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- Pesquisadores procuram determinar a data exata do início do Antropoceno, a era marcada pela influência humana no planeta.
- Um estudo recente propõe que o início ocorreu em 1592, antes das datas tradicionais baseadas em dióxido de carbono.
- O uso de metano na atmosfera, um gás de efeito estufa potente, ajuda a definir essa possível nova data de início.
- Alterações na paisagem, como reflorestamento após o colapso demográfico indígena, contribuíram para a mudança do clima global.
Desde o ano 2000, quando o Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen e Eugene Stoermer propuseram o fim do Holoceno e o começo do Antropoceno, muitos pesquisadores buscam definir o real Início do Antropoceno. Apesar da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS) ter rejeitado a mudança em março de 2024, novas propostas surgem, como a de 1592, baseada nos níveis de metano.
Em um estudo recente na revista Nature Reviews, Earth and Environment, o cientista Vincent Gauci, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, sugere uma data diferente. Para ele, a era geológica que marca a influência humana teria começado em 1592.
Esta proposta de Gauci está ligada ao colonialismo europeu, mas antecipa em 18 anos a data de 1610, que se baseava nos níveis de CO₂ encontrados em registros de núcleos de gelo. A nova data se foca na concentração de metano na atmosfera, um gás com comportamento distinto.
Novas Perspectivas para o Início do Antropoceno
A escolha do metano como indicador tem algumas vantagens importantes em relação a marcadores anteriores. Diferente do CO₂, que pode permanecer no ar por décadas ou até séculos, o metano reage mais rapidamente às alterações no ambiente.
Além disso, o metano é um gás com efeito estufa muito potente, sendo cerca de 80 vezes mais forte que o CO₂ em termos de potencial de aquecimento global em curto prazo. Isso o torna um sinal mais preciso para entender as mudanças causadas pelas atividades humanas ao longo do tempo.
A pesquisa de Gauci, assim como trabalhos anteriores de Simon Lewis e Mark Maslin, utilizou informações de testemunhos de gelo. Esses dados foram coletados em geleiras e calotas polares da Antártida, revelando a composição da atmosfera em diferentes épocas.
Os resultados atuais da análise desses registros mostram uma concentração mínima de metano cerca de um século depois da chegada de Cristóvão Colombo às Américas. Esse pico de queda de metano sugere um evento global significativo influenciado pelas ações humanas.
A Humanidade e as Mudanças na Paisagem
A chegada dos europeus às Américas em 1492 e a intensa colonização a partir de 1500 resultaram em um grande colapso demográfico. Estimativas indicam a perda de cerca de 50 milhões de vidas indígenas, um evento trágico.
Com a diminuição da população, vastas áreas de terras agrícolas, antes cultivadas, foram abandonadas. Esse abandono levou a um processo de reflorestamento em larga escala, algo sem precedentes na história recente do planeta.
O aumento de florestas contribuiu para uma redução significativa de CO₂ e metano na atmosfera. Em seu artigo, Gauci destaca o papel das árvores como “sumidouros” de metano, agindo como removedores naturais do gás.
Ele explica que as árvores lenhosas, ao crescerem em antigas áreas agrícolas, aumentaram a superfície em contato com o ar. Nessas superfícies, elas hospedam microrganismos capazes de retirar o metano diretamente da atmosfera.
Outro mecanismo importante é a retenção de parte da chuva pelas copas das árvores. Essa água evapora de volta para a atmosfera antes de alcançar o solo. Isso significa menos água disponível para os pântanos.
Menos água nos pântanos é crucial, pois essas áreas são grandes produtoras de metano. Assim, o reflorestamento ajudou a diminuir a quantidade desse gás no ar, um efeito global causado por eventos humanos históricos.
Esses vestígios da nossa antiga influência no planeta mostram que sempre existiu uma ligação profunda entre a humanidade e a natureza. Gauci enfatiza que essa conexão é tão fundamental que, como espécie, somos inseparáveis do mundo natural.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.