Que fim levou a Trip, companhia aérea que foi destaque regional no Brasil?

Conheça a trajetória e o desfecho da Trip, aérea que marcou o mercado regional brasileiro antes de sua fusão com a Azul.
Publicado dia 18/10/2025
Que fim levou a Trip, companhia aérea que foi destaque regional no Brasil?
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • A Trip, companhia aérea regional criada em 1998, consolidou-se como líder atendendo destinos com pouca concorrência.
    • Entender a história da Trip ajuda a compreender as transformações no setor aéreo brasileiro regional.
    • Essa fusão amplificou a capacidade da Azul e modificou o cenário da aviação nacional, afetando passageiros e mercado.
    • A integração entre Trip e Azul proporcionou maior oferta de voos e melhorou conexões em regiões atendidas pela Trip.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Brasil possui uma rica história na aviação, com empresas que marcaram época, voaram internacionalmente e, com o tempo, deixaram de operar. Grandes nomes como Varig e Vasp são exemplos de companhias que deixaram um legado importante no setor aéreo brasileiro. Além das gigantes, o país também teve empresas regionais que se destacaram, atendendo mercados alternativos e regiões muitas vezes negligenciadas.

Nesse cenário, poucas marcas tiveram uma ascensão tão notável e, ao mesmo tempo, breve quanto a Trip. Ela se tornou uma referência no segmento de aviação regional por mais de uma década. Hoje, a marca faz parte de um dos grandes nomes da indústria nacional. Para quem não a conheceu, ou deseja relembrar, vamos explorar a trajetória da Trip e entender o seu desfecho.

A Trajetória Inicial da Trip Linhas Aéreas

A jornada da companhia aérea Trip começou em 24 de março de 1998, idealizada pelo empresário José Mario Caprioli. Seu grupo já possuía experiência no setor de transporte rodoviário, o que forneceu uma base sólida para a nova empreitada. A empresa foi fundada em Campinas, interior de São Paulo, e iniciou suas operações de voo alguns meses após sua fundação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Campinas, uma cidade estratégica no interior paulista, foi escolhida como sede devido ao seu potencial logístico e à demanda por conexões regionais. A empresa buscava preencher lacunas no transporte aéreo, oferecendo serviços para locais com menor fluxo, mas com grande necessidade de acesso. Essa visão inicial moldou seu caminho no mercado.

O nome Trip, que significa “viagem” ou “passeio” em inglês, também era um acrônimo. Ele representava “Transportes Regionais do Interior Paulista”, reforçando o foco da companhia em sua área de atuação. Desde o início, a estratégia foi clara: atender capitais e cidades de médio porte fora das rotas mais concorridas pelas grandes empresas aéreas.

A Trip priorizava aeroportos que recebiam pouca ou nenhuma atenção de outras companhias, criando um nicho de mercado. Além do grupo Caprioli, a empresa expandiu sua estrutura de capital ao longo do tempo. O Grupo Águia Branca adquiriu 50% de participação em 2006, e a norte-americana SkyWest Airlines comprou 20% em 2008, fortalecendo a companhia financeiramente. Essa abordagem em termos de estratégia e estrutura de mercado foi fundamental para seu crescimento.

Crescimento e Operações da Trip

As primeiras aeronaves da Trip eram modelos EMB-120 da Embraer, projetadas para até 30 passageiros. Essa escolha estava alinhada à sua estratégia de atender demandas regionais, onde aviões menores e mais ágeis eram ideais para aeroportos com infraestrutura mais limitada. A capacidade reduzida permitia otimizar voos para destinos menos densos.

Um dos primeiros sucessos comerciais da Trip foi a rota entre Natal, Fernando de Noronha e Recife, mostrando o potencial de conexões alternativas. Apenas no segundo ano de operação, a companhia começou a atender o estado de São Paulo, expandindo gradualmente sua presença. Aos poucos, a frota foi complementada com aeronaves da francesa ATR, mantendo a parceria com a brasileira Embraer.

