Lost Records Bloom & Rage: O que poderia ser Life is Strange 3

Descubra como Lost Records Bloom & Rage poderia ser o esperado Life is Strange 3 em nossa análise.
Atualizado há 2 dias
Lost Records Bloom & Rage

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Lost Records Bloom & Rage é um jogo narrativo que tem chamado a atenção por ser desenvolvido pelos criadores de Life is Strange, da Dontnod. A história segue quatro adolescentes nos anos 90, em seu último verão juntas numa pequena cidade americana, quando um mistério muda suas vidas para sempre. O jogo se divide em duas partes, com a primeira já disponível e a segunda prometida para abril.

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Afinal, por que Lost Records não é um jogo da franquia Life is Strange?

Antes de mergulharmos na narrativa de Lost Records Bloom & Rage, vale a pena entender os bastidores da sua criação. Muitos se perguntam por que um jogo com foco narrativo, personagens complexos e elementos sobrenaturais, feito pelos criadores de Life is Strange, não faz parte da franquia?

A resposta envolve burocracia e diferenças criativas. Life is Strange, criada há 10 anos pela Dontnod em parceria com a Square Enix, teve seus dois primeiros jogos produzidos pela desenvolvedora francesa, que focou em escolhas impactantes e não teve medo de eliminar personagens. A Square Enix, no entanto, queria um rumo diferente para a saga.

Com isso, a Dontnod foi afastada do desenvolvimento de Life is Strange, que passou para as mãos do estúdio Deck Nine. A franquia mudou seu foco, dando mais atenção a personagens já conhecidos e aos “superpoderes”.

O auge dessa estratégia da Square Enix foi Life is Strange Double Exposure, lançado em 2024, que trouxe Max Caulfield de volta. O jogo não agradou os fãs mais antigos devido às escolhas mais superficiais e ao clima de “filme da Marvel”.

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Nesse cenário, Lost Records Bloom & Rage surgiu como uma esperança para os fãs de Life is Strange, sendo um projeto independente dos criadores originais, com uma atmosfera semelhante aos primeiros jogos. Após jogar o início de Bloom & Rage, posso garantir que ele possui características que vão agradar os fãs de Max e Chloe.

Narrativa cheia de escolhas e com personagens carismáticas

Lost Records Bloom & Rage acompanha a protagonista Swann em dois momentos de sua vida, lembrando obras como IT: A Coisa. No passado, vemos a jovem de 16 anos conhecendo um grupo de garotas e vivendo seu último verão em Velvet Cove, quando um evento misterioso marca suas vidas.

No presente, jogamos com Swann após 27 anos, retornando à cidade para reencontrar suas antigas amigas. Mesmo tendo prometido nunca mais se ver desde os anos 90, elas voltam a Velvet Cove ao receberem um pacote misterioso.

A Dontnod é especialista em narrativa, e o jogo traz muito foco e capricho nessa área. No gameplay do passado, jogamos com Swann em terceira pessoa em diferentes fases, conhecendo melhor suas novas amigas: a carismática Autumn, a rebelde Nora e a enigmática Kat.

Para a alegria dos fãs de Max e Chloe, o núcleo de protagonistas é interessante e fiel ao que se espera de um grupo de adolescentes. Cada personagem tem uma personalidade única, e Swann possui um jeito “nerdola” que rende momentos embaraçosos, mas também cenas que geram identificação em quem já foi um jovem desajustado.

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Narrativa cheia de possibilidades

Além da profundidade dos personagens, Lost Records Bloom & Rage impressiona com as possibilidades da narrativa. Cada diálogo contribui para o relacionamento e amizade de Swann e suas amigas. Uma pequena informação obtida durante uma conversa pode fazer a diferença em uma escolha futura com mais peso na narrativa geral.

No gameplay do futuro, o peso dos diálogos fica ainda mais evidente. Quando o jogo avança para 2022, acompanhamos Swann em primeira pessoa, criando um mistério sobre seu estado atual. Nesta parte, toda a exploração acontece dentro de um bar, focando na conversa da protagonista com suas amigas, onde o jogador pode usar informações descobertas nos flashbacks do passado para melhorar sua relação com as ex-amigas no presente.

