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- Symbian foi um sistema operacional líder no mercado de celulares antes do Android e iOS.
- Você pode entender como mudanças tecnológicas afetam o uso e a evolução dos dispositivos móveis que você conhece.
- O fim do Symbian influenciou a consolidação de novos sistemas operacionais no mercado global.
- A descontinuação do suporte limita o uso dos aparelhos antigos que ainda rodam o sistema.
O mercado de dispositivos móveis é dominado pelo Android, usado por várias marcas, e pelo iOS, exclusivo da Apple. Existem poucas alternativas, como o HarmonyOS da Huawei, que buscam espaço. Contudo, em uma época anterior, na transição para os smartphones, havia um sistema operacional que se destacava: o Symbian, um nome que muitos podem não lembrar hoje.
Ele marcou a indústria e quase mudou o rumo do setor. Mas, afinal, o que o tornou tão relevante e por que ele praticamente desapareceu? Vamos explorar a história deste pioneiro.
A Origem do Symbian
O Symbian começou como um sistema operacional feito para dispositivos chamados assistentes pessoais digitais (PDAs). Eles eram como agendas eletrônicas compactas, que combinavam funções de agenda e alguns recursos de computador, cabendo facilmente no bolso. Os modelos da Palm eram bastante conhecidos.
Essa história começa com o empresário britânico David Potter e sua empresa Psion. No início, a Psion criava jogos e, depois, passou a fabricar seus próprios PDAs. Em 1989, a empresa lançou o EPOC, seu sistema operacional para esses aparelhos, que recebeu várias atualizações ao longo dos anos seguintes.
Em 1998, a Psion, já com certa reputação no setor, mudou de nome para Symbian. A plataforma, então, foi adaptada para rodar em telefones. Neste momento, a empresa se tornou uma iniciativa conjunta, com investimentos de grandes fabricantes de celulares como Nokia, Siemens, Ericsson e Motorola.
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A Symbian não produzia eletrônicos; ela era responsável pelo desenvolvimento da versão base do sistema operacional. Sua função era licenciar essa tecnologia para as marcas de celulares que tivessem interesse em utilizá-la em seus produtos. A interface de aplicações (API) do Symbian era desenvolvida a partir de uma variação personalizada da linguagem de programação C++.
Essa característica ajudou na sua popularização inicial, graças à simplicidade. No entanto, mais tarde, trouxe complicações, como a fragmentação de versões e uma curva de aprendizado maior para novos desenvolvedores. O mercado de dispositivos móveis estava em constante mudança, e as empresas buscavam inovações.
Um dos celulares notáveis dessa fase foi o Ericsson R380. Ele é reconhecido por ser um dos primeiros modelos a usar o termo “smartphone” em suas campanhas de marketing. Outro aparelho importante do início da jornada do Symbian foi o Nokia 9210 Communicator, um dispositivo com design de flip horizontal, pensado principalmente para o uso corporativo.
Ascensão e Declínio no Mercado
O Symbian se tornou um sistema operacional de destaque na transição dos celulares mais simples para modelos com mais funções e uma interface visual elaborada. No entanto, sua grande fraqueza era que cada marca criava a sua própria variação do sistema, gerando uma grande fragmentação.
Essas “plataformas” eram versões customizadas do Symbian. Mesmo compartilhando uma base comum, elas tinham seus próprios kits de desenvolvimento. Isso significava que aplicativos feitos para uma variante nem sempre funcionavam em aparelhos de outras marcas. Essa falta de padronização se tornaria um problema no futuro.
Empresas como a Nokia, com suas versões S60, e a dupla Sony Ericsson e Motorola, com a variante UIQ, investiram bastante no sistema. O cenário de mercado era promissor:
- Cerca de 450 milhões de dispositivos móveis com Symbian foram vendidos na década de 2000, liderando o período.
- Houve um crescimento rápido: 500 mil aparelhos com Symbian foram vendidos em 2001, e esse número subiu para 2,1 milhões no ano seguinte.
- Em 2006, o Symbian contava com 300 fabricantes de eletrônicos em seu programa de parcerias e licenciamento.
- Antes da chegada do Android e iOS, em 2007, o Symbian estava presente em quase 70% dos celulares inteligentes do mercado.
