando ele tinha 20 anos, conforme compartilhado em uma entrevista. Naquela época, ele iniciou a publicação de vídeos no TikTok, expandindo para o Instagram alguns anos depois. Além de ser um criador de conteúdo ativo, Fábio também oferece consultoria para atletas de diferentes realidades financeiras, incluindo aqueles que não têm acesso a equipamentos de ponta de academias tradicionais.

Fábio mencionou que sempre gostou de interagir com as pessoas, o que o motivou a produzir conteúdo. Ele se sente mais produtivo ao conversar com outros, e os vídeos oferecem uma maneira de dialogar com indivíduos que ele não encontraria de outra forma. Essa comunicação permite abordar temas e formatos que antes eram inacessíveis para ele.

Fábio avalia sua produção de conteúdo com atenção, observando o comportamento da audiência e as mudanças nas plataformas. Atualmente, o Instagram é sua plataforma favorita para publicações. No entanto, ele faz críticas à forma como Mark Zuckerberg gerencia a moderação de conteúdo na rede social.

“Parei de ver a aba de Reels porque em um dia vi três assassinatos. O algoritmo está muito estranho. Ele chega a mostrar carros passando em cima de cabeças de crianças em estacionamentos de prédio, sabe? Alguém pegou a câmera de segurança, postou no Instagram. E o Instagram achou que, com milhões de visualizações, aquilo era algo válido para ser visto, sabe?”, questiona.

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Fábio também questiona a lógica por trás da exibição de conteúdo violento e explícito sem aviso. “Então agora além de poder chamar alguém gay de doente mental, você pode mostrar uma pessoa sendo mutilada como se fosse nada em uma rede social que, teoricamente, a idade mínima é 13 anos? E sem um aviso de conteúdo sensível, já que antes pelo menos tinha”.

Como atleta de musculação há 12 anos, Fábio vivenciou o início da chamada “bolha fitness” no Brasil. Ele cita o personal trainer e criador de conteúdo Leandro Twin como um de seus exemplos, que também é um divulgador científico e uma figura de destaque na área.

Redes Sociais e a Conexão com a Política

As redes sociais mudaram muito, não são mais só um lugar para conversar com amigos. Elas se tornaram importantes para criar a identidade das pessoas. Os algoritmos, mesmo sendo feitos para mostrar o que você mais gosta, acabam influenciando o que está em alta, incluindo coisas que podem ser complicadas. Quem mais usa e cria conteúdo são os jovens e adultos: uma pesquisa da Influency.me mostra que quase metade dos 2 milhões de influenciadores brasileiros têm entre 25 e 34 anos.

Fábio, consciente de sua própria influência, não se limita a discussões científicas. Ele também aborda tópicos como sexualidade, papéis de gênero e masculinidade. Ele procura ativamente ir contra seus pensamentos comuns para ter uma visão mais ampla. Como um homem brasileiro, ele reconhece que está imerso na sociedade e que suas estruturas podem influenciar o modo de pensar.

Nesse ponto, Fábio critica diretamente a cultura redpill. “O que levou homens a pararem para pensar em que nível de capacidade conseguiriam vencer um gorila? Isso revela muito sobre como a cultura é pensada e refletida comercialmente — e por que funciona tão bem em certos pontos. O ‘redpill’ cresce muito, e os ‘Legendários’ são uma nova rede de descoberta da masculinidade, um tipo de ‘cristianismo 2.0’”, ele analisa.

Redpill: ou “pílula vermelha”, é um movimento cultural digital que debate masculinidade, comportamento social e valores progressistas. Geralmente, ele critica o feminismo e valoriza as dinâmicas de poder tradicionais nas relações.

Paralelamente ao culto à masculinidade, surge o movimento incel, que exalta a figura masculina, muitas vezes vista como símbolo de poder e domínio. Esse movimento rejeita de forma contundente a “cultura woke”, que busca promover a conscientização sobre justiça social, igualdade e diversidade.

A palavra “woke”, que vem do inglês e significa “acordar” ou “despertar”, tem origem na comunidade afro-americana. Com o tempo, a gíria passou a representar a conscientização sobre injustiças sociais. Fábio critica a forma como o termo é usado para rotular qualquer conteúdo que não seja voltado para o público masculino, heterossexual e cisgênero.

“Qualquer coisa que não seja feita ou pensada para o público masculino, hétero e cisgênero já é taxada como ‘woke’”, ele critica. No universo fitness, há reflexos dessa resistência. Bissexual, Fábio diz ser alvo de piadas homofóbicas nas redes sociais. No entanto, ele vê sua própria transparência como uma chance para falar sobre assuntos que outros criadores geralmente evitam.

Ele aponta que “O fisiculturismo é um esporte homoafetivo — são homens olhando para homens; admirando homens; a forma física de homens; amando homens”. Essa observação levanta um aspecto que muitos preferem não discutir, especialmente quando se trata do lado emocional masculino. Além disso, as redes sociais têm sido usadas para crimes, como o caso de um homem condenado à pena de morte no Japão por crimes usando redes sociais.

