Opera entra com denúncia no Cade contra práticas anticompetitivas da Microsoft

Opera apresenta denúncia ao Cade contra Microsoft por prática anticompetitiva que limita escolha de navegadores em Windows no Brasil.
Atualizado há 1 dia atrás
Opera entra com denúncia no Cade contra práticas anticompetitivas da Microsoft
Opera denuncia Microsoft ao Cade por práticas anticompetitivas em navegadores no Brasil. (Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • A Opera protocolou uma denúncia no Cade contra práticas anticompetitivas da Microsoft relacionadas ao Windows.
    • A denúncia busca proteger a liberdade de escolha dos usuários ao navegador padrão no sistema operacional.
    • As ações da Microsoft podem prejudicar a concorrência e limitar o acesso a navegação alternativa.
    • O órgão regulador pode aplicar medidas para assegurar um mercado mais justo.
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A Opera, uma das desenvolvedoras de navegadores mais utilizadas em PCs no Brasil, protocolou uma representação formal no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra a Microsoft. A denúncia acusa a gigante de tecnologia de práticas anticompetitivas da Microsoft, que limitam a concorrência entre navegadores em computadores, explorando sua posição dominante no sistema operacional Windows. A ação faz parte de uma iniciativa global da Opera.

Aaron McParlan, diretor jurídico da Opera, destacou que a Microsoft impõe barreiras à concorrência de navegadores no Windows em todas as frentes. Ele mencionou que navegadores como o Opera são excluídos de canais importantes de pré-instalação, dificultando o acesso inicial. Além disso, o sistema torna a vida do usuário mais complicada para baixar e usar alternativas.

McParlan enfatizou que essa luta pela liberdade digital é global. Milhões de usuários brasileiros, por exemplo, estão sendo impedidos de ter uma escolha real. Eles merecem acesso justo ao navegador que melhor se adapta às suas necessidades e preferências, sem interferências.

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A representação enviada ao Cade detalha diversas condutas da Microsoft. Segundo a Opera, essas práticas violam diretamente a legislação brasileira de defesa da concorrência. Entre os principais pontos levantados na denúncia, estão:

  • Programas de incentivo “tudo ou nada”: Esses programas exigem que fabricantes de PCs configurem o Edge como o único navegador pré-instalado e padrão em todos os seus dispositivos Windows. Isso limita a escolha do consumidor desde o primeiro uso do aparelho.
  • Práticas de design enganosas (deceptive design practices ou dark patterns): A Opera argumenta que a Microsoft usa estratégias para desestimular o uso de navegadores alternativos, forçando a permanência no Edge. São táticas que podem confundir o usuário e influenciar suas decisões.
  • Ignorar a escolha do navegador padrão: O sistema muitas vezes desconsidera a preferência do usuário. Isso acontece ao abrir arquivos PDF, ou links de e-mails do Outlook, ou ainda links acessados por meio de recursos como a busca do Windows, Widgets e Teams.
  • Restrições no “modo S” do Windows: Em dispositivos que rodam Windows no “modo S” – uma versão mais restrita do sistema – a troca do navegador padrão é completamente bloqueada. A Opera também alega que a Microsoft vincula descontos em licenças do Windows à entrega de dispositivos neste modo.
  • Dificuldade de instalação e definição de padrão: Restrições técnicas e mensagens ambíguas são empregadas para dificultar a instalação de navegadores concorrentes. Definir um navegador diferente como padrão também se torna um processo complicado e desmotivador para o usuário.

A Importância da Escolha no Cenário Digital

A Opera argumenta que, desde o primeiro momento em que um usuário liga seu computador com Windows, a Microsoft promove o uso do Edge. Essa ação visa garantir que o Edge seja o único navegador pré-instalado e padrão de fábrica, em cada etapa da experiência do usuário.

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Este cenário é ainda mais relevante no Brasil. O computador pessoal serve como uma porta de entrada fundamental para acessar serviços e conteúdos online. De acordo com a Meltwater (dados de 2025), mais de dois terços dos usuários de internet com mais de 16 anos utilizam PCs para navegar.

Essa forte dependência dos computadores para a navegação na web realça a necessidade de um ambiente competitivo entre os navegadores. Quando as opções são limitadas por práticas comerciais ou por um design que confunde, a liberdade de escolha digital dos usuários é diretamente afetada. Isso pode impactar desde atividades rotineiras até o acesso a informações importantes.

A discussão sobre a liberdade de software e a concorrência não é nova, mas ganha novos contornos em um mundo cada vez mais conectado. As ações de empresas com grande domínio de mercado podem moldar o comportamento dos consumidores de maneiras sutis, tornando a vigilância de órgãos como o Cade essencial para a manutenção de um mercado saudável.

O Futuro dos Navegadores com Inteligência Artificial

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A crescente adoção da inteligência artificial (IA) amplia ainda mais o papel dos navegadores de desktop. Com a IA cada vez mais integrada a diversas ferramentas e serviços, o navegador se torna a principal interface para acessar e interagir com essas inovações.

As práticas da Microsoft, portanto, preocupam a Opera por retirarem dos usuários a liberdade de escolha. Se o acesso a tecnologias de ponta, incluindo as baseadas em IA, for restrito a um único navegador, a inovação e a experiência do usuário podem ser prejudicadas, limitando o potencial de novas soluções.

A Opera solicita formalmente ao Cade que investigue essas práticas da Microsoft e imponha medidas corretivas. O objetivo é garantir uma concorrência justa no mercado de navegadores, permitindo que o mérito técnico e a preferência do usuário guiem a escolha.

Entre as solicitações específicas da Opera, estão a exigência de que a Microsoft pare de obrigar fabricantes de PCs a pré-instalar exclusivamente o Edge. Além disso, a empresa deve parar de impedir que navegadores concorrentes sejam configurados como padrão. Eles também querem:

  • Garantir que os consumidores possam instalar navegadores concorrentes e defini-los como padrão para todas as formas de navegação no sistema Windows. A escolha do usuário não deve ser ignorada ou sobrescrita em nenhuma situação.
  • Deixar de empregar estratégias persuasivas que levem os usuários ao Edge sem um consentimento claro, evitando práticas que manipulem a decisão do usuário.
  • Assegurar uma escolha real, clara e acessível por meio de uma tela de seleção de navegador, que apresente as principais opções disponíveis para usuários de PC de forma imparcial.

A ação da Opera no Brasil e em outros mercados sublinha a importância da defesa da concorrência no setor de tecnologia. Garantir que os usuários tenham liberdade para escolher seus softwares preferidos continua sendo um desafio global, à medida que empresas dominantes buscam manter sua posição.

O resultado dessa representação no Cade pode influenciar não apenas o mercado de navegadores no Brasil, mas também servir como um precedente para discussões semelhantes em outras regiões e para o desenvolvimento de futuras políticas antitruste no ambiente digital. Esse tipo de ação reforça o papel dos órgãos reguladores na garantia de um mercado justo e aberto para a inovação e o consumidor.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.