- Naquela época, os concorrentes eram Windows CE (12%), BlackBerry (10%), sistemas baseados em Linux (10%) e o recém-lançado iPhone (3%).
- A Nokia era responsável por cerca de metade das vendas globais de aparelhos com Symbian. Em 2010, a empresa ainda detinha mais de 35% da fatia global de consumidores.
- Em 2012, o Symbian atingiu seu ponto mais baixo, representando apenas 4,4% dos novos aparelhos vendidos no mundo.
A plataforma base do Symbian continuou recebendo atualizações e apareceu em outros aparelhos populares do início dos anos 2000. O Nokia N95 é um dos grandes sucessos da empresa, sendo um smartphone importante com recursos como câmera de 5 megapixels e teclado numérico.
No entanto, o mercado começou a mudar rapidamente a partir de 2007, com o lançamento do primeiro iPhone. Em 2008, a chegada dos primeiros aparelhos com Android consolidou essa mudança. Para agravar a situação, o próprio Symbian enfrentava problemas como a fragmentação, além de bugs frequentes e falhas de segurança que afetavam os usuários.
Em uma tentativa de reestruturar o sistema, a Nokia adquiriu a participação de outras marcas em dezembro de 2008 e criou a Symbian Foundation. O sistema se tornou uma plataforma aberta, com a versão S60 sendo adotada como padrão. Apesar disso, cada vez menos marcas escolhiam o Symbian para seus novos lançamentos.
O que aconteceu com o Symbian
Mesmo com a diminuição de usuários e parceiros, a Nokia persistiu com o Symbian por mais alguns anos. A atualização Symbian^1, de 2009, foi a primeira a ser pensada para telas sensíveis ao toque, demonstrando uma tentativa de adaptação. Um ano depois, o Symbian^3 chegou, sendo a primeira versão gratuita do sistema e recebendo grandes atualizações chamadas Anna e Belle, ambas em 2011. Para quem busca atualizações antecipadas de sistemas, esse período de transição mostrava a dificuldade de manter um sistema relevante.
Nesse ponto, o encerramento do Symbian parecia inevitável. A Nokia desfez o modelo aberto e o transformou novamente em um sistema proprietário. Em 2011, Stephen Elop, o novo CEO da Nokia, anunciou um acordo com a Microsoft. Esse acordo estabeleceu o Windows Phone como a prioridade para os smartphones da empresa.
Com o desenvolvimento já terceirizado, o último aparelho lançado de fábrica com Symbian foi o Nokia 808 PureView. Apresentado na MWC 2012, ele se destacava pelos recursos de câmera avançados. Em junho de 2013, a Nokia encerrou oficialmente a venda de aparelhos com Symbian. No final do mesmo ano, todo o suporte de manutenção e desenvolvimento de software também foi descontinuado.
Apesar do fim oficial, uma pequena parte dos usuários que ainda possuem aparelhos antigos continua usando o Symbian. Contudo, a funcionalidade desses dispositivos é cada vez mais limitada, pois poucos aplicativos ainda funcionam. Além disso, as redes móveis 2G e 3G, que muitos desses aparelhos utilizavam, estão em processo de desligamento em diversas partes do mundo.
É possível desbloquear esses aparelhos e instalar aplicativos de fontes não oficiais. No entanto, isso exige conhecimento técnico mais avançado, e as informações para esses métodos são escassas, encontradas principalmente em fóruns especializados, como os do Reddit.
Motivos para o Symbian não ter prosperado
O principal motivo apontado para o fim do Symbian foi o seu desenvolvimento ao longo dos anos. Ele foi considerado estagnado e datado, enquanto o mercado e as expectativas dos usuários evoluíam rapidamente. A concorrência também era acirrada, com plataformas como o Windows Phone e outras iniciativas menos bem-sucedidas.
Além disso, era relativamente complexo desenvolver novos aplicativos para o sistema, que também enfrentou bugs e falhas de segurança durante sua existência. O ecossistema, antes da aquisição pela Nokia, era muito fragmentado. Isso dificultava a criação de uma biblioteca consistente de aplicativos e jogos, já que muitos dispositivos rodavam versões e interfaces diferentes. Essa combinação de fatores contribuiu para que o Symbian perdesse seu espaço no mercado.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.