Anabolizantes e a Venda de Lifestyles

O uso de anabolizantes é um tema constante no meio da musculação. Embora consumir essas substâncias não seja ilegal, a venda irregular é considerada crime no Brasil. É comum que sejam apreendidas substâncias vendidas de forma clandestina, especialmente por meio de aplicativos de mensagens.

Essas drogas são usadas principalmente por fisiculturistas de alto nível. Existem até categorias específicas para atletas que fazem uso de esteroides. No Brasil, alguns profissionais assumem o uso, enquanto outros preferem não tocar no assunto por causa do estigma associado.

Fábio, que já fez uso de algumas substâncias em sua própria jornada, avalia que o público da musculação brasileira tende a ser conservador em costumes. No entanto, é mais aberto a práticas como o uso de esteroides. Existe uma dualidade: o fisiculturista que usa várias substâncias pode ser liberal, enquanto quem faz um treino leve na academia pode ser mais conservador.

A percepção pública sobre anabolizantes é bastante influenciada por conteúdos de outros países, especialmente por competições internacionais. “A endeusação do esteroide vem de fora. O documentário Bigger, Stronger, Faster mostra bem como é a história nos EUA. Lá, quando o governo pune um usuário, ele vira anti-herói nacional”.

O artigo 273 do Código Penal brasileiro define como crime a falsificação, adulteração ou alteração de produtos terapêuticos ou medicinais. A pena é de 10 a 15 anos de reclusão, além de multa.

Fábio também analisa influenciadores que promovem “estilos de vida” luxuosos, uma realidade bem diferente da “bolha maromba”, onde o foco principal é o corpo. “Acho que a bolha fitness vai expandir para um lado mais social. O Brasil está em crise e mais da metade da população não tem condições nem de comprar suplemento, quanto mais pagar uma academia”. Produtos como whey protein e creatina, populares entre praticantes de atividades físicas, têm preços variados. Cada marca usa uma estratégia de preço, mesmo que os produtos sejam semelhantes do ponto de vista nutricional. Um bom exemplo de como a tecnologia se adapta a diferentes áreas é como a IA generativa está transformando a saúde e os negócios, incluindo o setor de consultorias e treinamentos personalizados.

O Papel da Polarização nas Redes

Manter a atenção dos usuários é a meta de qualquer rede social. Essa atenção traz mais engajamento, visualizações de anúncios e, claro, mais dados. Por isso, entender como as pessoas se comportam é muito importante, e postar coisas que despertam emoções fortes costuma funcionar bem. Debates sobre moral, por exemplo, prendem bastante a atenção. Além disso, a OpenAI melhora o controle e monitoramento de agentes de IA, buscando um equilíbrio na moderação de conteúdo.

Essa ideia é defendida pelos psicólogos William J. Brady e Ana P. Gantman no artigo “Attentional capture helps explain why moral and emotional content go viral”. O estudo mostra que posts ligados a debates morais, bons costumes e valores pessoais chamam mais a atenção do que conteúdos neutros. Essa tendência também levanta discussões sobre o futuro das interações, com especialistas debatendo o futuro da humanidade com a IA.

O impulsionamento de conteúdos com forte carga moral pode aumentar a polarização social e política. Por essa razão, discute-se a responsabilidade das redes sociais sobre o que seus usuários compartilham. Hoje, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende que as plataformas são, sim, responsáveis pelo material publicado.

Do outro lado, a moderação de conteúdo precisa encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a criminalização de discursos ofensivos ou violentos. As principais plataformas têm buscado uma vigilância menos rigorosa ultimamente. A Meta, por exemplo, trocou a checagem oficial de fatos por notas da comunidade e reviu suas diretrizes. Já o YouTube fez um caminho parecido, mas sem muito alarde. A responsabilidade das plataformas sobre o conteúdo postado por seus usuários continua em debate, e em alguns casos, pode até ser necessário escanear seu documento de identidade para acessar certos sites.

Fábio, ciente dessa mudança nas plataformas, pretende agir de forma mais direta e testar os limites do algoritmo. “Se a moderação daqui [do Instagram] acabar, vou meter o zaralho. Sou muito contido no meu conteúdo, nas críticas que faço, mas se a moderação da internet e das redes permitir que eu faça o que realmente quero, vou mostrar todo o extremismo que é possível ser feito aqui dentro”, ele disse em entrevista.

“Claro, não farei violências contra pessoas, mas vou mostrar os massacres indígenas que acontecem com frequência e colocar na tela para que as pessoas vejam”, afirmou Fábio. Ele completou dizendo que “Se eu faço isso agora, o conteúdo é removido. Agora, se eles acabarem com a moderação, vou mostrar”. Isso mostra o papel crescente dos criadores de conteúdo na discussão sobre as políticas de moderação das plataformas.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.