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- O projeto World ID está escaneando a íris de pessoas no Brasil em troca de criptomoedas.
- O objetivo é criar uma identidade digital única e segura para uso em plataformas online.
- Você pode receber recompensas em criptomoedas, mas há riscos de privacidade e segurança envolvidos.
- Especialistas alertam sobre o uso indevido de dados biométricos e a falta de transparência no projeto.
Já se perguntou por que tantas pessoas estavam topando escanear a íris dos olhos? Entre o final de 2024 e o começo de 2025, muita gente no Brasil participou dessa experiência, especialmente em São Paulo, atraídos por uma recompensa. Mas, afinal, qual era o objetivo por trás disso? E será que é seguro entregar seus dados biométricos em troca de criptomoedas?
O projeto, chamado World ID, está ligado à Tools for Humanity, uma empresa que tem como cofundador Sam Altman, o mesmo CEO da OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT. Essa iniciativa gerou debates e agora vamos explicar tudo sobre ela.
Por que o escaneamento da íris virou notícia?
Assim como as digitais, a íris é única em cada pessoa. Localizada entre a córnea e o cristalino, essa parte colorida do olho controla a quantidade de luz que entra, dilatando em ambientes escuros e contraindo em locais claros.
A singularidade da íris está nos seus padrões de cor, textura e linhas, que não mudam ao longo da vida. Por isso, ela se tornou um dado biométrico valioso, ainda mais preciso que o reconhecimento facial. De olho nisso, o projeto World ID quer criar uma identidade digital única, que pode vir a ser um documento de identificação global.
Ao participar do escaneamento da íris dos olhos, a pessoa recebe um código no celular, como um RG virtual. Segundo os criadores, a ideia é provar que você é uma pessoa real, e não um robô, em plataformas digitais, de forma mais segura que o Captcha. Com a íris escaneada, fica mais fácil acessar serviços e realizar procedimentos.
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Como o escaneamento da íris realmente funciona?
Para criar a World ID, que promete substituir senhas em aplicativos e redes sociais, é preciso escanear a íris. O processo usa um aparelho chamado Orb, que fotografa o rosto da pessoa para fazer a autenticação facial.
Essa câmera de alta resolução tira fotos do rosto inteiro, do olho direito e do olho esquerdo. Com essas imagens, o sistema cria um código único para a íris de cada pessoa, que vira sua identidade digital. Para participar, você precisa:
- Baixar o World App, disponível para Android e iOS;
- Instalar e preencher o cadastro;
- Agendar um horário em um dos locais de verificação;
- No dia agendado, comparecer ao local e fazer o escaneamento, posicionando-se em frente ao Orb.
Após o escaneamento, o participante recebe uma quantia em Worldcoins, desde que tenha uma conta em uma corretora de criptomoedas que aceite o token. No Brasil, os postos de coleta biométrica estão concentrados em São Paulo, mas a empresa planeja expandir para outros estados. No momento em que este artigo foi escrito, a coleta estava suspensa por ordem da ANPD.
Quais os perigos de “vender” sua íris?
Por ser um dado de identificação pessoal, a íris é considerada sensível, e todo cuidado é pouco ao compartilhá-la. Especialistas alertam que projetos como o World ID podem trazer riscos à segurança e à privacidade se não forem tomados os devidos cuidados.
Se houver vazamento de dados, a imagem do olho pode ser usada para invadir contas bancárias e aplicar golpes, como alerta o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec). Ao contrário das senhas, dados biométricos não são fáceis de trocar caso sejam utilizados de forma indevida. Além disso, o Idec afirma que o World ID não tem um termo de consentimento claro e não explica detalhadamente como as informações são tratadas, protegidas e armazenadas. Essas preocupações também foram levantadas pela ANPD.
Os responsáveis pela coleta garantem que o projeto não visa criar um banco de dados e não pedem dados pessoais durante a coleta da íris. A única exigência é comprovar que o participante tem mais de 18 anos, apresentando um documento de identidade.
Segundo Rodrigo Tozzi, representante da Tools for Humanity, a World não coloca em risco a privacidade das pessoas. Ele explica que a rede foi criada para proteger a privacidade, permitindo provar a humanidade de forma anônima, sem precisar de informações pessoais como nome, documento, telefone ou e-mail. A empresa não armazena dados pessoais dos usuários.
Tozzi também garante que os códigos de íris gerados são divididos e criptografados, ficando guardados em servidores seguros. Como essas partes não contêm informações sobre a pessoa e não podem ser ligadas a ela, não há riscos mesmo que os sistemas sejam invadidos.
Escaneamento da íris dos olhos: um projeto global com problemas?
A Tools for Humanity está presente em quase 40 países e já escaneou cerca de 10 milhões de íris, principalmente na América do Sul. A empresa fez parcerias com a Razer e o Match Group e começou a coletar dados nos EUA em maio, buscando criar uma identidade digital global anônima.
Nos Estados Unidos, os pontos de atendimento da World ID começaram a operar em cidades como Miami, Los Angeles, San Francisco e Nashville, com o objetivo de instalar 7,5 mil Orbs de nova geração em até 12 meses. No entanto, a empresa enfrenta dificuldades em alguns mercados devido às mesmas preocupações com o tratamento e a privacidade dos dados que levaram à suspensão do serviço no Brasil.
Na Espanha e em Portugal, o projeto foi proibido, enquanto na Coreia do Sul e na Argentina foram aplicadas multas por violações a leis de dados. A iniciativa também está sendo investigada na Alemanha, Quênia, Reino Unido, França e Índia.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Tecmundo