Niède Guidon é reconhecida por colocar o Brasil no mapa da ocupação das Américas

Conheça a trajetória de Niède Guidon, arqueóloga que destacou o Brasil na história da ocupação das Américas e inspirou gerações.
Atualizado há 1 dia atrás
Niède Guidon é reconhecida por colocar o Brasil no mapa da ocupação das Américas
Niède Guidon: a pioneira que colocou o Brasil no mapa da arqueologia das Américas. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Niède Guidon, arqueóloga falecida aos 92 anos, é reconhecida por colocar o Brasil no mapa da ocupação das Américas.
    • Seu trabalho pioneiro valorizou a riqueza cultural e natural do Piauí e da caatinga, biomas muitas vezes negligenciados.
    • O legado de Guidon influenciou a arqueologia brasileira e inspirou novas gerações de pesquisadores.
    • Sua dedicação à preservação ambiental e ao envolvimento com comunidades locais é um exemplo de compromisso científico e social.
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Niède Guidon, arqueóloga que faleceu aos 92 anos, é reconhecida por ter posicionado o Brasil no mapa da ocupação das Américas. A jornalista Adriana Abujamra, biógrafa da arqueóloga, e diversos professores destacam o papel pioneiro de Guidon e seu impacto duradouro na ciência brasileira. Seu trabalho é visto como um exemplo a ser seguido, especialmente no que tange à preservação do patrimônio arqueológico e ao envolvimento com as comunidades locais.

O Legado de Niède Guidon na Arqueologia Brasileira

Adriana Abujamra, autora de “Niède Guidon: Uma Arqueóloga no Sertão”, ressalta que a importância da arqueóloga vai além de sua atuação profissional. “Ela coloca o Brasil no mapa da ocupação das Américas, por mais controverso que isso tenha sido na época. Coloca o Piauí no mapa do Brasil, mostrando que um dos estados mais pobres do país tem essa riqueza imensa. E faz o mesmo com a caatinga, um bioma que todo mundo considera como simples terra arrasada, mas tem uma resiliência incrível, importando-se com preservação numa época em que não se falava tanto disso”, resume Abujamra.

A arqueóloga não apenas trouxe reconhecimento internacional ao Brasil, mas também valorizou a riqueza cultural e natural do Piauí e da caatinga, biomas muitas vezes negligenciados. Sua dedicação à preservação ambiental em uma época em que a conscientização sobre o tema ainda era incipiente é um testemunho de seu pioneirismo e visão.

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A biógrafa ainda comenta sobre a importância da preservação do parque, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos. “Nesta semana mesmo mostraram que onças tinham aparecido no parque. Talvez nada disso, nem as pinturas, tivesse sobrevivido se não fosse pelo trabalho de Sísifo da Niède, que ano a ano dizia que estava prestes a abandonar tudo e voltar para a França, mas acabou virando uma ‘caatingueira’ raiz.”

Reconhecimento Acadêmico e Científico

Maria Mercedes Okumura, coordenadora do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP, destaca o pioneirismo de Niède Guidon: “Pioneirismo na arqueologia brasileira, ao escolher o Nordeste como região de estudo, ao lutar pela preservação do patrimônio arqueológico e valorizar as comunidades locais e seus conhecimentos tradicionais, em uma época na qual esse tipo de engajamento estava longe de ser considerado como prática importante no fazer científico.”

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A escolha do Nordeste como foco de estudo, a luta pela preservação do patrimônio arqueológico e a valorização das comunidades locais são aspectos que evidenciam o caráter inovador e o compromisso social de seu trabalho. Sua abordagem influenciou a forma como a arqueologia é praticada e vista no país, inspirando novas gerações de pesquisadores.

Fabio Parenti, professor do Centro de Estudos e Pesquisas Antropológicas da UFPR, compartilha sua experiência pessoal com a pesquisadora: “O encontro com Niède Guidon foi capital na minha vida. Quando me recebeu em seu escritório em Paris, em 1983, fiquei cativado pela interessante mistura de cultura científica e humanismo.”

Parenti trabalhou com a pesquisadora por mais de duas décadas, “escavando, explorando, divertindo-nos e tentando entender o mundo”, descreve ele. “Mas o legado principal [da carreira dela] é a ideia de que muitas coisas difíceis podem estar ao nosso alcance e, sobretudo, somente valem a pena se puderem dar impulso ao nosso próximo.”

Impacto e Legado Duradouro de Niède Guidon

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O bioantropólogo Walter Neves, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, reconhece a importância de Niède, mesmo tendo divergências científicas com ela durante a carreira. “Mas podemos dizer que ela fez mais pela arqueologia brasileira do que praticamente todos os demais arqueólogos juntos, especialmente como grande empreendedora e criadora de uma estrutura de pesquisa”, afirma. “A grande preocupação é quem vai herdar esse legado.”

A professora de arqueologia Maria Conceição Lage, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), define Guidon como símbolo da arqueologia brasileira. Elas trabalharam juntas desde 1983 na Fundação Museu do Homem Americano e atuaram na UFPI de 1983 a 1986. “Sempre encarou tudo de frente”, diz a docente.

“A vida toda ela transmitia para mim e para as pessoas que trabalhavam com ela a vontade de trabalhar, de ser disciplinado, cuidadoso nas pesquisas”, afirma Lage. “E, em vez de levar [seus achados] para museus já consolidados no mundo, ela criou museus no local. Então o mundo que veio visitar esse material aqui, no Piauí.”

Rafael Milheira, coordenador do curso de arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vê Guidon como uma grande inspiração. “Sempre digo em aula que, se eu fizer 10% do que ela fez na vida dela, vou me aposentar feliz”, afirma o professor, que lembra que Guidon foi responsável por colocar uma peça a mais na discussão sobre a ocupação da América.

Para a professora Maria Jacqueline Rodet, do curso de arqueologia e antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Guidon ligou a arqueologia brasileira à arqueologia mundial e é uma referência para todos que trabalham na área no país, independentemente se concordam com suas ideias ou não. “É uma perda muito grande.”

A trajetória de Niède Guidon é um exemplo de dedicação, pioneirismo e compromisso com a ciência e a cultura brasileira. Seu legado continua a inspirar e a influenciar novas gerações de arqueólogos, pesquisadores e amantes da história.
Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.