Qual foi o destino do Flash, software que marcou jogos e sites nos anos 2000?

Descubra por que o Flash, popular nos sites e jogos dos anos 2000, perdeu espaço e chegou ao fim.
Publicado dia 27/09/2025
Qual foi o destino do Flash, software que marcou jogos e sites nos anos 2000?
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • O fim do Flash marcou o encerramento de uma era de jogos, animações e sites interativos nas décadas de 1990 e 2000.
    • Você pode entender a trajetória dessa tecnologia que moldou a internet antes de ser substituída por plataformas mais modernas.
    • O fim do suporte ao Flash impactou a preservação de jogos e animações, exigindo adaptação de desenvolvedores e usuários.
    • Projetos de preservação como Flashpoint ajudam a manter viva a memória digital dessa tecnologia.
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O Fim do Flash marcou o encerramento de uma era digital, mas muitos ainda se perguntam por que essa tecnologia popular perdeu seu reinado. Ele foi fundamental na criação de jogos, animações e sites interativos nas décadas de 1990 e 2000. Essa ferramenta moldou o visual da internet por anos, até se tornar obsoleta. Entenda a trajetória e o fim dessa tecnologia nostálgica.

Houve um tempo em que o Flash era um gigante da internet. Como software ou como um plugin para navegadores, essa ferramenta e seu formato de arquivo permitiam criar e reproduzir desenhos, jogos e até programas inteiros usando gráficos vetoriais. Era tão presente que muitas vagas de emprego nas décadas de 1990 e 2000 pediam “habilidades em Flash” para designers e programadores.

Essa tecnologia realmente ditou o visual e o funcionamento de vários serviços digitais por muitos anos. Além disso, ela oferecia uma forma bem acessível de produzir e exibir animações. Com o passar do tempo, entretanto, a plataforma foi vista como obsoleta e recebeu várias críticas de nomes importantes da indústria, sendo Steve Jobs um dos mais notórios.

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Mas o que exatamente aconteceu com o Flash? Por que ele perdeu tanto espaço com a chegada e a popularização dos dispositivos móveis? Vamos relembrar a história completa dessa tecnologia que deixou saudades em muita gente.

A Origem do Flash

O Flash nasceu como software em 1993, nos Estados Unidos, com a fundação da empresa FutureWave. O primeiro produto da companhia foi o SmartSketch, um editor de desenhos vetoriais. Ele tinha o objetivo de tornar as criações gráficas mais simples e acessíveis, funcionando bem até mesmo em mesas digitalizadoras.

Com a internet comercial começando a se espalhar, a FutureWave lançou um segundo software em 1996, voltado para animações que podiam rodar online. Este era o FutureSplash, dividido em dois programas principais para facilitar o trabalho dos criadores.

O primeiro era o FutureSplash Animator, que funcionava como o editor propriamente dito, onde os artistas faziam suas criações. O segundo era o reprodutor dessas animações, que podia ser um programa independente ou um plugin incorporado aos navegadores da época, garantindo que o conteúdo fosse exibido facilmente.

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O programa de animação na primeira versão. (Imagem: Reprodução/WebDesignMuseum)

Naquela época, a maioria dos sites ainda era bem básica visualmente. Por isso, alguns portais rapidamente ganharam destaque por serem os primeiros a usar essa nova e animada forma de interação digital. Essa visibilidade toda fez com que a empresa Macromedia adquirisse a FutureWave no final daquele ano.

Após a aquisição, o nome do produto foi encurtado para apenas Flash, consolidando sua marca e preparando-o para uma expansão ainda maior no cenário digital. A compra pela Macromedia foi um passo crucial para o futuro da tecnologia.

Expansão e Domínio na Web

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A combinação da ferramenta de criação de animações com o reprodutor continuou, agora sob o nome de Macromedia Flash Player. Os sites feitos em Flash se destacavam por ter menus animados e recursos de interatividade, como botões que reagiam ao toque do mouse. Novas versões do player permitiram experiências cada vez mais arrojadas.

Com as atualizações, o Flash passou a suportar movimentações mais dinâmicas e até a inclusão de som. Dependendo da sua conexão, que provavelmente ainda era discada para muitos, o site levava um tempo extra para carregar. No entanto, para muitos usuários, o resultado visual e interativo compensava a espera.

O final dos anos 90 foi a verdadeira era de ouro do Flash. Ele era amplamente utilizado em páginas da web, games e animações curtas. A popularidade era tanta que quase 80% dos usuários já tinham o plugin habilitado por padrão em seus navegadores, sem sequer precisar fazer um download manual para começar a usufruir do conteúdo.

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Crimson Room era um dos games clássicos em Flash. (Imagem: Reprodução/YouTube)

A lista de criações clássicas em Flash é bastante extensa e inclui vários sucessos que marcaram uma geração. Entre os nomes mais conhecidos estão:

  • O jogo de movimentação onde se desenha a pista, conhecido como Line Rider;
  • O game de exploração e investigação point and click, Crimson Room;
  • O auge de subgêneros como tower defenses, jogos de controle de motos ou bicicleta com uma Física realista e a divertida categoria de vestir bonecas com roupas variadas; além de outros jogos;
  • Animações que se tornaram virais, como o peculiar Happy Tree Friends, o clássico brasileiro ‘Avaiana de Pau’, a história do mamute e as lutas dos bonequinhos de palito de Xiao Xiao;
  • Sites populares que reuniam uma vasta coleção de jogos em Flash, como Newgrounds, Armor Games, Miniclip, Kongregate e o conhecido ClickJogos;
  • Páginas interativas completas de grandes marcas e produções, como o site do Cartoon Network e o da Turma da Mônica, que ofereciam uma experiência visual rica.

