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- O Plano Perfeito 2, sequência do filme de Spike Lee, chegou à Netflix.
- Se você é fã da ação e trama do original, este filme pode interessá-lo.
- A nova produção se destaca por sua abordagem diferente em relação ao filme de 2006.
- Embora menos ambicioso, pode ser apreciado por quem busca entretenimento leve.
O Plano Perfeito 2, sequência do aclamado filme de Spike Lee, chegou à Netflix, mas não espere uma cópia do original. O filme de Michael J. Bassett evita disputar espaço com o longa de 2006, mas também não se distancia completamente. Feito sob medida para o streaming, a produção parece indecisa entre reverenciar a estética do original e aceitar sua própria condição de produto funcional, o que acaba comprometendo o resultado final.
A hesitação se manifesta em escolhas que priorizam a eficiência em vez do risco, o movimento em vez do sentido, e o reconhecimento em vez do impacto. O resultado é um filme que, embora funcional, não consegue capturar a essência do original.
Assalto à Reserva Federal e a Trama de O Plano Perfeito 2 na Netflix
Dirigido por Michael J. Bassett, o filme acompanha um assalto à Reserva Federal de Nova York. O ataque é liderado por uma figura que usa o codinome “Mais Procurada”. Para impedir o roubo, são escalados o negociador Remy Darbonne, um policial explosivo, e a agente do FBI Brynn Stewart, que representa o lado racional da operação.
A dinâmica entre os dois protagonistas segue a fórmula clássica de buddy cops. O conflito inicial é propositalmente exagerado para gerar atrito, mas sem muita profundidade. É um ruído emocional calculado para manter a narrativa em movimento, mesmo que a trama não consiga criar uma tensão genuína.
Ao longo da história, percebe-se uma clara intenção de não aprofundar nenhum elemento. O ouro nazista escondido, que é central para o enredo, poderia gerar discussões éticas ou históricas relevantes, mas é usado apenas como um gatilho para sequências de ação rápidas. Derretê-lo assim que é encontrado simboliza a superficialidade do roteiro.
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Ao ignorar o peso simbólico do artefato, o filme reforça seu desinteresse por qualquer coisa que não se encaixe na fórmula do entretenimento descartável. Perde-se uma ótima oportunidade de abordar temas como memória, culpa e o legado do horror. O passado surge como um mero enfeite, sem substância real. Para quem se interessa por temas históricos, vale a pena conferir quem foi Hurrem Sultan, a mulher forte do Império Otomano?
Referências ao Original e a Superficialidade da Sequência
A tentativa de conectar o filme ao universo do original é feita de forma óbvia, com retratos de personagens antigos nas paredes, citações rápidas e cenários familiares. Essas referências tentam evocar o clima do primeiro filme, mas só evidenciam a grande diferença entre os dois. Spike Lee criou uma narrativa complexa e cheia de significados, enquanto Most Wanted segue uma linha reta, sem desvios ou nuances, onde cada cena tem uma função pré-determinada.
A forma como o assalto é mostrado, por exemplo, abandona a ambiguidade moral que tornava o original tão interessante. A sequência se limita a um confronto direto entre a polícia e criminosos sofisticados, sem a mesma profundidade.
A energia visual do filme, com cortes rápidos, montagem frenética e alternância entre flashbacks e o presente, tenta manter o espectador atento. No entanto, essa energia não tem um propósito claro, e a velocidade excessiva acaba substituindo o desenvolvimento da história. Tudo acontece rápido demais, como se o filme estivesse ansioso para terminar logo.
As escolhas visuais — closes exagerados, diálogos cortados e planos agitados — parecem mais uma tentativa de disfarçar a falta de conteúdo do que recursos expressivos. A estética da urgência, nesse caso, revela o medo da monotonia, e não uma proposta narrativa consistente. Se você curte filmes com essa temática, não pode perder o novo filme de ação que agita a Netflix nesta semana.
Entre os atores, Aml Ameen tenta compensar as falhas do roteiro com uma atuação intensa, que, em alguns momentos, beira o caricato. Mesmo assim, ele consegue dar um pouco de vida ao filme. Rhea Seehorn, por outro lado, interpreta sua personagem com sobriedade, mas não recebe material suficiente para se destacar.
O elenco de apoio é irregular. Os assaltantes, apesar de terem subtramas promissoras, ficam presos a estereótipos. O uso constante de máscaras, além de prejudicar a expressividade, dificulta a criação de qualquer conexão emocional com o público.
A Modéstia como Mérito em O Plano Perfeito 2 na Netflix
Talvez o maior mérito do filme seja a honestidade com que assume seu papel: não busca ser memorável, apenas funcional. Nesse sentido, entrega um suspense que, apesar de superficial, não chega a ser um desastre. Para quem não tem expectativas altas ou não conhece o filme de 2006, a experiência pode ser satisfatória.
O filme lembra séries policiais, com reviravoltas previsíveis e uma estrutura coesa dentro de suas limitações. No entanto, para quem se encantou com a complexidade do filme de Spike Lee, a nova produção soa como uma tentativa fraca de copiar uma fórmula sem entender sua essência.
O Plano Perfeito 2 não é um fracasso por incompetência, mas por modéstia. É um filme que prefere a segurança à ousadia, seguindo o roteiro do entretenimento passageiro em vez de explorar temas mais complexos. A impressão que fica é de um projeto que nunca quis ser mais do que um exercício funcional, uma engrenagem que gira com precisão, mas sem qualquer brilho criativo. A sombra do filme original não o assombra, apenas o lembra, o tempo todo, do que ele nunca tentou ser.
Filme: O Plano Perfeito 2
Diretor: M.J. Bassett
Ano: 2019
Gênero: Ação/Crime/Thriller
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Revista Bula