É interessante notar o cuidado nas ramificações até mesmo em diálogos mais simples. Em algumas cenas, você pode desbloquear mais opções ao ficar em silêncio por mais tempo ou simplesmente não responder. Na minha segunda jogatina, fiquei impressionado com as mudanças no roteiro em escolhas aparentemente pequenas, mostrando que a Dontnod realmente se dedicou ao roteiro do game.

Novas possibilidades na hora de escolher

A Dontnod também adicionou novas mecânicas interessantes ao gameplay de escolhas, integrando melhor a narrativa ao ambiente. Em locais mais abertos e com a possibilidade de exploração, você pode ter interações extras com as personagens, o que permite criar mais vínculos. Além disso, tanto no passado quanto no presente, o jogador pode observar o ambiente em determinadas cenas para desbloquear novos diálogos e escolhas.

No gameplay com as personagens mais velhas, também é possível interagir com objetos para ter flashbacks em áudio que dão pistas sobre o que acontecerá na história. A ambientação nos anos 90 também é parte essencial da história. Repleto de referências a obras do cinema e da música, o game é uma viagem no tempo para o ano de 1995. Incluindo detalhes que vão desde o punk rock até lendas urbanas, o título conta com um mistério que cerca toda a narrativa, mas que claramente não é o foco da parte 1.

O foco na trajetória das personagens na primeira metade do game me agradou bastante, mas senti que o grande mistério acabou ficando de lado nesse início. Ainda assim, o jogo deixa o palco montado para grandes revelações na história em sua parte final, que chega em 15 de abril, deixando tempo para os fãs montarem teorias.

Enquanto isso, os jogadores podem tirar proveito da rejogabilidade do game. Além das múltiplas escolhas garantirem caminhos diferentes para seguir, Lost Records Bloom & Rage esconde muitos segredos que você pode perceber em uma segunda jogatina.

Como só tive acesso ao início da história, é difícil cravar o quanto o peso das escolhas do jogador vão moldar o resultado final da narrativa. No entanto, a Dontnod já confirmou que o game contará com múltiplos finais em seu passado e no presente. Se eles serão bons, eu te respondo futuramente.

Gameplay traz ótimo uso da câmera

A jogabilidade de escolhas e as ramificações da narrativa são o grande atrativo de Lost Records Bloom & Rage, mas o jogo também conta com uma mecânica de gameplay que merece muito destaque: a câmera de vídeo. A protagonista Swann é apaixonada por cinema e, por causa disso, ela sempre leva seu equipamento de vídeo em suas aventuras.

O uso criativo de objetos como mecânica narrativa já virou marca registrada da Dontnod. Life is Strange 1 mostrava Max Caufield com sua câmera e trazia algumas interações com o objeto. Já no segundo jogo da franquia, era possível usar o caderno do protagonista Sean para desenhar paisagens e obter conquistas.

Em Lost Records Bloom & Rage, no entanto, o hobby de Swann vai muito além de uma referência para caçar colecionáveis. Além de utilizar a câmera na exploração para descobrir interações ou até iluminar o caminho, o objeto pode ser usado a todo momento para fazer gravações.

Em cada fase, o jogador pode gravar diferentes objetos, paisagens e até mesmo as protagonistas. Depois, é possível editar minifilmes com as gravações, escolhendo quais takes utilizar e a ordem deles. O resultado final é uma espécie de cutscene personalizada com as imagens feitas pelo próprio jogador. A solução basicamente mistura colecionáveis e o “Diário” que tínhamos em jogos da franquia Life is Strange. No entanto, como a protagonista de Lost Records Bloom & Rage é cinéfila, tudo é feito de maneira mais visual. Pessoalmente, eu achei muito interessante a abordagem, pois o jogador pode assistir e customizar a exibição ao invés de ficar lendo grandes blocos de texto.

Vale destacar, também, a experiência de uso no PS5. Devido aos sensores do controle Dualsense, a câmera também se mexe de acordo com o movimento do controle, o que garante uma imersão extra durante o uso da filmadora.

