Imagine trabalhar 17 horas por dia, sem folgas, sob pressão constante e com punições severas caso não atinja as metas. Essa é a realidade de muitas pessoas mantidas em condições análogas à escravidão na KK Park, um dos centros de golpes online em Mianmar. Recentemente, dois brasileiros conseguiram escapar desse pesadelo, trazendo à tona a crueldade e a extensão desse esquema.
Localizada em Mae Sot, na fronteira entre Mianmar e Tailândia, a KK Park se assemelha a uma prisão disfarçada de fábrica. Desde 2020, o complexo expandiu-se significativamente, abrigando milhares de vítimas de tráfico humano forçadas a aplicar golpes na internet.
O que é a KK Park?
Na KK Park, as vítimas são forçadas a trabalhar como falsos parceiros românticos online. O golpe conhecido como “abate de porco” é uma das especialidades da casa. Nele, as vítimas são manipuladas emocionalmente para investir grandes quantias em criptomoedas, causando prejuízos financeiros devastadores. As vítimas de tráfico humano são constantemente monitoradas, sem descanso e em condições desumanas.
As pessoas confinadas são as responsáveis por enganar usuários no Facebook, Instagram, WhatsApp e outras plataformas. Elas precisam atingir um número mínimo de “clientes” ou arrecadar uma quantia determinada por semana, sob pena de sofrerem punições físicas e psicológicas.
A situação é tão grave que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de 100 mil pessoas estejam presas em centros de crimes online em Mianmar. A KK Park é apenas uma das dez fábricas de golpes online em Mianmar semelhantes que operam na região da fronteira com a Tailândia.
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A exploração dessas pessoas é uma realidade sombria, onde a tecnologia é usada para fins criminosos e a dignidade humana é constantemente violada.
Quem está por trás dos Golpes online em Mianmar?
As fábricas de fraudes online na região têm ligações com figuras proeminentes do crime organizado chinês. O rastreamento de pagamentos feitos com criptomoedas das vítimas aponta para Wan Kuok Koi, ex-líder da tríade 14K, também conhecido como “Broken Tooth”.
Em 2018, Wan Kuok Koi fundou a World Hongmen History and Culture Association, uma organização que sofreu sanções dos Estados Unidos devido ao seu envolvimento com o crime organizado. A influência de figuras como “Broken Tooth” ilustra a complexidade e a sofisticação por trás desses esquemas de golpes online em Mianmar.
A segurança da KK Park é garantida pela Força de Guarda Fronteiriça, formada por ex-rebeldes de Mianmar. O local é vigiado por soldados armados e câmeras de vigilância, que monitoram os reféns durante todo o dia. A estrutura de segurança reforçada dificulta a fuga e mantém as vítimas sob constante vigilância.
A combinação de crime organizado, milícias armadas e tecnologia avançada cria um ambiente de exploração e terror para as vítimas de tráfico humano.
Falsas Ofertas de Emprego
As vítimas de tráfico humano chegam à KK Park após serem atraídas por falsas ofertas de emprego, divulgadas principalmente no Telegram. Muitas vezes, elas são sequestradas durante a entrevista de emprego, tornando-se prisioneiras da organização criminosa.
Uma vez na instalação, as vítimas são forçadas a aplicar golpes online em Mianmar e sofrem ameaças de morte. Essa foi a experiência dos brasileiros Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira, que ficaram em cárcere privado por cerca de três meses.
A facilidade com que os criminosos atraem vítimas com promessas de emprego demonstra a necessidade de maior conscientização e fiscalização das ofertas de trabalho online.
Com a ajuda da ONG The Exodus Road, Luckas e Phelipe conseguiram fugir com outras centenas de imigrantes. Atualmente, eles estão na Tailândia, aguardando o retorno ao Brasil. A ONG informou que outros oito brasileiros ainda trabalham para a quadrilha. A história de Luckas e Phelipe serve de alerta e esperança para aqueles que ainda estão presos na KK Park.
A fuga dos brasileiros destaca a importância do trabalho de organizações humanitárias e da cooperação internacional no combate ao tráfico humano e aos golpes online em Mianmar.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via TecMundo