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A forma como as empresas gerenciam seus veículos no Brasil está em uma transformação notável. Longe do controle manual com papel, caneta e tacógrafo, o setor agora abraça tecnologias avançadas como a telemática, a inteligência artificial (IA) e a videotelemática. Essa mudança visa trazer mais eficiência, segurança e sustentabilidade para o transporte de mercadorias no país.
Para entender melhor esse cenário, o podcast do The BRIEF, o The BRIEFCast, convidou Eduardo Canicoba, vice-presidente da Geotab Brasil. A Geotab é uma empresa canadense que monitora mais de 5 milhões de veículos globalmente. Canicoba compartilhou insights sobre o avanço tecnológico no transporte e os benefícios de uma gestão de frotas baseada em dados concretos.
Antigamente, o principal recurso de monitoramento era o tacógrafo, aquele disco de papel que registrava a velocidade e os horários de ônibus e caminhões. Essa ferramenta permitia aos gestores identificar excessos de velocidade ou comportamentos de motoristas, mas sua capacidade de fornecer dados era bastante limitada e reativa.
A realidade atual é bem diferente e oferece um nível de detalhe muito maior para quem trabalha com logística. O avanço da telemetria para a telemática proporcionou um salto significativo na qualidade dos dados coletados.
Se antes os dados se limitavam a um simples “ponto A ao ponto B”, hoje temos acesso a informações muito mais ricas e detalhadas. Isso inclui o uso do cinto de segurança, registros de frenagens bruscas, o consumo exato de combustível e até o estado dos pneus. Além disso, a tecnologia pode indicar o acionamento dos limpadores de para-brisa, que sinaliza chuva em uma região específica, e monitorar o comportamento do motorista, além do tempo ocioso do veículo com o motor ligado. Informações detalhadas sobre o comportamento do motorista são cruciais para a segurança. A tecnologia para veículos autônomos também se beneficia muito desses avanços.
Eduardo Canicoba menciona que a Geotab coleta cerca de 75 bilhões de pontos de dados diariamente em todo o mundo. No Brasil, mesmo com desafios de infraestrutura e conectividade em algumas áreas, os dados são armazenados diretamente nos veículos caso haja perda de sinal e são transmitidos assim que a conexão é restabelecida. Um único veículo pode salvar até 85 mil registros localmente, o que corresponde a aproximadamente um mês de dados sem conexão com a base.
Benefícios da Tecnologia em Transporte
A principal função de toda essa tecnologia é salvar vidas, diminuir custos e reduzir os impactos no meio ambiente. Além desses pontos, existem outras vantagens importantes que merecem destaque para as empresas que adotam essas soluções digitais.
Uma das grandes vantagens é a redução de acidentes. Com o uso de câmeras inteligentes que identificam sinais de sonolência, uso de celular ou outras distrações, o sistema oferece alertas proativos. Ele também permite a reconstrução detalhada de colisões para análise, contribuindo para a segurança nas estradas.
Outro benefício importante é a economia de combustível. Ao monitorar a ociosidade dos veículos, otimizar rotas e analisar o estilo de condução dos motoristas, as empresas conseguem usar o combustível de forma mais inteligente. Esse controle pode ser feito por sistemas que utilizam inteligência artificial para sugerir as rotas mais eficientes.
A manutenção preditiva também se destaca. Por meio da leitura constante de sensores de motor, freio e bateria, é possível prevenir quebras e problemas inesperados nos veículos. Isso diminui os custos de reparo e o tempo em que o veículo fica parado, aumentando a disponibilidade da frota.
Por fim, a tecnologia contribui para a sustentabilidade. Empresas com metas de emissão zero podem medir e comparar seu impacto ambiental com precisão. A análise desses dados permite identificar oportunidades para reduzir as emissões de carbono e alinhar as operações com objetivos de responsabilidade ambiental.
O Desafio Cultural na Integração de Dados
Mesmo com as ferramentas tecnológicas disponíveis, a maior barreira para a plena adoção ainda é cultural. Muitos gestores e executivos mantêm uma visão restrita da gestão de frotas, focada apenas na localização do veículo e na entrega da carga. No entanto, o potencial dos dados vai muito além disso.
Como Eduardo Canicoba destacou, a função dos dados é exatamente orientar o empresário, ajudando-o a compreender os desafios específicos de cada operação. Assim, é possível apresentar indicadores personalizados, com painéis de controle (dashboards) e relatórios feitos sob medida para decisões mais inteligentes. A personalidade de LLMs também é um exemplo de como dados podem ser moldados.
Canicoba reforça a importância da personalização: “Qual é o seu maior desafio? Reduzir acidentes? Controlar combustível? Evitar ociosidade? É possível moldar os dados de acordo com o que importa para você.” Essa flexibilidade permite que a tecnologia se adapte às necessidades de cada negócio.
Exemplos de Sucesso e o Futuro do Transporte
Grandes empresas, como Mercado Livre e PepsiCo, já utilizam essas tecnologias em seus veículos na América Latina. Esses casos demonstram como o Retorno sobre o Investimento (ROI) pode ser alcançado quando os dados são bem utilizados e interpretados. Cada segundo economizado no tempo de entrega, cada litro de diesel poupado e cada colisão evitada se traduz em retorno financeiro, muitas vezes superando o investimento inicial.
Além disso, o setor de transportes começa a se mover em direção à eletrificação. Com uma idade média da frota brasileira de 12,2 anos — e chegando a 16 anos para caminhoneiros autônomos, segundo dados da ANFIR e da CNT —, há um enorme potencial de modernização. A importação de carros elétricos e híbridos já está no radar do governo.
Medir a autonomia da bateria, o tempo de recarga e o consumo elétrico por veículo são algumas das novas demandas que surgem com a gestão de frotas eletrificadas. Esses dados se tornarão essenciais para otimizar as operações e garantir a eficiência dos veículos elétricos.
O Brasil como Laboratório Tecnológico
Com sua vasta extensão territorial e mais de 1,2 milhão de quilômetros de rodovias, o Brasil apresenta desafios únicos para a logística. No entanto, é justamente por essa complexidade que o país se torna um campo fértil para testar e aprimorar soluções tecnológicas robustas no transporte.
Como a conversa com Eduardo Canicoba demonstrou, o futuro da logística já está em andamento. Empresas que conseguem se antecipar, dominar a interpretação dos dados e ajustar suas estratégias a essa nova realidade tecnológica terão uma vantagem competitiva. O que antes era anotado em papel, hoje é armazenado em nuvem, processado por inteligência artificial e transformado em decisões que poupam tempo, dinheiro e, o mais importante, vidas.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.