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- O “ninho” que surpreendeu a internet aberta e colaborativa está desaparecendo devido a mudanças na governança e comercialização da rede.
- Você deve estar atento às transformações que afetam a neutralidade e a abertura da internet que usamos diariamente.
- As mudanças podem fragmentar a internet global, afetando o acesso livre e a interoperabilidade entre serviços e usuários.
- Essa evolução impacta tanto o setor público como o privado, que buscam maior controle sobre dados e protocolos da rede.
Perguntar quem criou a lâmpada, o avião ou o telefone geralmente traz respostas rápidas como Thomas Edison, Santos Dumont ou Graham Bell. Mas se a pergunta for sobre a História da Internet, a resposta pode não ser tão simples. Essa tecnologia, que hoje conecta bilhões de pessoas, tem uma origem mais complexa e colaborativa do que muitos imaginam, sem um único inventor famoso por trás dela.
A internet não foi uma invenção de um único gênio que ficou rico. Ela nasceu de uma necessidade da Guerra Fria nos Estados Unidos. As principais universidades tinham computadores potentes, mas isolados, o que dificultava pesquisas importantes financiadas pelo Pentágono. A interconexão desses sistemas era um desafio que recebeu verbas públicas para ser solucionado.
O Nascimento de uma Rede Global
Imagine um coral: a voz individual é importante, mas o coletivo cria algo muito maior. Com os computadores, a ideia era a mesma. Conectá-los permitiria novas funcionalidades e capacidades que um único aparelho não conseguiria entregar. Pense no seu smartphone em modo avião; ele funciona, mas perde grande parte de sua utilidade sem uma conexão de rede.
O berço da internet, ou internetworking como era chamada, foi bastante particular. O dinheiro vinha do orçamento militar dos EUA, através da agência DARPA. A partir de 1966, a DARPA investiu em universidades para que elas encontrassem soluções para esse problema de interconexão. Esse apoio foi crucial para o desenvolvimento de protocolos essenciais.
Essa iniciativa pública levou à criação de padrões como o TCP/IP, UDP, Telnet e até mesmo o e-mail. Mas o setor privado também deu sua parcela de contribuição. Empresas que viram uma nova demanda por produtos de rede ajudaram a desenvolver tecnologias importantes como o Spanning Tree Protocol e o Ethernet, complementando o trabalho acadêmico.
Protocolos e Longevidade Tecnológica
Essas tecnologias combinadas permitiram a formação do que conhecemos hoje como uma rede mundial de computadores. O termo internetworking, que antes representava um problema, passou a ser a solução: Internet, com “I” maiúsculo. Protocolos como o Ethernet e o TCP/IP, criados em 1973 e 1974, respectivamente, são usados até hoje. É raro encontrar uma tecnologia de informação com mais de 50 anos ainda tão relevante.
Essa durabilidade deve-se à mentalidade de seus criadores. Eles eram guiados por princípios científicos e criativos, visando construir algo robusto e funcional, não apenas comercial. O e-mail, por exemplo, é um “fóssil vivo” dessa era, nascido em 1982 (SMTP). Ele ainda é amplamente utilizado e está presente em quase todos os dispositivos.
A grande vantagem do e-mail é a sua interoperabilidade. Você pode escolher sua empresa provedora e seu programa de acesso, e suas mensagens chegarão a qualquer destinatário, independentemente do serviço que ele usa. Isso contrasta com muitas soluções modernas, onde a comunicação é restrita a usuários do mesmo aplicativo, por exemplo.
Imagine que o WhatsApp, ou “Diabo Verde”, só permite mensagens entre seus próprios usuários. A Alexa da Amazon não consegue reproduzir músicas do YouTube Music sem configurações extras. A Apple, inclusive, teve que adotar o padrão USB-C em seus iPhones por exigência legal. Essa falta de interoperabilidade, muitas vezes motivada por interesses comerciais, está ligada à ideia de obsolescência programada. Para saber mais sobre a segurança digital e as falhas que podem comprometer sistemas, vale a pena conhecer como um malware explora falha no Windows para manipular buscas no Google.