A Adobe Entra em Cena (e as Críticas Também)

O ano de 2005 foi um marco crucial para o Flash. Para começar, a Macromedia, sua então proprietária, foi adquirida pela gigante Adobe. Isso significou que a Adobe se tornou a dona do Flash, do Dreamweaver e de várias outras ferramentas importantes da época. A chegada da Adobe trouxe uma nova fase para a tecnologia.

Além disso, em 2005, o YouTube foi lançado com o reprodutor em Flash, rapidamente se tornando um fenômeno global. A plataforma permitia que qualquer pessoa postasse vídeos e os visualizasse de forma rápida, sem a necessidade de fazer download do conteúdo, o que era uma novidade para muitos.

A influência da Adobe logo se fez sentir em atualizações como o Flash 8, que trouxe novidades gráficas significativas. Estas incluíam filtros e efeitos visuais que lembravam os recursos avançados do Photoshop, elevando a qualidade das animações. As versões do programa de criação também foram migradas para a Creative Suite, o pacote de assinaturas da empresa que, mais tarde, evoluiria para a Creative Cloud.

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Sites que reúnem jogos curtos e simples existem até hoje. (Imagem: Reprodução/ClickJogos)

No entanto, a situação começou a mudar por volta de 2007. Com o lançamento do primeiro iPhone e a crescente popularidade de celulares focados na reprodução de vídeos online, o YouTube lançou uma versão alternativa de seu site. Essa nova versão utilizava HTML5 e o codec H.264, sendo elogiada por sua economia de energia e agilidade no carregamento.

Este foi o primeiro grande momento em que o Flash começou a ser discutido de forma mais crítica. Apesar de os sites em Flash serem visualmente atraentes, eles eram notavelmente pesados, o que causava lentidão. Além disso, a plataforma era insegura e pedia atualizações frequentes para fechar vulnerabilidades, um ponto fraco que se tornaria cada vez mais relevante.

O Começo do Fim do Flash

Em 2008, a própria Adobe, dona do Flash, lançou o Adobe AIR, um motor alternativo ao Flash Player. Ele poderia ser usado em dispositivos móveis ou PCs, um sinal claro de que a moral dessa ferramenta estava em declínio. As empresas já buscavam outras soluções para o futuro.

No dia 29 de abril de 2010, o então CEO da Apple, Steve Jobs, publicou uma carta famosa intitulada “Thoughts on Flash” (Pensamentos sobre o Flash). Nela, ele explicava detalhadamente por que o iOS, o sistema operacional dos dispositivos da Apple, não daria suporte ao formato. Os argumentos eram fortes e se baseavam em questões como peso dos dados, lentidão, alto consumo de bateria e insegurança da plataforma.

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Um dos maiores críticos do Flash. (Imagem: GettyImages)

Para Jobs, o Flash era uma tecnologia projetada para a era dos PCs e do mouse. Ele acreditava que a ferramenta simplesmente não fazia sentido em telas pequenas e sensíveis ao toque dos novos dispositivos móveis. A visão de Jobs impulsionou uma mudança significativa na indústria.

O primeiro iPad foi lançado sem suporte ao Flash e, após um impacto inicial, a indústria percebeu que era perfeitamente possível operar sem a plataforma. Em 2011, a própria Adobe anunciou o fim do desenvolvimento do Flash para navegadores móveis, concedendo a vitória ao HTML5. Outras tecnologias, como WebGL, WebAssembly e até o Microsoft Silverlight, também surgiam como alternativas.

O Fim do Suporte ao Flash

Em julho de 2017, a Adobe, a empresa que o controlava, finalmente decretou o fim do suporte oficial e da distribuição do Flash. A data limite foi estabelecida para 31 de dezembro de 2020, dando tempo suficiente para que conteúdos e desenvolvedores pudessem se adaptar à nova realidade e migrar para outras tecnologias.

Durante esse período de transição, os navegadores de internet começaram a eliminar ou isolar o suporte ao Flash. Hoje em dia, ao acessar uma página que ainda contenha esse tipo de conteúdo, o recurso geralmente aparece desabilitado, acompanhado de um aviso sobre sua incompatibilidade e o fim do suporte.

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O aviso do fim do Flash. (Imagem: Reprodução/Bleeping Computer)

Finalmente, em 31 de dezembro de 2020, o suporte e a distribuição oficial do Flash pela Adobe chegaram ao fim definitivo. Pouco antes disso, o programa que criava o Flash, conhecido como Flash Professional, já havia sido rebatizado para Adobe Animate, indicando a mudança de foco da empresa para padrões mais modernos.

Com o encerramento do suporte, muitos jogos e animações incríveis que dependiam do Flash corriam o risco de se perder para sempre. Contudo, felizmente, projetos de preservação, como o Flashpoint, e a adaptação proativa de desenvolvedores ajudaram a recuperar e guardar vários clássicos. Muitos desses conteúdos foram convertidos para padrões tecnológicos que ainda são amplamente suportados.

Apesar das críticas e dos motivos técnicos que levaram ao seu fim, o Flash certamente guarda boas lembranças para várias gerações que vivenciaram sua época de domínio na internet. A tecnologia era, de fato, muito acessível para criações, permitia animações mais robustas, conseguiu uma adoção massiva por parte de empresas e inspirou muitos criadores independentes a tirar seus projetos do papel.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.