A Trip se destacou ao operar em cidades como Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Guarulhos, Cuiabá, Manaus e Brasília. A partir dessas capitais, a empresa oferecia voos para cidades menores, criando uma vasta malha regional. Essa capilaridade era um diferencial no setor de aviação brasileiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Após a crise de 2001, que afetou globalmente o setor aéreo depois dos ataques de 11 de setembro, a Trip conseguiu retomar sua expansão. Essa resiliência permitiu que a companhia continuasse crescendo e consolidando sua posição no mercado. Os anos seguintes foram marcados por importantes acontecimentos para a empresa.

Entre os feitos notáveis da Trip, podemos destacar:

  • Em 2005, a empresa ampliou sua atuação na região Norte do Brasil, firmando uma parceria com a Rico Linhas Aéreas, o que permitiu alcançar mais destinos.
  • A principal movimentação de mercado aconteceu em 2007, com a aquisição da rival Total Linhas Aéreas. Com essa compra, a Trip passou a servir 62 cidades, tornando-se a maior companhia aérea regional da América do Sul. Esse movimento demonstrou a força da concorrência e a capacidade da Trip de se expandir.
  • Nesse período, a Trip também adquiriu suas primeiras aeronaves diretamente da fábrica, dois modelos ATR 72-500, modernizando e expandindo sua frota.
  • Em 2008, a companhia expandiu ainda mais seus voos no Amazonas e no Pará. Além disso, adquiriu jatos Embraer 175, que eram maiores e mais potentes, ampliando as possibilidades de rotas.
  • No ano de 2009, a Trip alcançou a marca de mais de 70 destinos, consolidando sua abrangência nacional.
  • Já em 2010, o Grupo Caprioli vendeu suas empresas de transporte rodoviário, o que permitiu um aumento significativo do capital investido na Trip, focando ainda mais no setor aéreo.
  • Para diversificar os serviços, em 2011 foi criada a Trip Cargo, uma nova marca dedicada ao transporte de cargas, também com foco em cidades do interior, aproveitando a malha aérea existente.

O ano de 2011 também foi importante por outro motivo. A TAM, que estava se preparando para formar o grupo Latam, anunciou sua intenção de comprar uma participação na Trip. As duas companhias já mantinham acordos de voos conjuntos há anos. No entanto, essa negociação não foi adiante, e a Trip seguiu um caminho diferente no mercado, demonstrando a complexidade e as constantes mudanças na indústria da aviação.

O que aconteceu com a Trip

No final de maio de 2012, a Trip anunciou uma fusão estratégica com a Azul Linhas Aéreas, resultando na criação de uma nova holding denominada Azul Trip. Essa união foi vista como uma oportunidade de consolidação do mercado, especialmente porque as duas companhias competiam em várias rotas importantes. José Mário Caprioli, fundador da Trip, assumiu a presidência executiva da nova holding.

Como parte do acordo, a Azul detinha mais de 66% da participação acionária, enquanto a Trip ficou com o restante. A rapidez na integração foi notável. O nome Trip foi prontamente retirado da identidade da nova marca, sendo mantida apenas uma referência visual na logo da Azul. Essa homenagem sutil consistia na alteração do tom de cor em uma das letras da palavra “Azul”, espelhando um elemento do símbolo da Trip.

Contudo, com o tempo e as evoluções no design da marca, até essa referência visual foi descontinuada. A Trip continuou existindo por alguns meses após a fusão, operando sob um acordo de compartilhamento de voos. Isso significava que voos de uma companhia podiam ser vendidos também pela outra, facilitando a transição para os passageiros e otimizando as operações.

Em 2014, a marca Trip havia deixado oficialmente de existir como uma entidade independente dentro do grupo Azul. A fusão das duas companhias resultou em uma operação conjunta de 800 voos diários. Essa movimentação fez com que a Azul alcançasse 15% do mercado de aviação nacional, consolidando-se como uma das três maiores empresas do país, ao lado da então TAM e da Gol. A integração representou uma transformação significativa no cenário da aviação regional.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.