Por que o Humane AI Pin não teve sucesso

Entenda as razões por trás do fracasso do Humane AI Pin em nossa análise.
Atualizado há 2 dias
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O Humane AI Pin prometia ser o futuro da tecnologia vestível, libertando os usuários da necessidade constante de um smartphone. Com um design inovador e a promessa de inteligência artificial integrada, o dispositivo atraiu olhares e investimentos significativos. No entanto, a realidade se mostrou bem diferente, e o projeto não conseguiu decolar. Descubra os motivos que levaram ao fracasso do Humane AI Pin e o que essa história nos ensina sobre inovação e comportamento do consumidor.

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Problemas desde o início

Para entender o que deu errado com o Humane AI Pin, é preciso relembrar a proposta inicial do produto. A ideia era oferecer um computador vestível que substituísse o smartphone, integrando funcionalidades inteligentes em um dispositivo discreto e fácil de usar. Só que o preço elevado, de US$ 699, somado a uma assinatura mensal de US$ 24, criou uma barreira de entrada considerável.

As primeiras análises foram unânimes: o produto simplesmente não funcionava como prometido. Imagine ter a inteligência de um smartphone em um pequeno dispositivo sem tela, mas com um projetor que exibisse informações na palma da sua mão. Para digitar textos, fazer ligações ou calcular gorjetas, bastaria usar o assistente do Humane AI Pin. Metas ambiciosas, que infelizmente não foram alcançadas.

Outro ponto crítico era que a assinatura obrigatória do Humane AI Pin não estava vinculada ao número de telefone existente do usuário. Além disso, não era possível transferir a assinatura ou revender o aparelho para outra pessoa. Ou seja, era preciso acreditar totalmente em um futuro sem telefones para justificar a compra. E, como se viu, poucas pessoas estavam dispostas a apostar nessa visão.

O erro crucial que selou o destino do Humane AI Pin

A resposta para o fracasso do Humane AI Pin é bastante clara, e já era prevista há algum tempo. A experiência de quase 20 anos no setor de tecnologia mostrou que, apesar de parecer interessante, o dispositivo tentou mudar um hábito profundamente enraizado: o uso da tela do celular.

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A empresa esperava vender 100 mil unidades no primeiro ano, mas atingiu apenas 10% dessa meta. Boa parte dessas vendas provavelmente foi para analistas e jornalistas que queriam entender o burburinho. As primeiras avaliações, no entanto, já indicavam que o produto não tinha futuro.

Poucas semanas depois do lançamento do Humane AI Pin, o Rabbit R1, outro dispositivo de IA independente, chegou ao mercado por apenas US$ 199. Não surpreende, portanto, que o projeto tenha sido abandonado. O que causa espanto é a demora para tomarem essa decisão. O Rabbit R1 também não é a solução ideal, como apontado em diversas análises, mas ele funciona mais como um complemento do que como um substituto do celular. Esse foi o erro fundamental da Humane.

O apelo inicial do Humane AI Pin

O que tornava o Humane AI Pin interessante era a solução que ele propunha para um problema real: a inconveniência de pegar o celular a todo momento para fazer cálculos, anotar algo ou buscar direções. Com telas cada vez maiores e que consomem muita bateria, essa questão se torna ainda mais relevante.

O Humane AI Pin, contudo, não era a resposta. Em vez de seguir o caminho da Rabbit e criar um dispositivo complementar ao telefone — o que provavelmente limitaria a captação de investimentos —, a empresa decidiu que ninguém precisava mais de celulares. O problema, no entanto, continua existindo.

A solução mais viável parece ser a integração de funcionalidades de IA mais úteis nos próprios smartphones, por empresas como Google, Samsung e Apple. Já estamos vendo avanços nesse sentido com o Google Gemini, a Galaxy AI e a Apple Intelligence, mas ainda há um longo caminho a percorrer para atender às necessidades que um produto como o Humane AI Pin se propunha a resolver.

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Herança da Apple, mas sem a mesma magia

A Humane foi fundada por dois ex-engenheiros da Apple, Imarin Chaudri e Bethany Bongiorno, profissionais de destaque no mundo da tecnologia. Essa reputação ajudou a empresa a levantar US$ 230 milhões em investimentos de grandes nomes do setor, mas não foi suficiente para promover uma mudança revolucionária no mercado.

A Apple é conhecida por transformar o comportamento dos consumidores com produtos como o iPod, o iPhone e o Apple Watch, que inspiraram ou revolucionaram indústrias inteiras. Esse sucesso, no entanto, não se deve apenas aos produtos em si, mas também a um marketing preciso e focado em despertar o desejo nos consumidores.

Bethany Bongiorno e outros executivos da Humane sempre defenderam as vantagens do Humane AI Pin, e a empresa certamente recebeu feedback positivo de alguns usuários. No entanto, a quantidade de críticas negativas foi muito maior.

Como Bethany comentou em uma publicação no X, antigo Twitter, a empresa tinha um objetivo ambicioso (e quase impossível), que se tornou ainda mais difícil com a popularização da IA nos smartphones, liderada pelas próprias fabricantes de celulares.

A batalha desigual contra os gigantes da tecnologia

Todo empreendedor ficaria feliz em levantar US$ 230 milhões nas primeiras rodadas de investimento. Mas será que esse valor é suficiente para competir com empresas como Apple, Google e Samsung no mercado mais disputado do mundo? A resposta é quase sempre não.

O Humane AI Pin tentou enfrentar os maiores players do mercado com um orçamento muito inferior, e o resultado não poderia ser outro. A Humane lançou diversas funcionalidades novas ao longo do último ano, mas em um ritmo mais lento do que os próprios celulares que ela tentava substituir.

A empresa quis transformar o mundo logo no seu primeiro produto, mas não teve a visão de se adaptar ao mercado primeiro. Talvez, se tivesse adotado essa estratégia, a Humane teria percebido que a demanda pelo produto era menor do que o esperado. Quem sabe, as coisas seriam diferentes hoje. Agora, seus ativos pertencem à HP. Será que a Humane vai se tornar a nova Palm?

Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Segunda: Via Digital Trends

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.