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- Donald Trump propôs uma tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros para proteger Hollywood.
- A medida pode aumentar os preços para os consumidores e gerar retaliações de outros países.
- O impacto econômico pode afetar setores de serviços, essenciais para os EUA.
- A União Europeia pode retaliar com medidas como a “grande bazuca”, ampliando o conflito.
As tarifas sobre filmes sempre geram discussões acaloradas, especialmente quando se trata de produções estrangeiras. Em um cenário globalizado, onde carros, alimentos e diversos outros produtos já estão sujeitos a taxações, a ideia de taxar filmes feitos no exterior ganha destaque. Afinal, qual o impacto dessas medidas e como elas afetam a indústria cinematográfica e os consumidores? Vamos explorar essa questão.
A Proposta de Trump e suas Implicações
Em 4 de maio, o então presidente Donald Trump propôs uma tarifa de 100% sobre filmes feitos no exterior, alegando que essa medida seria necessária para evitar que Hollywood entrasse em declínio. No entanto, a forma como o governo implementaria essa tarifa não ficou clara. Além disso, não era evidente se essa taxação realmente fortaleceria a produção cinematográfica na Califórnia ou se teria apoio dos consumidores.
Como espectador, você estaria disposto a pagar mais para assistir a filmes estrangeiros? Essa questão tornou a ideia impopular, com a indústria e os sindicatos de Hollywood preferindo isenções fiscais às tarifas. Mas há um problema ainda maior: filmes são serviços, e os Estados Unidos se destacam nessa área.
Empresas de tecnologia como Alphabet (Google), Meta (Facebook), Microsoft e Netflix são, em grande parte, empresas de serviços. Apple, Amazon, Nvidia e até a Tesla também possuem componentes de serviços significativos. Bancos, empresas de gestão de ativos, escritórios de advocacia, universidades, saúde, entretenimento e turismo são outros setores onde os EUA se destacam.
Se o governo começasse a taxar serviços internacionais comprados nos EUA, outros países poderiam retaliar. Isso atingiria o núcleo da economia americana e do mercado de ações. A União Europeia, por exemplo, possui um “instrumento anticorrupção” chamado informalmente de “grande bazuca”.
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A “Grande Bazuca” da União Europeia
A “grande bazuca” é uma formulação legal que permite à Europa responder a pressões econômicas, taxando ou cortando o acesso a plataformas de mídia social e outros serviços de computação avançados. Além disso, pode restringir direitos de propriedade intelectual e facilitar ações contra bens importados e investimentos estrangeiros.
Essa ferramenta tem sido mantida como último recurso, devido ao risco de retaliações adicionais e à possível privação de serviços essenciais para os europeus. Curiosamente, a “grande bazuca” surgiu de uma disputa entre a UE e a China, mas poderia ser direcionada aos Estados Unidos, um alvo tentador.
Isso ocorre porque as indústrias de serviços, e não a manufatura, dominam as economias avançadas, e os EUA são líderes mundiais nesse aspecto. Quase 80% da economia doméstica dos EUA é dedicada a serviços. Na China, os serviços representam pouco mais de 50% da economia, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Os Estados Unidos também exportam muitos de seus serviços, mantendo um superávit comercial nessa área. O déficit comercial dos EUA em bens é uma preocupação constante, embora muitos economistas se preocupem mais com as tarifas sobre filmes propostas.
A Importância Crescente dos Serviços
Serviços, incluindo inteligência artificial, são vistos como áreas de crescimento crucial, tornando-se partes dominantes de negócios que antes eram focados na manufatura. Jornais, por exemplo, evoluíram de produtos físicos para negócios de informação digital. Sistemas de classificação de negócios também se adaptaram a essas transformações.
A S&P Global Indices e a MSCI, serviços de informações financeiras que classificam empresas de capital aberto, afirmam que a linha entre bens e serviços está cada vez mais tênue. “Reconhecemos que o surgimento da era dos serviços e a disponibilidade de comunicações globais mudaram o foco do mercado de produtores para consumidores”, disseram.
O Escritório de Análise Econômica dos EUA utiliza pesquisas para determinar a proporção de serviços e produção de bens em um negócio. “A intenção é capturar todo o universo de serviços e contabilizá-los”, afirmou Thomas Dail, porta-voz do escritório.
As tarifas de Trump sobre bens já causaram instabilidade global. A imposição de tarifas sobre serviços poderia levar o mundo a uma nova fase de conflito econômico. Em serviços, assim como em bens, Trump estaria revertendo décadas de história, já que a liberalização do comércio em serviços foi um objetivo da Rodada do Uruguai, uma série de negociações internacionais nas décadas de 1980 e 1990.
O Futuro das Tarifas e o Impacto no Mercado
Essas negociações levaram a um acordo global sobre comércio livre, incorporado nas regras da Organização Mundial do Comércio, embora nem sempre seguido pelo presidente dos EUA. Restringir o comércio em serviços é o oposto do que a maioria dos economistas e negociadores comerciais desejam.
Ainda assim, há poucas evidências de que Trump pretendia abrir uma segunda frente nas guerras comerciais, afirmando que queria apenas ajudar Hollywood. Seus conselheiros, incluindo o ator Jon Voight, têm se concentrado em cortes de impostos e subsídios como ferramentas preferenciais, e não em tarifas.
Com sorte, a ideia de impor tarifas sobre filmes será esquecida em meio a novas iniciativas comerciais. Caso contrário, a Europa poderia ser tentada a usar a “grande bazuca” contra empresas de serviços dos EUA. O mercado de ações tem se mostrado resiliente, mas imagine o que aconteceria se as grandes empresas de tecnologia dos EUA estivessem ameaçadas.
Se o mundo tiver sorte, a ideia de impor tarifas sobre filmes será esquecida no fluxo de novas, suspensas e canceladas iniciativas comerciais que estão sendo anunciadas toda semana. Caso contrário, pode não ser apenas a Europa que poderia ser tentada a usar uma grande bazuca contra empresas de serviços dos EUA. O mercado de ações tem sido notavelmente resiliente este ano. Mas imagine o que aconteceria se as grandes empresas de tecnologia dos EUA estivessem ameaçadas. Isso poderia ser um filme de desastre que o mundo não precisa.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via InfoMoney