Abertura e Soberania Digital
A natureza aberta de tecnologias como o e-mail garante uma importante soberania digital. No Brasil, por exemplo, houve total transferência de tecnologia, já que o e-mail é um padrão aberto. Isso significa que sabemos exatamente como essa “receita de bolo” funciona, o que não acontece com sistemas de código fechado. Manter a independência tecnológica é fundamental, assim como a Samsung busca com as atualizações de software para o Galaxy Tab S11.
A internet não surgiu por acaso. Foi um esforço conjunto de diversos setores: o governo dos EUA e do Brasil financiaram pesquisas e a primeira rede. A academia criou os protocolos e a ciência por trás de tudo. Empresas desenvolveram produtos baseados nesses protocolos. E a comunidade técnica, que inclui muitos especialistas, colocou a rede para funcionar e a mantém ativa.
Um exemplo marcante dessa colaboração é o que aconteceu em 1989. Dois engenheiros de empresas rivais, Lougheed da Cisco e Rekhter da IBM, almoçavam juntos durante um evento da IETF (Internet Engineering Task Force). Nesses encontros, a troca de ideias é comum. Eles rascunharam em guardanapos o Border Gateway Protocol (BGP), um protocolo fundamental para rotear pacotes na internet.
O BGP, que é um dos pilares da internet, é um padrão aberto. Isso significa que qualquer fabricante pode implementá-lo sem pagar taxas. Os criadores não ficaram ricos com ele, pois o foco era resolver o problema da interconexão e não criar um produto comercial exclusivo. Essa mentalidade de colaboração e padrões abertos é a chave.
Governança e o Futuro da Rede
Para que a internet pudesse crescer e ser neutra, várias organizações não governamentais foram criadas para cuidar de sua governança. No início, quem pagava a conta tinha mais voz, como quando Vint Cerf incentivou a adoção do TCP/IP. Contudo, decisões importantes sobre design e funcionamento precisavam de uma entidade neutra. Assim nasceram a ICANN, o brasileiro CGI.br e a própria IETF. Essas organizações garantem que a rede seja um espaço comum.
Essa neutralidade permitiu que a internet se tornasse uma só rede, mundial e acessível a todos. Um exemplo divertido dessa abertura é a “Liberdade dos Washingtons”: na internet, você tem acesso livre tanto ao tradicional jornal The Washington Post quanto ao Compadre Washington, ícone da música baiana. Ambos estão em pé de igualdade de acesso, e a escolha é sempre do usuário. Isso mostra o poder da informação e da inteligência artificial em serviços como o ChatGPT Plus, que se tornam cada vez mais presentes.
No entanto, o “ninho” que chocou a internet aberta e colaborativa está mudando. Hoje, a internet é palco central para a cultura, vida social, economia e política. Tanto o setor privado quanto o público têm agido de maneiras que podem desfigurar a rede, tentando controlá-la. Novos protocolos e produtos surgem no setor privado sem a mesma interoperabilidade e longevidade do passado. A busca por controle de dados, como revelado pela condenação do Google a pagar US$ 425 milhões por coletar dados com rastreamento desligado, mostra a complexidade do cenário atual.
O setor público, por sua vez, tem aprovado leis que transformam a internet de uma rede mundial e aberta em algo mais nacional, fragmentado e fechado. Se esse rumo não for alterado, a internet que conhecemos desde 1966 poderá deixar de existir, mesmo que continuemos a chamá-la pelo mesmo nome. É fundamental que os usuários, diante de ferramentas que desativam recursos de IA e outras tecnologias, façam escolhas conscientes.
Edmund Burke disse: “Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la”. Conhecer a História da Internet é crucial para que possamos preservar essa grande obra da humanidade. Ao preferir soluções interoperáveis, apoiar projetos de código aberto (como o Firefox), proteger a rede de ataques governamentais ou contribuir com novas ideias e soluções, cada internauta ajuda a manter a internet livre e aberta para todos.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.