Mr. Cat pede recuperação extrajudicial após crise financeira agravada por pandemia e juros altos

A marca de calçados Mr. Cat busca recuperação extrajudicial após dívidas de R$ 93 milhões. Saiba como isso afeta funcionários e mercado.
Atualizado há 2 dias atrás
Mr. Cat pede recuperação extrajudicial após crise financeira agravada por pandemia e juros altos
Mr. Cat inicia recuperação extrajudicial devido a dívidas de R$ 93 milhões. Impactos à vista. (Imagem/Reprodução: Infomoney)
Resumo da notícia
    • A Mr. Cat, marca de calçados, solicitou recuperação extrajudicial devido a dívidas de R$ 93,270 milhões.
    • O objetivo é reorganizar as finanças e manter a empresa no mercado, impactando funcionários e fornecedores.
    • A crise financeira foi agravada pela pandemia, juros altos e desastres naturais, afetando o setor calçadista.
    • A empresa já conta com 53,88% de adesão dos credores para o plano de recuperação.
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A recuperação extrajudicial da Mr. Cat, uma marca de calçados bastante conhecida no Rio de Janeiro, foi solicitada ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) devido a dívidas que somam R$ 93,270 milhões. Fundada em 1981, a empresa enfrenta dificuldades financeiras que se agravaram nos últimos anos, impactando seus 200 funcionários diretos, 109 lojas franqueadas e 32 fornecedores. O pedido, distribuído em 17 de março, ainda aguarda decisão judicial.

A empresa, por meio do escritório KCB Advogados, alega que essa medida reflete os esforços para superar a crise no setor calçadista. As dificuldades começaram com a pandemia de Covid-19, que causou restrições de circulação, distanciamento social e fechamento de lojas físicas, impactando severamente as vendas.

A interrupção das cadeias de suprimento e a mudança nos hábitos de consumo resultaram em uma queda de 44% nas vendas em 2020. Mesmo após a pandemia, a recuperação econômica do setor tem sido lenta, dificultando a reversão do quadro.

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Vários fatores contribuíram para essa lenta recuperação, como mudanças no comportamento social e a crise econômica, que impactaram a demanda por produtos não essenciais, como calçados. Além disso, o aumento dos custos de insumos e os reajustes expressivos nos aluguéis das lojas também pesaram.

Dificuldades Financeiras e Estratégias Adotadas

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A Mr. Cat também enfrentou a concorrência de empresas chinesas e um cenário de juros elevados no Brasil. A tragédia natural no Rio Grande do Sul, um importante polo calçadista, agravou a situação, afetando a produção e a recuperação do mercado. A crise da Americanas também teve um impacto no mercado de crédito privado, tornando as linhas de crédito mais caras e escassas para as empresas nacionais.

Diante desse cenário, a rede fechou diversas lojas, diminuindo de 173 em janeiro de 2020 para 109 até o final de maio. Essa retração aumentou a inadimplência dos franqueados e provocou uma queda nas receitas da franqueadora. Além do fechamento de lojas, a empresa também sofreu com um aumento de 45% no custo do aluguel entre 2020 e 2021.

A empresa alega que se encontra em um quadro de dificuldades financeiras, não conseguindo honrar seus compromissos com fornecedores e bancos, além de ter dificuldades para equilibrar seus passivos e custos correntes.

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Para tentar manter a empresa no mercado de forma sustentável e competitiva, a Mr. Cat afirma que já conta com a adesão de 53,88% dos créditos para o plano de recuperação extrajudicial. A empresa continua negociando com seus credores para acelerar a implementação do plano e o pagamento de suas dívidas, buscando atrair novos credores. O objetivo é alcançar a readequação financeira dos negócios, reorganizar as atividades e solucionar os problemas com os credores.

Entre os credores da Mr. Cat estão bancos como Bocom, Banco do Brasil, Santander, Caixa Econômica Federal e Itaú, além de grupos ligados a shoppings como Iguatemi Campinas, Shopping Tijuca, JK Iguatemi e Shopping Center Eldorado.

Estratégia da Recuperação Extrajudicial

Segundo Rodrigo Gallegos, especialista em reestruturação e sócio da consultoria RGF, a Mr. Cat optou pela recuperação extrajudicial porque já tinha o apoio de credores com a maioria dos créditos e precisava evitar o vencimento em cascata das dívidas.

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“Ao meu ver foi uma estratégia acertada da empresa e do escritório que a assessora. Com esse percentual de adesão, os demais credores, principalmente os de difícil negociação, são obrigados a escolher uma das opções do plano, ou seja, são dragados para o plano. Com a taxa básica de juros elevadíssima e margens pressionadas, renegociar em bloco é a única forma de reconfigurar o passivo sem matar a operação. No varejo de calçados, quem sobreviveu à pandemia ficou alavancado e sem um acordo coletivo essa conta não fecha”, explica Gallegos.

Gallegos lembra que uma das maiores dificuldades das empresas de varejo é conseguir novas linhas de crédito. Ele também destaca que as recuperações extrajudiciais recentes têm sido eficazes porque forçam a negociação, mesmo com aqueles que não querem conversar.

“É a medida mais barata, mais rápida e tem menos burocracia que uma recuperação judicial. Então faz sentido para a empresas que estão avançadas nas negociações e com credores mais controlados, além de que agrada mais as instituições financeiras dadas as questões de recuperação do crédito e perdas definidas”, completa Gallegos.

Aumento nos Pedidos de Recuperação Judicial

Um levantamento da consultoria RGF & Associados, responsável pelo Monitor de Recuperações Judiciais, revelou que 4.881 empresas entraram em processo de reestruturação no primeiro trimestre deste ano, um aumento em relação aos 4.203 do mesmo período do ano anterior.

Após a indústria, com 1.112 pedidos entre janeiro e março deste ano, o setor de serviços lidera os processos de recuperação judicial (1.105), seguido por comércio (996), infraestrutura, energia e saneamento (992), agropecuária (341) e outros setores (335). Roberta Gonzaga, consultora da RGF e especialista em reestruturação, afirma que 80% das empresas que encerraram seus processos de recuperação judicial no primeiro trimestre de 2025 retomaram suas atividades.

“Apesar do crescimento do número de casos, a recuperação judicial segue demonstrando ser uma ferramenta eficaz para reorganização de empresas viáveis. O problema maior é que muitas vezes a empresa chega tarde demais ao processo, com problemas tão avançados que inviabilizam a recuperação”, explica Roberta Gonzaga.

A RGF espera que o número de reestruturações continue a crescer ao longo de 2025, refletindo a desaceleração da economia e os desafios enfrentados por setores intensivos em capital.

Análise do cenário e Recuperação extrajudicial da Mr. Cat

A situação da Mr. Cat é um reflexo dos desafios enfrentados por muitas empresas no Brasil, especialmente no setor varejista. A pandemia, a crise econômica, os juros altos e outros fatores externos têm impactado negativamente os negócios. Assim como a Mr. Cat, outras empresas estão buscando alternativas para se reestruturarem e se manterem competitivas.

A recuperação extrajudicial é uma das opções disponíveis, permitindo que a empresa negocie diretamente com seus credores e evite a burocracia e os custos de uma recuperação judicial. No entanto, é fundamental que a empresa tenha um plano bem estruturado e o apoio da maioria dos credores para que a recuperação seja bem-sucedida.

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A Mr. Cat, com sua história e relevância no mercado carioca, busca agora um caminho para superar suas dificuldades financeiras e se manter relevante no mercado. A decisão do Tribunal de Justiça do Rio será crucial para o futuro da empresa.

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Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via InfoMoney

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.