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- Niède Guidon dedicou sua vida à preservação da Serra da Capivara, unindo ciência e desenvolvimento comunitário.
- Se você se interessa por arqueologia ou desenvolvimento sustentável, essa história mostra como a ciência pode transformar comunidades.
- A região foi revitalizada economicamente, com geração de empregos e melhoria na qualidade de vida dos moradores.
- O legado de Guidon inclui escolas, infraestrutura turística e empoderamento feminino na comunidade local.
Niède Guidon, arqueóloga, dedicou sua vida à preservação da Serra da Capivara, integrando a ciência ao desenvolvimento da comunidade local. Moradores relatam que ela ensinou que cuidar da região era uma forma de gerar renda, garantindo a continuidade de seu trabalho. A sua visão transformou a região, unindo a pesquisa arqueológica com o bem-estar social.
A visão de Niède Guidon para a Serra da Capivara
Raimundo de Lima Miranda Júnior, proprietário do hotel Baixão do Ouro, próximo ao Parque Nacional Serra da Capivara, compartilha que Niède Guidon sempre dizia que prepararia a comunidade para continuar seu trabalho de preservação. “Depende de nós agora”, afirma ele, após a morte da arqueóloga, vítima de um infarto, aos 92 anos, em São Raimundo Nonato.
O trabalho de Guidon na região do Piauí uniu ciência e comunidade, estruturando a região com a criação do parque em 1979, gerando renda e empregos para a população local. Foi um marco que transformou a realidade da Serra da Capivara.
Júnior, nascido em Sítio do Mocó, frequentou as escolas integrais fundadas por Guidon, parte dos Núcleos de Apoio à Comunidade (NACs). O projeto, de 1989 a 2001, visava integrar a população na proteção do parque, reduzindo a pobreza e garantindo educação rural para os filhos dos moradores. Nesses 12 anos, 2,5 mil crianças passaram pelas escolas, um legado da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham). As escolas também ofereciam alimentação e atendimento médico.
Júnior relembra as palestras de Guidon, que dizia que um dia o mundo viajaria para a região. “Vivíamos aqui no sertão, no semiárido, distante de tudo. Mas, agora, a gente tá vendo que isso tudo já está acontecendo.” Guidon também enfatizava que a infraestrutura turística deveria ser construída pelos próprios moradores, garantindo que os benefícios econômicos permanecessem na comunidade.
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Antigamente, durante os meses de seca, muitos homens precisavam migrar para outras regiões em busca de trabalho, como o pai de Júnior, que ia para o Pará trabalhar no garimpo. No entanto, a situação começou a mudar no final da década de 1980, quando o pai de Júnior começou a trabalhar como técnico de arqueologia com Guidon, transformando a vida da família.
O legado arqueológico e a transformação social na Serra da Capivara
Júnior também seguiu os passos de Guidon na arqueologia. Ele fez cursos de conservação e começou a trabalhar na limpeza de pinturas rupestres. Em 2018, com o aumento do fluxo de turistas devido à criação do Museu da Natureza, Júnior decidiu investir no ramo da hotelaria, transformando um antigo clube recreativo em um hotel com 23 apartamentos.
Talita Aparecida Landim de Souza, guia no parque, também teve sua vida influenciada por Guidon. Segundo ela, a arqueóloga mostrou que a preservação da região poderia gerar renda para a comunidade. A guia relata que a comunidade cresceu, com pessoas empreendendo em pousadas e artesanato, e jovens buscando formação, voltados para o parque.
Talita, que nasceu em São Paulo, mas se mudou para a comunidade Sítio do Mocó aos 14 anos, em 2003, também trabalhou com cerâmica, reproduzindo imagens rupestres do parque, o que se tornou mais uma atividade econômica na região.
De acordo com Talita, Guidon desejava que as mulheres ganhassem espaço no mercado de trabalho. “Quando ela chegou aqui era muito difícil ver as mulheres trabalhando fora de casa.” Uma das formas de incluir as mulheres foi contratá-las para trabalhar nas escolas, como cozinheiras, e nas guaritas dos parques. “Hoje, nas guaritas dos parques, são só as mulheres que trabalham.”
Niède Guidon, com sua visão e dedicação, não apenas preservou o patrimônio arqueológico da Serra da Capivara, mas também promoveu o desenvolvimento social e econômico da comunidade local, garantindo que seu legado perdurasse.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.