Visual e trilha sonora impressionam

Lost Records Bloom & Rage também agrada tanto aos olhos quanto aos ouvidos. Produzido na Unreal Engine, o game traz ambientes bonitos e com iluminação realista, garantindo profundidade para as paisagens. O jogo também não deixa a desejar no visual de suas protagonistas e outros personagens. Mesmo com um toque mais cartunizado, todas as personagens principais contam com um visual único e que certamente vai agradar os fãs de jogos ao estilo Life is Strange.

As mecânicas de escolhas também influenciam certos aspectos visuais, o que é interessante. Além de você poder escolher a roupa da protagonista no passado, existem algumas opções de customização visual durante o gameplay. Ao escolher o nome do seu gato, por exemplo, a aparência do bichano muda, e todos os aspectos envolvendo ele também, desde desenhos até adesivos e fotos.

Vale mencionar também a estética dos anos 90, que é um show à parte. Além das referências na história, o jogo conta com muitos acenos à época em sua apresentação, incluindo desde videogames de fita até referências a filmes e músicas da época.

Falando em música, como esperado de um “sucessor espiritual” de Life is Strange, a trilha sonora também desempenha um grande papel em Lost Records Bloom & Rage. Durante o gameplay, as protagonistas acabam montando uma banda de rock, o que permite a integração perfeita das músicas na narrativa.

Trazendo bastante foco em obras autorais e de bandas independentes, a trilha sonora engloba músicas que lembram bastante os anos 90. O destaque da parte 1 fica para See You in Hell, que está amplamente integrada na história do jogo e com certeza pode entrar na playlist de muitos jogadores.

Os problemas no caminho

Enquanto Lost Records Bloom & Rage traz muitos acertos que marcaram o início da franquia Life is Strange, o jogo também conta com problemas que, ironicamente, também estavam presentes no game da Square Enix. Em algumas partes, a sincronia labial das falas não funciona direito, o que acaba quebrando um pouco da imersão.

Além disso, o jogo também apresentou problemas no carregamento de texturas. Enquanto algumas sombras apareceram do nada durante a minha jogatina, parecendo até assombrações, alguns assets demoravam muito tempo para carregar totalmente. A experiência no PS5 base também contou com algumas inconsistências na performance, com eventuais quedas de frames em partes mais abertas do gameplay.

Considerando que o jogo foi adiado e dividido em duas partes, esses problemas pontuais certamente poderiam ter recebido mais atenção para garantir um lançamento 100% refinado. Ainda assim, nenhuma das falhas é grave o suficiente para atrapalhar a experiência geral de gameplay.

Lost Records Bloom & Rage é uma experiência bela, sentimental e com bastante profundidade em sua narrativa. Além de transportar os jogadores para os anos 90, o game também capricha na nostalgia ao trazer de volta pontos que fizeram o primeiro Life is Strange ser um sucesso, indo desde os adolescentes cringe até os múltiplos caminhos narrativos. Com isso, o projeto é praticamente o Life is Strange 3 da Dontnod que nunca aconteceu, servindo como um sucessor espiritual da fase inicial da franquia da Square Enix. Por outro lado, o Lost Records Bloom & Rage também não deixa a inovação de lado, entregando uma experiência repleta de originalidade.

Com mecânicas avançadas de escolha e um gameplay divertido envolvendo a câmera de vídeo, o jogo merece a atenção dos fãs de uma boa história. Infelizmente ainda não tive acesso ao desfecho da narrativa pra cravar de vez uma nota para o game, mas já adianto: a menos que um deslize tremendo ocorra no desfecho, tudo indica que Lost Records Bloom & Rage estará entre os melhores jogos narrativos de 2025.

Ainda assim, é importante ressaltar: Lost Records Bloom & Rage é um jogo feito sob medida para um nicho específico, e se você não faz parte dessa bolha, pode acabar se decepcionando simplesmente pelo jogo ser o que ele é. Por outro lado, se você estava ansioso para ver o que a Dontnod podia fazer de forma independente, tenho boas notícias, pois o conteúdo entregue na primeira parte já é suficiente para conquistar os fãs de Life is Strange das antigas.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via TecMundo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.