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- O potencial bloqueio do GPS pelos EUA tem gerado debate, especialmente após revogação de vistos de ministros do STF.
- Especialistas explicam que o desligamento total do GPS é improvável e a dependência de sistemas alternativos é alta.
- Se o GPS for bloqueado, setores essenciais podem ser afetados, mas dispositivos com satélites alternativos manteriam a navegação.
- Interferências locais, como jamming e spoofing, são possíveis, mas de difícil implementação em escala global.
O potencial bloqueio do uso de satélites e o desligamento do GPS no Brasil têm gerado debates e preocupações, especialmente após a revogação do visto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgaram que os Estados Unidos poderiam aplicar sanções que afetariam sistemas de navegação, gerando dúvidas sobre a possibilidade real de desligar o GPS no país.
Como funcionam os satélites de navegação e o GPS
Desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA, o sistema de Posicionamento Global (GPS) nasceu com fins militares, durante a corrida espacial contra a União Soviética. Periodicamente, sua tecnologia foi sendo liberada para usos civis, principalmente na aviação, transporte e outros setores. Atualmente, o sistema conta com 31 satélites distribuídos por seis planos orbitais que cobrem todo o planeta, garantindo que pelo menos quatro estejam sempre visíveis ao receptor.
Esses satélites transmitem sinais de rádio com a localização e o horário exato, baseado em relógios atômicos. Quando o receptor capta essas transmissões, compara o tempo de chegada com o horário de emissão, calculando a distância de cada satélite. Com informações de quatro satélites diferentes, o dispositivo consegue triangular sua posição com alta precisão. Se captar sinais de apenas um ou dois satélites, a estimativa fica prejudicada, pois a localização não será tão confiável.
No momento, o GPS utilizado pelo público em geral é a versão SPS (Serviço de Posicionamento Padrão), enquanto forças militares dispõem de uma versão mais precisa, chamada PPS (Serviço de Posicionamento Preciso). Os sistemas alternativos, como o GLONASS (Rússia), Galileo (UE), BeiDou (China), NavIC (Índia) e QZSS (Japão), também oferecem grande cobertura global e ajudam a reduzir a dependência do sistema americano.
É possível desligar o GPS no Brasil?
Segundo especialistas ouvidos pela BBC, tecnicamente, é possível restringir o sinal do GPS em um país, mas essa ação teria impactos muito maiores do que apenas no Brasil. Como detalhado pelo presidente da Teleco, Eduardo Tude, bloquear o sinal de GPS de forma eficaz exigiria uma mudança na transmissão do sistema, o que, na prática, é inviável a curto prazo. Afinal, para fazer isso, seria necessário uma intervenção em escala global, afetando várias nações e suas operações.
Outra possibilidade, mais viável, seria causar interferências locais, conhecidas como jamming, que bloqueiam o sinal emitido pelos satélites com ondas de rádio. Já houve casos de uso desse método em áreas de conflito ou interesse estratégico, como na guerra entre Rússia e Ucrânia. A Rússia, por exemplo, empregou o jamming para se defender de ataques com drones e mísseis guiados, além de interromper sistemas de navegação que impactaram milhares de voos civis.
Além do jamming, existe o spoofing, que envia sinais falsos ao receptor, confundindo sua localização e gerando erros na navegação. Técnicas assim podem prejudicar a precisão dos sistemas, mas também são consideradas formas de sabotagem, como apontado pelo especialista Tude. Ainda assim, a possibilidade de um país como os EUA desligar completamente o GPS de outro, como o Brasil, é considerada pouco prática e de difícil implementação.
O que acontece se o GPS for bloqueado?
Se, por um acaso, os EUA decidissem restringir o sinal do GPS no Brasil, setores essenciais como aviação, transporte marítimo, telecomunicações, logística e financeiro poderiam ser impactados, mas o país não ficaria totalmente no escuro. Os dispositivos modernos, incluindo celulares e veículos, contam com múltiplas constelações de satélites, como GLONASS, Galileo, BeiDou, NavIC e QZSS, além do GPS.
Diversos aparelhos já vêm compatíveis com essas alternativas, o que ajuda a manter a navegação mesmo na ausência do sistema americano. Como apontou a tecnóloga Ana Apleiade, essa diversidade de sistemas reduz bastante a dependência do GPS, que deixou de ser o único recurso disponível. Assim, a viabilidade de um desligamento completo do sinal é bastante remota, mas a interferência local é uma possibilidade concreta.
Para quem deseja saber mais, há opções de GPS portátil indicado para trilhas ao ar livre, que utilizam diversas constelações de satélites para garantir precisão na navegação.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.