Após quase dois mil anos, cientistas finalmente conseguiram ler trechos de um dos Papiros de Herculano, carbonizados pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Os papiros estavam na Villa dos Papiros, em Herculano, provavelmente residência do sogro de Júlio César.
Esses “livros”, chamados de volumina, eram feitos de papiro enrolado em torno de uma haste. A fragilidade do material tornou impossível desenrolá-los fisicamente sem danificá-los.
Desvendando os Papiros de Herculano: Uma Jornada de 2 Mil Anos
O Desafio do Vesúvio, lançado em 2023, buscava soluções para ler os papiros sem abri-los. A iniciativa, com prêmios para os pesquisadores, conta com o apoio da comunidade científica e de instituições.
Uma equipe transportou um papiro da Biblioteca Bodleiana de Oxford para o laboratório Diamond Light Source. Lá, utilizaram um acelerador de partículas circular, gerando raios X potentes para escanear o documento sem causar danos.
O acelerador, segundo Adrian Mancuso, diretor de ciências físicas da Diamond, “consegue ver coisas na escala de alguns milésimos de milímetro”. Isso permitiu a criação de imagens digitais do papiro, como um “desembrulho” virtual.
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Digitalizando a História: Raios X e Inteligência Artificial
Os elétrons acelerados no anel circular, ao mudarem de direção, emitem radiação síncroton. Essa luz intensa penetra nos papiros, detectando a tinta antiga, mesmo invisível a olho nu. O processo gera microtomografias computadorizadas de raios X 3D, criando “volumes” digitais.
Esses volumes são disponibilizados como arquivos .tif 2D, representando fatias horizontais do papiro. O tamanho dos arquivos varia conforme o tamanho do rolo original, que pode conter até 10 metros de papiro.
A chave, de acordo com Mancuso, é “descobrir qual camada é diferente da próxima para podermos desenrolá-la digitalmente”. Após o “desenrolar” digital, a Inteligência Artificial entra em ação, buscando sinais microscópicos de pigmento para diferenciá-lo do papiro carbonizado.
Com essa tecnologia, o Rolo 5 (PHerc. 172) foi “aberto” virtualmente, revelando diversas colunas de texto, com cerca de 26 linhas cada. Os pesquisadores decifraram as primeiras palavras em grego, recebendo a premiação da iniciativa.
Decifrando os Textos Antigos: Desgosto e Filosofia
Uma das primeiras palavras decifradas foi d?at??p?, que significa “desgosto” em grego antigo. Ela aparece repetidamente em algumas colunas de texto. Especialistas acreditam que o autor seja o filósofo epicurista e poeta Filodemo de Gádara. Diferente de outros papiros encontrados, este parece ser um livro finalizado, e não um texto “em andamento”.
Apesar das descobertas, a iniciativa continua buscando colaboradores para decifrar todo o conteúdo. Se você se interessa por arqueologia, pode se inscrever no site do Desafio Vesúvio e se juntar aos pesquisadores.
Além de decifrar os papiros, é importante entender o contexto histórico em que foram produzidos. Assim como em outras investigações históricas, cada descoberta nos aproxima um pouco mais do passado.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via TecMundo
